Finalmente joguei o Brazil Imperial. E ai? O que achei?
Finalmente voltei ao Brasil, e pude jogar esse jogo que estava na minha lista de jogos com grande expectativa.
Antes de qualquer discussão, quero dizer que sou um tremendo fã do Scythe (nota 9), não curto muito o Brass (nota 3), sempre dando preferência para seu irmão mais "streamlined' Age of Industry (nota 8). Digo isso, porque o Brazil Imperial é muito comparado com esses dois jogos. Logo quero deixar bem claro como avalio esses dois jogos, porque com certeza serão comentados na Review.
Também não vou entrar no mérito do tema, apenas vou falar sobre o jogo.
Então vamos a minha experiência com o Brazil após 5 partidas. Mas preciso dizer que jogamos uma com as regras de construção erradas - o erro foi exigir uma tropa no local para construir prédios, por conta de uma leitura errada do manual (mais sobre o manual mais tarde).
Então vamos começar. É claro que vamos iniciar pela produção do jogo. A arte é linda, um pouco colorida demais para meu gosto, mas mesmo assim muito bonita. Os componetes são de excelente qualidade. A cartolina e bem grossa. Os recursos, bens manufaturados e as unidades militares são muito bem projetadas e acabadas. As cartas de ouro, militar, quadros e missão são funcionais, mas seria legal se tivessem um acabmento mais agradável ao toque (eu raramente ponho sleeves, entao a sessão tactil da carta e um fator na avaliação). Os manuais sao muito bem diagramados com total coerência com a arte do jogo.
Se eu quiser ser bem chato, tem três coisas que poderiam ter sido feitas um pouco diferente: o tableau dos jogadores ser em duas camadas para as peças não serem deslocadas muito facilmente, a organização do manual, e o ícone de força de combate nas descobertas.
Acredito que a questão do tableau é um "non-issue", que todos jogadores gostarim de ser em duas camadas, mas entendemos o porque não foi feito - custo!
Já o manual, esse sim poderia ter tido um pouco mais de edição, revisão e ser organizado um pouco diferente para facilitar os jogadores. Digo isso porque, honestamente, eu me senti lendo um manual dos jogos antigos do Martin Wallece como Byzantium, Rise of Empires e Age of Industry. Em todos eles a leitura das regras é confusa, e dificulta o aprendizado do jogo para quem já não conhece o jogo. Realmente achei muito confuso para entender as regras do jogo. Além disso, a ordem em que os elementos sao colocados no manual dificulta a busca para responder questões de regra. Vários elementos apontam para voce pular para outras páginas para continuar com o tópico em questão. Um index fez falta no manual. Outra coisa q me incomodou no manual foi a decisãp de que o layout e arte dominaram sobre a função, fazendo com que figuras não estejam alinhadas com o texto explicando-as, mais uma vez dificultando a leitura do texto. De verdade, assim como nos jogos do Martin Wallace, eu fiquei com a impressão de que o autor do manual e os revisores já conheciam tanto o jogo que acabaram deixando questões básicas sobre o jogo fora do manual, além de deixar pontos complexos sem explicação o suficienet para um aprendizado rápido.
Por fim, a questão do ícone escolhido para a força de combate só virou um problema porque nas descobertas, os tiles de bandeirantes tem a força de combate estampada, e em 2 partidas um dos jogadores entendeu que eles eram pontos de vitória (PV) no fim do jogo e ambos basearam sua estratégia em marcar boa parte de seus PVs desbravando os tiles de bandeirantes. E no final do jogo notarem que o icone e de força e não PVs. É preciso dizer que em ambos os casos eram Alpha gamers que gostam de quebrar o jogo, então partiram para essa estratégia sem perguntar se eram PVs mesmo para surpreender os amiguinhos no fim do jogo.
O que nos leva as mecânicas do jogo. Felizmente, essa parte é simples devido ao ótimo trabalho dos designers e developers. O jogo é muito bem amarrado na conexão dos seus elementos e até o momento parece extremamente balanceado. Ele usa a mecânica de ações do Scythe, o modelo de unlock de poderes e unidades do Scythe, o sistema de produção lembra um pouco a colocação de recursos do Brass, com uma opção de botar mais recursos nos prédios após a prédio ter seus recursos usados. O sistema de combate, mais uma vez, lembra muito o do scythe, com a diferença que trocou o elemento de bluff que você faz no Scythe por um elemento aleatório baseado no power level das cartas de combate.
De forma geral o jogo utiliza elementos que tem origem em mecânicas ja clássicas no mundo de boardgames, sem trazer grandes inovações nessa área. Sendo q muito e emprestado de forma quase direta do Scythe. Mas, ele utiliza elementos distintos para completar o a operação do jogo. Entre elas podemos citar os quadros, que e uma forma de vocẽ ganhar um poder/bonus que será só seu, bastante mobilidade no tabuleiro (que é um elemento muito restrito no Scythe), e o uso das missões para funcionar como um o clock do jogo que os próprios jogadores controlam.
O jogo também provê um sistema de pontução onde virtualmente qualquer ação que voce fizer, que não seja ir no mercado, vai dar PVs para vc. Ou seja e um saladão de ponto que até o momento não pareceu ter algo elemento dominante. Mas, o engraçado, é ver que batalhas não dão PVs, ainda mais com incentivar mais batalhas que no Scythe é uma das propostas do jogo. Entretando, a boa notícia é que o designer já lançou uma variante para resolver essa questão.
Resumindo, o jogo apresenta mecanicas sólidas, com turnos que deveriam ser rápidos, e força os jogadores a fazerem um planejamento de longo prazo (3 a 4 turnos se não mais) para serem capazes de cumprir suas missões. Mas o que achei mais impressionante foi que todos os jogos acabaram com uma diferença de no máximo 5 PVs do primeiro para o último colocado. Acredito ter sido assim, por jogar com o mesmo grupo, e todos terem um conhecimento do jogo similar. Mal posso esperar para ver como isso fica jogando com novatos mesmo sendo um grupo que só tem cobra criada).
E aí surge a grande questão: isso tudo, ficou bom? E agradável de jogar? E a resposta e um retundante sim. Entratantno, existe um elfante branco na sala no que diz respeito a questão: eu vou querer jogar ele com frequência? Provavelmente não, pois simplesmente vou preferir jogar Scythe.
O fato do jogo ter pego tanto emprestado do Scythe, faz com que ambos sejam parecidos na operação do jogo, que acabem no mesmo nicho, e nessa hora que, no Brazil, a perde do elemento mais interessante do Scythe fica perdido, pois não existe a pressão para terminar suas missoes. No Brazil, sem essa corrida para o fim do jogo, e ao mesmo tempo não consertando o que para mim é o maior problema do Scythe (a falta de combate) acaba sendo um jogo menos interessante e desafiador que o seu parente mais próximo. Apesar de o Brazil ter essa mobilidade maior das peças, ele, em nossas partidas, acabou sendo mais uma força para delimitar delimitar fronteiras do que aumentar os ataques a oponente. Sendo os únicos combates realizados nessas 4 partidas os ataques dos bandeirantes. Definitivamente a variante de PV para combate é bem vinda, mas ainda tenho de testar em futuras partidas.
Outro ponto que quero levantar é que nenhum dos jogadores nessas 4 partidas (umas 5 pessoas) achou que o jogo tenha elementos parecidos com o Brass como comentado nos fõrums de boardgame, mas todos falaram que era um clone ou uma reimplementação de Scythe.
E esse para mim e o grande calcanhar de aquiles do Brazil, porque eu jogaria o Brazil e não o Scythe? Afinal, o jogo nao entrega grande diferença mecânica, mas dá uma experiência que não é tão agradável, para mim, quanto o Scythe proporcina em quase metade do tempo. Sim, uma partida de Scythe dura em torno de 45 a 60 minutos no nosso grupo, as partidas de Brazil tem durado em torno de 120 a 150 minutos. Mesmo que agente, com experiência, melhore nossa cadência de jogo (o que acontece), acho muito difícil cairmos para menos de 90 minutos
Meu veredito: vou segurar para jogar algumas vezes com a variante de PVs no combate e ver se ela gera mais combates. Caso negativo, provavelmente sera vendido.
TlDr: Jogo bonito, bem produzido, mecanicamente sólido, mas infelizmente pegou tanto empresstado de Scythe que eu vou jogar Scythe.
Fun Fact: número de vezes que Scythe aparece no texto: 19