2019 foi um ano excelente que provavelmente atendeu aos jogadores mais exigentes com pelo menos um grande título lançado, tivemos bons euros, bons ameritrashers, bons abstratos e excelentes relançamentos.
Fazer um ranking é algo extremamente difícil, ainda mais num universo tão abrangente, mesmo quando reduzimos a amostragem a um período limitado, mas como toda subjetividade e individualidade que esse exercício possa ter segue a lista de jogos LANÇADOS OFICIALMENTE em 2019 que pude jogar e que mais gostei.
Mas antes uma lista bem importante, dos jogos que não consegui jogar nesse ano de 2019 e que tinha uma expectativa que figurassem nesse top 10 e são eles:
City of Big Shoulders - Top 3 das minhas expectativas desse ano, por conta de um atraso sem precedentes do bundle (La Stanza, CoBS e Terramara) que fechei no pledge do La Stanza, fiquei sem jogar CoBS, ainda surgiu uma oportunidade para jogar a versão Print and Play, mas prefiro ter a experiência completa, com a produção final e acabei deixando para 2020 mesmo.
Maracaibo - Esse eu achei que seria fácil jogar e foi ficando pra depois, ficou tão pra depois que o ano acabou.
Pax Transhumanity - Chegou aos 47 do segundo tempo lá em casa e infelizmente jogar Phil Eklund e Sierra Madre não é tarefa simples
Flotilla - Apesar de não ter a menor idéia se figuraria ou não nessa lista, Flotilla foi meu hype top 1 de Essen que também chegou atrasado pra ser jogado em 2019
Tainted Grail - Mais um atraso de KS que tirou esse jogo de listas de fim de ano, quem sabe outro ranking (caso seja bom, ou ruim rs)
Posto isso, segue a lista do que mais curti lançado em 2019 os critérios são variados, desde quantidade de vezes que foram pra mesa até satisfação de jogá-los.
10 - Joan of Arc
Apesar de ter jogado menos do que gostaria, Joan of Arc foi o grande Ameritrash do ano para mim. Não só pela quantidade cavalar de conteúdo mas também pelo excelente funcionamento de suas mecânicas em um jogo Skirmish, além da variedade de cenários divididos em históricos e fantasiosos. A produção então nem se fala, para quem gosta de miniaturas foi o prato mais cheio que se pode ter em 2019. Joan of Arc vem com seus problemas, principalmente no balanceamento de alguns cenários (em constante update pelo suporte da Mythic Games) e como todo Ameritrash, no tempo exagerado de seu setup. Mas os fatores de imersão e diversão do jogo são altíssimos e como experiência lúdica merecia tomar o lugar de algum outro grande jogo dessa lista. Além de tudo, tem a miniatura do dragão, que da vontade de colocar em qualquer outro jogo rs..

9 - Yin Yang
Yin Yang é praticamente um intruso nessa lista, pois não esteve em nenhum radar e nem sequer soube que ele existia até se tornar um queridinho do pessoal da HeavyCard Board e ter a ajuda do LPP pra conseguir uma cópia de Essen. O jogo é muito simples e bem descolado de tema, mas tem um gameplay bem fluido e com um planejamento de ações (uma das minhas mecânicas favoritas) muito gostoso de jogar. Suas ações são planejadas com o resultado de 6 moedas lançadas ao início do turno. Primeiramente arrumando-as em duas colunas de 3 e executando as ações que essas combinções permitem, e depois organizando-as em pares, num processo de planejamento que aumenta gradativamente a cada turno, tornando o exercício mais longo e prazeroso (quando dá certo) no final da partida. Fora isso um sistema de pontuação que é construído como resultado da execução de seus planejamentos.
Em resumo: para quem curte um exercício de turnos planejados tendo ainda que lidar com uma dose certa de randomicidade (que os resultados das moedas traz), Yin Yang é um jogo gostosíssimo de jogar
8 - Coloma
Coloma é uma saladinha de mecânicas com uma produção incrível que funcionou muito bem. Desde o Rondel que promove uma alocação de trabalhadores com interação e até um possivel table talk, até o tableu/engine building das cartas de construções e influência/controle de área no mapa das carruagens ou duelo de pistolas, é um daqueles bons exemplos que não traz nada de novo, mas que organiza de um jeito mecânicas já conhecidas e promovendo uma experiência bem legal.
7 - Bus
Tentei muito não colocar esse jogo na lista, e tinha outros títulos que FACILMENTE entrariam nessa lista no seu lugar, Black Angel (esse aliás só não entrou porque só joguei uma vez e não consegui mais oportunidade de destrinchá-lo), Marco Polo 2, Die Tavernen, Watergate, etc... Isso porque Bus é um relançamento de um jogo de 1999, conhecido para muitos como o primeiro jogo a utilizar a mecânica de workerplacement, mas que disputa esse título com Keydom. Porém, como Brass figurou várias listas ano passado, cedi a essa liberdade poética.
Bus é um jogo feito pela Splotter que recebeu uma repaginada esse ano em uma edição comemorativa da Capstone Games. Um pickup and delievery com construção de rotas e um sistema de alocação de trabalhadores que lembra demais o de Dominant Species, mas com algumas particularidades. Como de costume, jogos da Splotter nunca deixam a desejar, e Bus só não está rankeado no topo dessa lista pela incoerencia de já ter seus 20 anos.
6 - It's a Wonderful World
Esse chegou no final do ano e se tornou o jogo mais jogado de 2019. Em comparação com os outros da lista, IWW é praticamente um filler, um engine building de geração de recursos (ou cubos) absurdamente rápido que dá seu pulo do gato na sequência que constrói no seu gameplay, tanto ao colocar ordem definida na geração de recursos, quanto no fato de deixar aberta a fase de construção durante a fase de produção dos mesmos, que gera desencadeamentos de combos extremamente satisfatórios pra quem tem a capacidade de planejar o timing correto desde o draft de cartas até a decisão do que se comprometer e o que descartar. Um jogo simples, quase abstrato (se salva um pouco no seu modo legacy, mas nada que efetivamente cole um tema ao jogo) e extremamente viciante e dinâmico. O Aspecto modular que pode ser enriquecido com campanhas pareceu ser um conceito funcional, vejamos se vai adiante com novos conteúdos.
5 - Escape Plan
Vital Lacerda sempre terá uma atenção especial, até quando ele resolve lançar um jogo que não tem a cara de Vital Lacerda. Escape Plan não é o melhor jogo do designer mas se tornou para mim o mais divertido e o que mais joguei. Uma simulação de HEIST, ou assalto a bancos, onde você passa a partida tentanto esticar o máximo da sua corda recuperando o dinheiro do assalto (ou pontos de vitória) e acertar o timing e posicionamento certo para a fuga, que caso não aconteça o elimina imediatamente sem chance alguma de vitória. Escape Plan para mim, conseguiu fazer o que Clank falha brutalmente (inclusive na sua versão legacy onde já joguei 4 partidas) gerar a tensão de testar seus limites através de suas decisões, e menos da sorte, e com uma implementação de tema absurdamente bem feita. Agora é aguardar a chegada do On Mars e ver Vital voltar a ser Vital da forma mais Brutal possível rs...
4 - Trismegistus
A primeira vez que joguei Trismegistus passei a primeira hora com aquela sensação de não fazer a menor idéia do que estava acontecendo. Escolher um dado nunca havia sido tão difícil. Até que fui me acostumando com o jogo e percebendo a beleza que ele entrega em suas escolhas e decisões e a capacidade de combos grandiosos que se pode construir em suas partidas. Trismegistus vem com algumas falhas porém, a péssima iconografia torna ainda mais difiícil os primeiros jogos, mas para quem ultrapassa essa barreira, encontra um Euro bastante sólido e com mecânicas parrudas que o tornou um dos melhores dice draftings que já joguei.
3 - Pipeline
Pipeline foi o "primeiro melhor jogo do ano" de 2019. Um econômico extremamente apertado, pipeline te coloca numa encruzilhada de lidar com uma escassez enorme de Ações, tempo e recursos. Fora o desafio de visão espacial do quebra-cabeça de montar seus canos mais a lógica matemática em otimizar essa escassez em um mercado que oscila através do comportamento dos jogadores. Eu adoro jogos econômicos e Pipeline traz o que há de melhor neles. E o mais bacana, a sensação da curva de aprendizagem é extremamente bem construída ao jogá-lo mais vezes. Pipeline é praticamente um xadrez, que pede novas táticas e principalmente contra respostas aos movimentos de seus adversários. Tem aberturas, estratégias e movimentos de risco. Além de ainda ter recebido a arte de Ian OToole, que sou suspeito pra falar de tão fã. Uma obra prima que irá perdurar na minha coleção por muito tempo.
2 - Pax Pamir 2nd Edição
Não irei me alongar aqui pois essa será a próxima análise que farei no canal e esse jogo merece muita atenção. Mas Pax Pamir foi talvez o jogo mais importante que joguei em 2019. Porque ele definiu exatamente o que eu acho genial em boardgames e o caminho que quero buscar mais no hobbie a partir de agora. A capacidade de gerar experiências únicas e extremamente satisfatórias a cada partida e dependendo exclusivamente do comportamento dos jogadores, da sua capacidade de interagir e se articular. E não o simples desafio lógico e matemático. Pax Pamir reafirma a natureza política do ser humano. Apesar de também não ser um jogo original de 2019, ou seja, outro relançamento, aqui tivemos bastantes alterações promovidas por Cole Wherle em relação as regras originais, que conseguiu tornar mais palatável os jogos da família PAX de Phil Eklund, trazendo essa como uma versão mais streamlined. Designer aliás que já se tornou meu favorito com anos luz de distância de qualquer outro. Cole Wherle democratizou os jogos do sistema COIN com root, agora faz o mesmo com a série PAX. Fora seu repertório de jogos que promovem sempre a interação mais direta e política possivel entre os que estiverem na mesa. Aliás, Pax Pamir será o primeiro jogo de 2020 dentro de algumas horas.

1 - Barrage
Foi dificil decidir qual levaria a primeira colocação mas Barrage viu mesa tantas vezes e agradou tanta gente que não poderia ser diferente. Foi avassalador em todas as oportunidades que teve de sair da caixa. Da interação promovida no tabuleiro (que lembra bastante o também excelente Brass) à gestão de recursos na maldita roda de produção (que ironicamente tem uma produção tenebrosa) Barrage se transformou naquele jogo que tomava a frente de qualquer outro quando um mínimo de dúvida surgia sobre o que jogar. Mais uma vez, a experiência do jogo passa muito pela interação dos jogadores, que pode ser cruel e muitas vezes punitiva, mas que faz você querer voltar naquele mesmo lugar para fazer melhor. Uma obra prima que vai pro olimpo dos econômicos junto com Brass e Food Chain Magnate.

De forma mais breve, deixo aqui também a lista dos 10 melhores jogos que joguei em 2019 que não eram desse ano, aqui também levando muito em consideração a quantidade de vezes que joguei alguns x a qualidade da(s) partida(s) proporcionada(s), muitos com review pra sair e praticamente todos com impressões lá no instagram
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10 - Hansa Teutonica
09 - 1960: The Making of a President
08 - Sekigahara
07 - Obsession
06 - Mombasa
05 - Vindication
04 - Castell
03 - Macao
02 - Tales of the Northelands: The Saga of Noggin The Nog
01 - Ginkgopolis
Melhores expansões de 2019 (com um ASTERISCO GIGANTE de ter comprado mas não jogado ainda a expansão Ketchup de Food Chain e para Forgiotten Folks de Caverna que conheci e me encantei mas é de 2018):
04 - Late Classic Period (Teotihuacan)
03 - Leaders and Alliances (Vindication)
02 - Dhaalgards Academy (Trickerion)
01 - Spirecrast+Pearlbrook+Bellfaire (everdell)
E como não se vive só de flores, também tem aquele top tempo perdido no ano, de jogos que não me disseram muita coisa ou que realmente não casaram com meu gosto, Bottom 5 do ano:
05 - Runestones
04 - Cryptid
03 - LOTR the Journey of Middle Earth
02 - Quartermasters General: The Cold War
01 - KickAss
Foram ao todo 120 jogos e 95 novos em 2019, no geral, excelentes experiências e esse exercício é pura diversão sem nenhum determinismo ou carater científico aplicado, provavelmente se eu o refizer teria resultados diferentes. Um excelente 2020 a todos e que tenhamos um ano bom de jogos como foi o que passou.
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