Pre scriptum: Hoje o texto vai sem imagens por um motivo nobre: fazer jabá do vídeo do grande
edupomper, do canal 3DUs. Tanto falei na cabeça dele que resolveu não apenas imprimir o automa, mas gravar um vídeo a respeito. Recomendo que sigam o canal dos caras, mas assim que ele estiver publicado, também coloco o link aqui na postagem.
Há menos de um ano atrás publiquei um review do modo solo de
Sagrada aqui no portal, vocês podem conferi-lo nesse
link. Foi um review negativo do modo solo de um jogo que eu adorei. Ele me frustrou bastante por uma condição de vitória injusta e mal balanceada, a meu ver. Posteriormente, com comentários de outros usuários aqui da Ludopedia e também do BGG, pude perceber que o problema não era comigo. Isso me levou a fazer algo que eu não faço normalmente, que foi me desfazer de um jogo que eu curtia. Ele acabou sendo trocado por um Flamme Rouge, que ainda está aqui na minha pilha da vergonha aguardando sua vez.
Muito embora o Sagrada tenha deixado minha coleção, a lembrança dele havia ficado. Eu havia gostado tanto do jogo que havia me esquecido de que estava subescrito nos fóruns do BGG a seu respeito. Há uns dois meses atrás, um usuário do BGG, o Mark, que também atende pelo apelido de dukefanblue2005, publicou um modo solo com antagonismo ativo controlado por um deck de cartas. Minha curiosidade foi assaz atiçada, pois eu já o conhecia de um trabalho anterior, o automa do Dice Hospital, que também era um joguinho de dados bonitinho, mas ordinário, que eu havia passado para frente antes de conhecer o modo de jogo criado por ele. Não cheguei a me arrepender, porque era um jogo um pouco mais leve do que eu costumo gostar, mas as qualidades do design eram evidentes e isso havia ficado guardado num recôndito da minha memória.
Enfim, em sua postagem do BGG,
aqui linkada, o Mark colocou o link para o material necessário e também para uma série de três vídeos curtos explicando as regras. Tendo assistido os vídeos, meu problema com o Sagrada estava quase resolvido. Imediatamente baixei os arquivos e confeccionei as cartas e o manual. Tão logo pintou uma cópia num preço OK, comprei o Sagrada de novo. Recém chegado, o jogo foi para a mesa com esse novo automa e, enfim, meu problema com ele havia sido resolvido e éramos uma feliz dupla de dois novamente e sem pleonasmos.
Lá atrás, eu pontuara os motivos pelos quais eu não gostei do jogo em sua variante solo oficial. Os principais deles eram que a vitória dependia de uma série de fatores alheios ao jogador e o fato de você efetivamente ser forçado a procurar por dados de valor mais alto durante o draft. Isso criava condições de vitória bizarramente injustas e, matematicamente, Sagrada tornava-se um jogo que só seria batido em condições excepcionais.
Esse novo automa solucionou todos os problemas que eu tinha com o jogo e tornou a experiência solo muito próxima da multiplayer. Ele possui vários pontos positivos: 1) as regras para o jogador não mudam absolutamente nada, enquanto para o automa há pequenas variações, mas nada que detraia da experiência; 2) diferentemente de muitos modos solo por aí, nos quais você quase precisa aprender a jogar um novo jogo, esse aqui possui regras muito simples que cabem em uma folha de ofício; 3) a manutenção do automa não dá nenhum trabalho, você ainda consegue jogar uma partida completa em até 30 minutos sem nenhum problema; 4) apesar de ser um PnP, ele é extremamente printer-friendly sem ser feio ou disfuncional, você não gastará todos os seus cartuchos fazendo umas poucas cartas e um vitral especial utilizado pelo automa; 5) a rejogabilidade é 100% assegurada, pois das 17 cartas do automa, você usa apenas 10 por partida, enquanto as outras 7 são devolvidas à caixa; 6) comporta a expansão Passion (que eu ainda não comprei, aqui estresso a palavra ainda dado meu transtorno obsessivo-colecionista); 7) é de graça, amigos, o que pode ser melhor do que isso?
Desde que esse automa abrilhantou meu Sagrada, ele tem visto mesa de forma sistemática e já testei ele contra diferentes níveis de dificuldade com um bom escalonamento. Dessa vez, quando venço no jogo sinto que foi uma vitória real e que mereci conquistá-la. Nem a vitória e nem a derrota ocorrem em função do acaso agora.
Muito embora eu tenha reserva a versões não oficiais de modos solo, em alguns casos a gente se surpreende (eis aqui um spoiler bárbaro do próximo texto, a ser lido ao som de Nick Cave & The Bad Seeds e sua Red Right Hand). Esse aqui foi uma grata surpresa e espero que a Floodgate incorpore esse grande adendo ao jogo como parte de alguma expansão, desenvolvendo-o melhor e aprimorando o design gráfico. Ao criador restam apenas meus sinceros agradecimentos e palmas.
Nossa comunidade é foda.
Se você gostou desse texto, não se esqueça de clicar no botão de curtir aqui em baixo. Inscreva-se no canal para acompanhar as próximas postagens e confira os outros que já estão disponíveis.
E lembre-se: TOGETHER, WE GAME ALONE!