"28 de Setembro de 2017. Noite fria em Belo Horizonte.


Vinte e um dias atrás, Flamengo e Cruzeiro se enfrentaram pelo primeiro jogo da final da Copa do Brasil daquele ano. Com um gol irregular, o Flamengo abriu o placar mas viu o Cruzeiro empatar no final. 1x1.


Dia 28 seria uma noite sem gols no tempo normal, mas com a famosa decisão por pênaltis. Na ocasião, o Cruzeiro acertou todas as cobranças e o goleiro Alex Muralha pulou no mesmo canto em todas elas. Por 5x3, o Cruzeiro se tornou pentacampeão da copa do Brasil."


Tava bonitão esse dia o Mineirão!




Neste dia que eu citei no epílogo, SESSENTA E UMA MIL E DEZESSETE pessoas estavam comigo dividindo uma ativadade em um lugar. Naquele dia o meu hobby era ir ao estádio, cantar, balançar bandeiras, ver os fogos. Somando-se o público dos dois estádios nos dois jogos da final haviam mais pessoas do que todo o hobby dos jogos de tabuleiro no Brasil. O futebol, para alegria de muitos e tristeza de outros tantos, é um movimento imparável, colossal.


Ok, mas por que eu estou fazendo essa comparação com o hobby? Porque, caro leitor, uma interseção bem feita entre o nosso mundinho dos Board Games e esse vasto oceano que é o futebol pode ajudar os nossos amados Board Games a alcançar espaço onde ele ainda nem sonha chegar. E é por isso que cá estou escrevendo sobre Camisa 12.


Dia de clássico no Mineirão!


Com lançamento previsto para o começo do próximo semestre, Camisa 12, produzido pela Dijon Jogos e com o design de Rodrigo Rego é um grande presente pra quem é amante de futebol e também de jogos de tabuleiro. A grande sacada do jogo é não tentar simular a partida de futebol e sim usar mecânicas de Tile Placement para representar apenas a torcida!


Essa sacada faz com que o jogo possa usar muito bem as características dos dois mundos em que está inserido. Tem toda a atmosfera do estádio com as canções, bandeiras, fogos, camisas dos times, cores, e afins além de se concentrar em fazer um jogo muito simples e elegante, sem precisar emular as iterações complexas que existem numa partida de futebol.


Os times "levemente" inspirados em clubes nacionais (separados por estado)


O jogo tem duas mecânicas principais. O rondel, onde os dois jogadores vão selecionar as peças (e capturar as peças adversárias) e também o Tile Placement que acontece nas arquibancadas do estádio. Na sua vez o jogador move a bola no rondel, pega sua peça relacionada ao espaço escolhido e encaixa na arquibancada, pontua (cada peça tem um jeito de pontuar) e ao mesmo tempo descarta a peça adversária que também estava ali. Ah! Tem os poderes variáveis de cada time também, que são bem temáticos.


Sim, escolhi azul e vermelho pra lembrar da partida ai do epílogo.


O sistema de pontuação também é bem curioso. Na trilha de pontuação existem marcações de "GOL" e o vencedor da partida é aquele que passar por mais espaços desses, e não necessariamente quem faz mais pontos. Se dois jogadores tem o mesmo número de gols, mesmo que um tenha mais pontos que o outro, a partida vai ser decidida nos penaltis!


Nessa situação o jogo está 1x1, mesmo que o Azul tenha muito mais pontos.


Os penaltis são "cobrados" usando as cartas de penaltis que cada jogador recebe no início da partida, e os gols são computados baseados nos tipos de tiles alocados pelos jogadores.


Uma das maneiras mais eficiêntes de furar a bolha do nosso hobby é o tema. Quantas cópias de Game of Thrones os lojistas venderam pra gente que nunca viu um jogo moderno na vida? Quando aliado ao tema temos um jogo enxuto, fácil de ensinar, fácil de transportar, bonito e bom de jogar ai temos o melhor dos mundos.


Tem seleções também


Camisa 12 é tudo isso, um acerto GIGANTE da indústria nacional.


"Ah, mas você é fã de futebol eu não sou..."


Com toda a sinceridade? Se você não é fã de futebol vai perder muitas das referências que foram colocadas no jogo. Detalhes dos uniformes dos times, trocadilhos, nomes escolhidos a dedo no manual, tudo isso foi muito bem pensando. Mas um jogador casual que não curte futebol não vai jogar um jogo ruim, pelo contrário. Nem todos os jogadores de GoT assistiram a série, nem todo mundo que joga Viticulture bebe (ou produz) vinho. Quantos jogadores de Board Games você conhece que foram assistir Battlestar Galactica só depois de conhecer o BG (eu fui um deles) ? Jogo bom vai além do tema, mas se o tema é legal, melhor ainda!


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