Desde que conheci os boardgames modernos e joguei minha primeira partida de Game of Thrones: The Boardgame (um belo gateway, diga-se de passagem hehe) me apaixonei pelo hobby e jogar se tornou uma das minhas atividades primárias na vida pessoal: seja com amigos, família ou desconhecidos, em casa, na casa da namorada, em lojas ou eventos; jogar boardgames pulou pra uma das primeiras posições na minha lista de prioridades pessoais.
Longe de ter tanta estrada quanto outros, mas já com algum caminho percorrido, venho refletindo sobre algumas armadilhas que a atividade pode nos proporcionar. Dissertar sobre os aspectos positivos do mundo dos boardgames é muito fácil: novos amigos, novas experiências, histórias memoráveis a contar, o carrossel de emoções gerado por vitórias na última rodada e derrotas humilhantes. Tanta coisa boa condensada em uma só atividade!
Mas há aspectos negativos? Bem, sim. Acredito que o hobby possui várias armadilhas, todas prontas para pegar um jogador desprevenido como uma raposa caçando uma lebre.
A primeira na qual caí foi a de querer abraçar o mundo - algo que luto até hoje contra. Comprar, comprar e comprar. Lançamento do Dead of Winter? Garanti na pré-venda. Promoção do Marco Polo? Peguei sem pensar. Viagem pros Estados Unidos? Vou levar esse Runebound com todas as expansões. Afinal, todos são ótimos jogos! Mas, não. Muitos dos jogos que comprei foram sem a reflexão sobre as mecânicas, meu gosto pessoal e se ele se encaixaria no meu grupo de jogo e acabaram saindo da coleção. Hoje, reflito muito mais sobre se um jogo vale a pena ter em casa pra ser usado ao máximo ou se seria suficiente apenas jogá-lo de vez em quando.
Outra armação que o hobby me proporcionou foi a ilusão de que todos os jogos são bons e todos os boardgamers são receptivos. Tem muito jogo por aí que é ruim, pouco testado e mal balanceado. E tem muito jogador por aí que se acha melhor que os outros e faz questão de deixar isso claro, ou é competitivo ao extremo e leva as coisas pro lado pessoal, causando confusão na mesa e tirando o sentido dos jogos que é simplesmente divertir a galera.
Mas talvez a maior armadilha que eu tenha caído e que eu vejo muita gente cair é na hora de apresentar os boardgames para pessoas que não são do meio. Por várias vezes apresentei jogos que achava ótimos como Merchants e Marauders, Eldritch Horror e o próprio GOT para amigos e as coisas nunca davam certo. Percebi que talvez fosse pelo peso dos jogos, então talvez um Rock n Roll Manager? Quem sabe um Codinomes? "Lá vem o cara dos jogos de novo". Daí percebi que nem todo mundo curte o ato de jogar. Que a atividade é que não vai ser bem recebida, e não o jogo X ou Y. Tem gente que simplesmente não gosta, e qual o problema? Muita gente gosta de pescar, atividade que eu detesto por exemplo.
Com o passar do tempo, venho refletindo e tentando me esquivar das armadilhas como posso. Atualmente, a dificuldade é com lançamentos do hype. O trem do hype me atinge antes que sequer eu ouça o sinal do maquinista.
Já caiu em algum armadilha dessas? Não se preocupe, tenho certeza que a maioria da nossa comunidade também - e até em outras diferentes.
Nada disso é capaz, contudo, de tirar a satisfação das coisas boas proporcionadas pelos boardgames, citadas no início do texto. Apesar de ardiloso, nosso hobby é maravilhoso (se discorda, amigo, acredito que esteja no portal errado!).
Vida longa aos boardgames.
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