Logo nos primeiros textos desse blog, eu decidi falar de um jogo da CMON que eu adoro mas poucas pessoas conhecem por aqui:
Dogs of War e os melhores jogos que ninguém conhece por aqui. Dogs foi um dos primeiros jogos que joguei, numa época onde eu ainda era um jogador bem casual, que jogava o que os amigos me apresentavam, sem perder muito tempo pra registrar ou sequer lembrar do nome dos jogos. Ele também foi um dos primeiros jogos que comprei quando entrei no Hobby de vez. Era dos meus favoritos ainda e eu achava estranho que ninguém tinha ou conhecia ele quando eu falava. Mais tarde, quando eu já tinha trocado minha versão retail pela KS do Lukita no seu momento de saída do hobby, ele foi o 1o jogo que eu resolvi pintar. Acho que dá para perceber o carinho que tenho pelo Dogs of War e com isso você pode imaginar como fiquei empolgado ao saber pela Bucaneiros, que as mecânicas do Dogs of War havia sido a principal inspiração do Marvel Battlegrounds.
Veja, eu não estou falando que é o mesmo jogo, nem uma versão Marvel do Dogs. Marvel Battlegrounds é um jogo diferente e único por si só. Mas a sensação de jogar o inspirado, lembra o do inspirador e foi aí que a Bucaneiros me convenceu a achar uma noite entre decorações de quarto de bebê e exercício de fisioterapia da esposa grávida já de 8 meses e meio pra experimentar o Marvel Battlegrounds. E qual é a idéia do jogo?
Bem, tematicamente, Marvel Battlegrounds representa a união dos heróis da Marvel contra vilões em 6 cidades espalhadas pelo mundo. Cada um joga com um Vingador que comanda os campos de batalha mas se utiliza de outros heróis como Demolidor, Luke Cage, Senhor das Estrelas ou Groot para lutar contra Duende Verde, Thanos entre outros. A idéia do jogo é que você passe uma fase gastando sua influência para recrutar os outros heróis e depois gastando suas ações para entrar nas 6 batalhas que acontecem paralelamente em diversas cidades. E é aqui que está o coração do jogo.
Marvel Battlegrounds, assim como o jogo que o inspirou, é um jogo de Oportunismo. Existem 6 batalhas acontecendo, todas estão oferencendo benefícios para aqueles heróis que ajudarem a vencer o vilão, mas você só consegue entrar em algumas delas e não consegue derrotar o vilão sozinho. É nesse ponto então que formam-se as alianças e até algumas traições (embora esse não seja um jogo de traição, aqui, no máximo, alguém não te ajuda).
Vou tentar ser mais claro: imagine que existam 6 batalhas, todas contra vilões de força entre 30 e 36. Você tem na mão heróis de valor entre 4 a 8 e ações suficiente para jogar 4 heróis. O seu objetivo é ganhar o máximo de batalhas possível para ganhar benefícios de vários lugares. Você consegue entender como a conta não fecha? Você precisa então usar de oportunismo de entrar em Batalhas que podem ser muito importante para um ou outro jogador. E você ajuda no mínimo só para ganhar algo na aba de outro jogador que já investiu muito ali e vai precisar fechar a batalha com ou sem ajuda. Mas também tem que ter cuidado de não se espalhar demais e terminar em diversas batalhas sem fim, que nunca pagam os benefícios por não derrotarem totalmente o vilão. E o jogo é, quase todo, baseado nessa dinâmica.

E isso faz com que o Marvel Battleground seja simples o suficiente para jogar com algumas pessoas não tão gamers, mas com interação e oportunismo que exige alguma experiência para jogar bem e explorar diversas estratégias. E o tema Marvel, vai acabar convencendo muitos daqueles seus amigos geeks que não estão totalmente imersos no mundo dos boardgames.
Outra coisa, você precisa também jogar olhando a pontuação de cada cidade, pois, quanto mais medalhas de mérito ela distribui, menos essas medalhas valem para todos os jogadores que já ganharam batalhas ali. Então as vezes você não entra num lugar só para valorizar ele, ou as vezes, para desvalorizar um lugar que seu adversário ficou investido o jogo todo.
Agora, se existe uma coisa que eu senti falta nele, foi do fato de você não poder escolher seu lado de batalha. Tematicamente, não faz muito sentido você jogar de herói ajudando os vilões. Talvez se fosse uma coisa meio Capitâo América Guerra Civil sabe, onde cada herói escolhe se quer ficar do lado do Homem de Ferro ou do Capitão América. Digo isso por que era algo que tem no Dogs of War e aumentava a interação do jogo. Você as vezes convencia, até podia oferecer algo, para alguém entrar do seu lado ou pelo menos não entrar contra você. Ao definir que todos podem apenas escolher se entram ou não numa batalha contra um vilão, Marvel Battlegrounds retira um pouco da interação da mesa, mas em compensação, retira bastante da treta e da traição, mantendo a interação positivo (posso ou não te ajudar) e retirando a negativa (posso ou não te atrapalhar). Com certeza isso tornará o jogo muito mais palatável para alguns e menos para outros. Eu sou daqueles que não ligo para uma boa treta na mesa.

Tematicamente, o jogo se baseia mais nas artes oficiais da Marvel do que em uma história a ser contata. Mas sinceramente não acho isso nenhum demérito. Ao se utilizar de artes oficiais da Marvel, você se vê um pouco imerso nesse universo. Na partida que joguei, o Cacá (do E aí tem jogo?) pagou mais caro para draftar o Motoqueiro Fantasma simplesmente por que ele é um dos seus personagens favoritos e isso é bacana, pois ao ter cerca de 81 personagens diferentes, você consegue colocar ali quase que os favoritos de cada pessoa.
Marvel Battleground é, no final, um dos melhores jogos de design nacional que fala com meu gosto. E essa opiniao é natural para mim já que ele me lembra muito de um jogo que eu gosto tanto, tenho tanto carinho e coloquei no meu Top 100 no Covil. Eu sempre quis que as pessoas conhecessem Dogs of War, mas ele não é um jogo muito fácil de se achar, principalmente no Brasil. Dessa forma, acho que Marvel Battleground, de uma maneira diferente, preenche muito bem essa lacuna . Acho que ele vai agradar muito aqueles jogadores de jogos médios, com alguma interação mas sem treta direta. E definitivamente, gostar do universo Marvel ajuda.