Rhino Hero é um jogo de empilhamento de cartas 3D, bem bonito e excelente como party game. Os designers são Steven Strumpf e Scott Frisco, a arte é assinada por Thies Schwarz e foi lançado no Brasil pela Conclave Editora no ano de 2018. O jogo comporta de 2 a 5 jogadores e é recomendado para todas as idades, a partir de seis anos. O tempo de jogo indicado é de 5 a 15 minutos, embora possa até passar um pouco disso a depender do grupo. A arte da caixa e das cartas é legal e lembra HQs de super-herói mais antigas.
Os componentes são muito bons e eu preciso dizer que adoro essas caixinhas amarelas e pequenas da Haba (editora original do jogo). A caixa é resistente e as cartas são de boa qualidade, com destaques para as Cartas de Parede – que se dobram para permitir a construção dos andares – e o meeple do Super Herói Rhino.
Muito embora montar um castelo de cartas não seja exatamente uma novidade, usar cartas que se dobram para montar um edifício ricamente ilustrado trouxe originalidade ao jogo, que se refletiu na boa recepção que teve, tendo, inclusive, vencido o Prêmio Ludopedia Jogo Infantil do Ano 2018, nas categorias expert e voto popular. Atualmente, encontra-se como segundo melhor jogo infantil do ranking do Ludopedia.
A temática do jogo é ajudar o Super Herói Rhino a procurar por gatunos escalando o edifício, o problema é que ele continua sendo um rinoceronte e pode derrubar o prédio no processo. Então, cabe a você ajudá-lo construindo um edifício estável o suficiente. Apesar de não termos uma narrativa para além dessa apresentação, o tema é divertido e se encaixa bem em um jogo infantil de agilidade.
A mecânica principal é a de construção a partir da colocação das cartas que formam o modelo do edifício, ou seja, apenas de empilhamento mesmo, sem segredos, como em um castelo de cartas, onde cada jogador, em sentido horário, escolhe uma Carta de Telhado de sua mão para a construção do prédio.
Assim, temos também a mecânica da gestão de mão, que apresenta algumas variações nas Cartas de Telhado, por meio de símbolos de ação, no melhor estilo take that, e determinam como a próxima carta deve ser colocada pelo jogador seguinte. Dentre as ações, temos em destaque a do “Super Herói Rhino”, que consiste em movimentar o meeple do nosso herói para cima, no prédio.
Um detalhe legal do jogo é o modo de escolha do primeiro jogador, principalmente, levando-se em consideração que é um jogo para crianças: deve ser o primeiro a jogar aquele que tiver realizado mais recentemente uma boa ação. Apenas se não houver consenso, o mais novo começa a partida, escolhendo a primeira Carta de Telhado a ser jogada.
O objetivo do jogo é acabar com as Cartas de Telhado na sua mão antes que a torre caia ou que todas as paredes sejam construídas. Nas nossas jogatinas, nunca aconteceu das Cartas de Telhado acabarem, o mais comum é a torre cair ou alguém conseguir terminar com a sua mão de Cartas de Telhado.
A dificuldade do jogo se dá apenas na necessidade de se ter alguma destreza para a colocação das cartas (e do Rhino!) e a melhor estratégia consiste basicamente em utilizar os efeitos das Cartas de Telhado para atrapalhar ao máximo os outros jogadores, enquanto você tenta se livrar das cartas da sua mão o mais rápido possível: a) fazendo com que cresça a chance deles derrubarem a torre; ou b) aumentando o número de cartas na mão deles.
Desse modo, pode ajudar organizar os efeitos na sua mão para utilizá-los quando a torre estiver um pouco mais alta e surtirem mais efeitos.

A “tática” do meu amigo, de segurar o próprio braço, pode ajudar os mais desastrados
Tivemos a oportunidade de testar o jogo com diversos números de jogadores e sempre funcionou bem, mas, por seu espírito de party game, foi com quatro e cinco que ele ficou mais divertido. O tempo de jogo sempre foi parecido com aquele indicado na caixa, dentre 10 e 20 minutos, normalmente.
Quando colocamos o jogo na mesa, costumamos jogar algumas partidas em sequência e eu acredito que se você tiver crianças em casa para jogar, a rejogabilidade vai ser bem alta. O jogo conta com duas modalidades: uma mais fácil e outra apenas para os heróis empilhadores. A diferença se dá na escolha do lado da Carta de Fundação que determina se o primeiro andar terá duas paredes ou apenas uma.
Vale a pena citar que o jogo virou uma série e já conta com mais dois lançamentos (que, infelizmente, ainda não chegaram ao Brasil): “Rhino Hero: Super Battle”, que incrementa as possibilidades de construção e as mecânicas, e “Rhino Hero: Active Kids”, que também é um jogo de destreza, mas sobre equilibrar bolinhas nas capas do Super Herói Rhino e de outros heróis.
Enfim, o jogo não é exatamente barato, já que são poucos componentes, mas não chega nem perto do preço médio dos boardgames lançados hoje em dia. Apesar de simples, a qualidade dos componentes se destaca e a diversão é garantida, seja para jogar com as crianças ou mesmo com adultos, como um bom party game, servindo até mesmo de filler.
Linauro Neto é advogado, mestre e doutorando em Ciências Sociais. Apaixonado por literatura, música e jogos, desde sempre. Descobriu nos jogos de tabuleiro uma desculpa perfeita para passar mais tempo com amigos e pessoas amadas.
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