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Resenha: Bora Bora, Feld na sua melhor forma

  • Stefan Feld carrega em seu hall de jogos publicados uma tonelada de jogos de sucesso e é considerado um dos melhores designers na atualidade. Entre os anos 2011-2013, o cara colocou 7 (!) jogos no mercado e, entre eles, um dice placement com o curioso tema do arquipélago de Bora Bora, no oceano Pacífico. Sendo um dos designers mais ativos do mercado, é normal que alguns desses não sejam muito bem recebidos pelo público. E Bora Bora? É bom ou é "só mais um Feld"?

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    Bora Bora: Jogo em andamento (Créditos: BGG)

    Apesar do tema curioso da ilha no Pacífico, sabendo-se que estamos falando de Feld, é fácil supor que o tema nada mais é que um pano de fundo colado com cuspe pra chamar a atenção enquanto o que realmente importa são as mecânicas. E se você acha que Bora Bora é assim, fique tranquilo, pois Stefan Feld não decepciona nesse quesito e entrega sim um jogo que tem tema, mas não tem tema, como era esperado!
     
    E isso lá é problema? Não para Bora Bora, pois o jogo entrega muito mais que isso. Deixando de lado a (falta de) temática, o que encontramos em Bora Bora é uma alocação de dados com salada de pontos e algumas decisões muito difíceis a serem tomadas. No começo de cada rodada todos os jogadores rolam seus 3 dados e devem, em ordem do turno, alocá-los para realizar as ações desejadas. Mas a grande sacada de Bora Bora é que, para realizar a ação de um local, o dado que você alocar deve ser menor do que os dados já alocados naquele lugar! E aqui chegamos a uma decisão difícil que permeia o jogo todo: correr para alocar um dado de valor menor para que eu possa fazer a ação - e além disso atrapalhar meus adversários - mas arriscar não  conseguir alocar depois meus dados de valor maior, ou garantir o uso dos meus dados de valor maior mas permitir que outros jogadores fiquem à vontade para realizar as ações? Essa dinâmica deixa o jogo bastante tenso, pois você pode ter seus dados bloqueados a qualquer hora! Em Bora Bora, a alocação de dados é algo muito tático.


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    Para alocar um dado, seu valor deve ser menor dos que o que já se encontram lá. (Créditos: BGG)

    "Ah, mas aí como que pode, um jogo desse totalmente dependente de sorte, da rolagem de dados?? Isso aí não deveria nem ter sido publicado!". Calma! Stefan Feld jamais deixaria um mal desse tamanho ocorrer em um jogo de sua autoria, certo? E aí Feld novamente não nos deixa na mão. A manipulação dos resultados é frequente e muitas vezes necessária através do uso dos Deuses - desde que você tenha oferenda para eles.
     
    Assim, o jogador pode, por exemplo, ao usar uma carta de Deus Azul, alocar seu dado em qualquer local, mesmo que o valor dele seja maior que os que lá se encontram. E aí amigo, a estratégia se une à tática, porque pra poder usar uma carta de algum deus você precisa da oferenda, que pode vir através da expansão da sua tribo, ou de um bônus de fogo, que pode vir após uma ação de construção ou colocando um sacerdote no templo, que, por sua vez, são ações feitas com seus dados - aqueles que você queria modificar no começo da jogada! E aí a engrenagem começa a rodar e o jogo todo faz sentido.


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    Cartas dos deuses permitem manipular os dados. (Créditos: BGG)

    Uma outra grande sacada do jogo são as ações extras que você consegue fazer através dos homens e mulheres que recruta pra sua tribo. Na fase de ações você pode recrutar essas pessoas para serem utilizadas na fase seguinte, o que pode te garantir algum bônus ou até uma ação extra fora da fase de ações. E isso é muito interessante, porém você também precisa, durante a fase de ações, expandir sua tribo colocando cabanas no tabuleiro, colocar sacerdotes no templo, se preparar para completar objetivos individuais e compartilhados, pegar alguma carta dos tão falados deuses pra manipular os dados...É muita coisa rolando e você só tem três dados pra alocar! É, Bora Bora coloca o jogador de cara com um mundo de decisões e planejamento a todo momento.
     
    Como muitos outros jogos do autor, aqui há uma salada de pontos grande, ou seja, praticamente qualquer coisa que você faça vai garantir pontos de vitória. Então os jogadores perseguem pontos de vitória a todo momento, tendo que se programar para curto, médio e longo-prazos.
     
    A minha relação com Stefan Feld é bastante ambígua, porque o cara publica jogos que ou eu adoro ou eu odeio. Se por um lado eu detestei Luna, Castles of Burgundy e Jórvik, por outro fiquei encantado com Trajan, Amerigo e, sim, Bora Bora.
     
    Bora Bora tem quase tudo que eu espero de um jogo do Feld: Salada de pontos, decisões complicadas e necessidade de planejamento a curto e longo prazo, tudo condensado num jogo de 1:30h-2h que não requer um mundo de regras e exceções. O que faltou, pra mim, foi a mecânica diferenciada que o autor geralmente coloca em seus jogos - mancala do Trajan, torre de cubos do Amerigo, roll and move de Merlin -, fato que o coloca atrás de Amerigo num ranking pessoal meu - sim, Amerigo é mais divertido.
     
    Mas isso nada mais é que um capricho meu. Então, "é só mais um Feld?". Ah, sem dúvidas, é "só" mais um Feld. Mas é um Feld daqueles bem legais pra quem curte o estilo e bem convidativo pra quem nunca jogou algo assim.
     
    Stefan Feld, pra mim, ou erra muito no jogo ou acerta muito. Em Bora Bora, ele acertou em cheio. É só mais um Feld. Mas um que vale muito a pena.

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    Comentários:

  • Tenho uma briga interna para o melhor Feld entre Trajan e Bora Bora.

    Mas confesso que Bora Bora apesar de ser um queima mufa de maior alcance (grande dificuldade do Trajan é a mancala) acho ele mais direto de explicar e jogar que Trajan.

    Gosto muito mesmo desse jogo! Acho uma pena não ter saído aqui. É o senhor Feld em sua melhor forma! Jogão! 

    Ótimo texto meu caro!

    Abraços

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  • Parabéns por creditar as imagens. Coisa rara.

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  • De todos os jogos que eu não consigo entender como uma editora BR não assinou, e olha que nessa lista tem clássicos com potencial mercadológico como Lords of Waterdeep, jogos que as editoras perderam o boom da hype como a big box do Ele Grande, ou o próprio super promessa Nemesis. Esse é o que mais não posso crer. Sério, qual a possibilidade gigante de sucesso nesse jogo lindo e fantástico, que as editoras BR não percebem? 

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  • andrekohn::Se por um lado eu detestei Luna, Castles of Burgundy e Jórvik, por outro fiquei encantado com Trajan, Amerigo e, sim, Bora Bora.

    Então nossos gostos são bem conflitantes, nunca joguei Amerigo, mas: não gostei muito de Burgundy e Trajan, mas adorei Luna e Jorvik. Levando isso em conta, irei gostar de Bora Bora? :ermm:

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  • Ótimo review.

    Bora Bora ainda é meu Feld favorito. Vc tem q ser tão perfeito, tão meticuloso pra conseguir fechar todos os contratos, todas as joias, todas as construções e seja lá o que vai fazer no jogo. Estou com saudades de jogá-lo. Se quiser marcar lá na Gob (só nao posso esse fds) eu não nego nao hahaha. 

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  • edeodato::Tenho uma briga interna para o melhor Feld entre Trajan e Bora Bora.

    Mas confesso que Bora Bora apesar de ser um queima mufa de maior alcance (grande dificuldade do Trajan é a mancala) acho ele mais direto de explicar e jogar que Trajan.

    Gosto muito mesmo desse jogo! Acho uma pena não ter saído aqui. É o senhor Feld em sua melhor forma! Jogão! 

    Ótimo texto meu caro!

    Abraços

    Valeu amigo!
    A briga é boa mesmo entre esses dois. A questão pra mim é que a mecânica genial da mancala do Trajan é o que gera o AP com mais de 2 jogadores e pode deixar arrastado o jogo. Adoro os 2 também, mas o que mais me diverte é, ainda, Amerigo.
    Abraço!

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  • tpcordeiro::
    andrekohn::Se por um lado eu detestei Luna, Castles of Burgundy e Jórvik, por outro fiquei encantado com Trajan, Amerigo e, sim, Bora Bora.

    Então nossos gostos são bem conflitantes, nunca joguei Amerigo, mas: não gostei muito de Burgundy e Trajan, mas adorei Luna e Jorvik. Levando isso em conta, irei gostar de Bora Bora? :ermm:

    Cara, muito difícil afirmar isso. Por uma rasíssima análise de vc não ter gostado do Trajan e do Burgundy, acredito que não curta o Bora Bora. Mas não passa de achismo baseado em basicamente nada hahaha.

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  • Lpporto::Ótimo review.

    Bora Bora ainda é meu Feld favorito. Vc tem q ser tão perfeito, tão meticuloso pra conseguir fechar todos os contratos, todas as joias, todas as construções e seja lá o que vai fazer no jogo. Estou com saudades de jogá-lo. Se quiser marcar lá na Gob (só nao posso esse fds) eu não nego nao hahaha. 

    Valeu, cara!
    Meu favorito do Feld é o Amerigo ainda, apesar de curtir muito o Bora Bora. Acho simplesmente mais divertido.
    Vamo botar pra frente isso então, fecho fácil essa joga aí!

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  • Sou fanboy do Feld, não tem nenhum jogo dele que joguei que não me diverti muito. Atualmente é meu designer favorito. 
    Gosto bastante do Bora Bora e já considerei ele uma espécie de "Burgundy 2.0": tem algo nele que me lembra o último (o uso de dados, talvez?), mas num jogo um pouco mais pesado e complexo. Com o tempo percebi que ele tem seu próprio brilho e que mantém as características dos melhores jogos do Feld, como já mencionado na resenha e nos comentários anteriores.
    Além dos títulos já citados, faço uma menção honrosa ao Macao, In the Year of the Dragon e Carpe Diem, que também são jogos EXCELENTES.
    Ótimo texto, parabéns!

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