Uma família estranha,
Surpresa é tamanha,
São cheios de artimanha,
Os Addams vêm ai.
Parecem de outro mundo,
Mas têm amor profundo,
Não param um segundo,
Os Addams vêm aí...
Caaara!
Beleza!
Porém não tenha medo,
Aqui tem um segredo,
É tudo um brinquedo,
Os...Addams...vêm...aí...
E todos bem contentes,
Cantam alegremente,
Divertem muita gente,
Os Addams vêm aí...
Lembraram dessa música de abertura de um desenho incrível? Coisas estranhas com uma família ainda mais bizarra. Se bateu saudade, só gostou do tema ou não entendeu nada, então preparem-se, pois Gloom Tá na Mesa!
Gloom é um jogo lançado em 2005 por Keith Baker. De dois a cinco jogadores, com duração média de 60 minutos, em Gloom você tem que causar o máximo de infelicidade em sua família antes de matá-la.
- Que jogo horrível! Ninguém mais se importa com a família, a moral e os bons costumes nestas bandas!
Calma lá, Estúpido Flanders! Antes de sair por ai queimando o manual do jogo em sua cruzada pelos valores, saiba que Gloom é uma sátira bem-humorada, melancólica e, porque não dizer, lúgubre. Cada jogador tem sua família com quatro membros, cada um amais desajustada que a outra. E seu turno o jogador deve jogar duas cartas, que podem ser de infortúnio, de bambúrrio, de casualidades ou de exício.
- Que tipo de linguagem dos infernos é essa?
Ó, rebento ignaro de nossa sociedade transviada, para entrar no clima do jogo usa palavras rebuscadas, típicos de romances de horror do fim do século XIX e início do XX (Nota do Sr. Slovic: Alguém mencionou Poe ou Lovercraft?). Mas não há nada para se preocupar. Os textos das cartas só servem para entrar no clima, não afetam no desenrolar da partida. Como já mencionamos, cada jogador quer deixar cada membro de sua família o mais triste, desesperançado e miserável possível antes que venha a cumprir sua sentença e encontrar o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a Terra, aquele único fato sem explicação que iguala tudo que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo que é vivo, morre (Nota do Casal Slovic: Quem disse que Gloom não é cultura? Dez pontos para quem souber de onde é essa citação). Para isso o jogador precisa que usar cartas de tragédia (que dão pontos negativos) em sua família e cartas de fortuna (que dão pontuação positiva) nas alheias. Só pode matar um personagem que tiver menos de zero pontos.

As cartas são transparentes, então quando se joga uma carta é possível cobrir alguns valores e deixar outros a vista. Esse visual inovador é um dos grandes atrativos do jogo. Outro é o storyteller, que nada mais é que a narração dos fatos. Quando se usa uma carta é preciso contar uma pequena história de como aquilo influenciou a família (nota do Sr. Slovic: E para jogadores mais hardcore, o legal é interligar as histórias, fazendo que tenham sentido). Cartas abaixadas também podem ter algum efeito para quem as recebeu (Nota da Sra. Slovic: Não necessariamente para quem usou). Quando um familiar é morto, ninguém pode mais baixar cartas nele. O jogo termina imediatamente quando o quarto membro da família de um jogador venha a falecer. E Gloom tem muitas, mas muitas expansões, inclusive de Call of Cthulhu.

No geral, Gloom é um ótimo jogo de narração e argumentação, mas que depende muito dos participantes. O visual gótico e fúnebre pode afugentar muitas pessoas (Nota do Sr. Slovic: Nem todos gostam de lidar com a morte), então se você não se sentiu bem com o tema ou mesmo não curta usar a criatividade para criar boas histórias, não tente jogar. Isso pode deixar uma experiência péssima, e isso não é legal, pois basta um não estar no clima para que a partida fique horrível. Agora se todos estiverem na mesma sintonia do jogo, histórias únicas, engraçadas e marcantes surgirão. Gloom não é um jogo sobre sofrimento, mas sobre como podemos criar histórias tragicômicas, lembrando que mesmo no fundo do poço, há uma luz de esperança (Nota do Sr. Slovic: Que pode ser simplesmente um coquetel Molotov), assim como os Addams nos ensinam.
É isso aí!