Autora: paulabassi
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Vocês já pararam para pensar que o Marco Polo pode ser considerado o primeiro mochileiro da história? Pelo menos, o primeiro que ficou realmente famoso. Na minha fantasiosa mente, o jovem italiano estava para lá de entediado em sua morada em Veneza quando chegou seu pai – que até então lhe era um desconhecido – e lhe propôs a louca ideia de cruzar o mundo em busca de aventuras e oportunidades inovadoras de mercado. Quem não aceitaria, não é mesmo? Depois de uma não tão breve jornada de mais de três anos, estava o jovem Marquinhos negociando em Beijing (na época, Cambalique) com o imperador Kublai Khan.

Os mochileiros da atualidade poderiam aprender muita coisa com o Marquinhos
A volta para casa foi um pouco mais sinuosa, pois o cã realmente pegou apreço pela família Polo e não os queria deixar ir embora. Vocês sabem como os governantes autoritários podem ser apegados às coisas, não é? Nada que uma estadia forçada no oriente por mais de duas décadas não resolvesse. Eventualmente, Marquinhos conseguiu voltar para Veneza (e foi preso, mas isso é assunto para outro jogo). Tudo isso parece muito belo se ignorarmos os perrengues pelos quais o pobre rico Marquinhos deve ter passado.
Felizmente ou não, os jogos As Viagens de Marco Polo e Marco Polo II: Ao Serviço do Khan (ambos da Devir) nos trazem apenas as delícias das viagens – se por delícias você entende obtenção de mercadorias, alianças com guildas e elaboração de itinerários estratégicos entre as cidades. No primeiro jogo, de 2015, fazemos o caminho de ida do rapaz até chegarmos a Beijing. O II, lançado em 2019 e recém trazido ao Brasil, conta caminho de volta.

Na vida real, a viagem de volta teve a ver com a busca de uma noiva para o Khan!
Mecanicamente, os dois jogos são muito parecidos. A base é alocação de dados para a realização de ações. Para conquistar a vitória, a jogadora deve cumprir contratos, obter recursos e dinheiro, fazer alianças e viajar pelas cidades do mapa para ter acesso a ações poderosas e tiles especiais.
No segundo jogo, alguns elementos amadureceram muito e isso foi super bem-vindo. Por exemplo, no primeiro Marco Polo era muitas vezes sofrido conseguir recursos como o ouro, que demandam a exagerada alocação de até três dados. No segundo, isso já se torna mais interessante, com ações variáveis para se obter recursos e com a introdução das jades, com as quais você pode tornar as recompensas mais tentadoras.

Então, o que compensa mais: acompanhar Marco Polo na ida ou na volta de sua jornada? Acho que fica bastante claro para mim que, desconsiderando fatores de preço, o Marco Polo II com certeza é o que mais vale a pena ter na coleção, por ser mais maduro e fluido. Ressalto também que foram incluídas duas personagens femininas no jogo mais recente, o que inexistia no primeiro.
Vale lembrar que o I encontra-se disponível no Board Game Arena, então quem tem curiosidade de conhecer pode brincar de mochileiro da idade média por lá, pois a adaptação ficou ótima. De qualquer maneira, ambos são jogos de estratégia com mecânicas clássicas e que com certeza vão agradar a quem gosta dos outros jogos dos designers Simone Luciani e Daniele Tascini, autores de outras grandes pérolas como Tzolk'in: O Calendário Maia, Lorenzo il Magnifico e Teotihuacan: City of Gods.