O isolamento social virou uma das melhores formas de enfrentamento à pandemia. Filmes, séries, livros e até Jogos de Tabuleiro entretêm quem quer ou precisa estar sozinho.
Para matar o tempo, resolvi organizar minha coleção de livros raros e fantasiosos de
Ex Libris (Galápagos Jogos) em modo solo. Locais prontos e gnomos a postos, corri para adquirir os melhores livros e garantir minha licença de bibliotecário!
Jogando com a Bruxa, tive o poder de revelar uma nova carta sempre que adquiria livros banidos. Isso era bom para me livrar de penalidades, mas permitia que a Biblioteca Pública crescesse.
Pois é. Para ganhar minha licença eu precisava superar os pontos da biblioteca da cidade, composta justamente por todos os livros que eram descartados durante a partida.
Diferentemente do modo
multiplayer, as opções de locais reduziam entre as rodada enquanto meus assistentes faziam trocas de livros em feiras, compravam com vendedores e até arriscavam na Casa de Apostas.
Tentei focar nas Obras Ilustres, mas não superei os exemplares de Códices Corrompidos da Biblioteca Pública. Mesmo com pouquíssimos livros banidos de Feitiços e Poções, pontuei baixo em variedade de categorias.
Minha Solicitação Oficial de Licença de Bibliotecário S-42a não foi aprovada. E o modo solo, foi?
Ultimamente, autores e editoras estão mais preocupados em desenvolver e vender jogos compatíveis com um modo solo. Isso é excelente!
Jogar sozinho pode ser útil para conhecer um jogo, aprender regras, sanar dúvidas e desenvolver estratégias. Funciona para quem tem dificuldades em reunir grupos ou simplesmente curte colocar o jogo na mesa sozinho.
No entanto, modo solo pode não ser tão bom... E aí, onde está a culpa?
Jogos que são adaptados para um único jogador tendem a possuir mecanismos que simulam ações ou pontuações de um adversário virtual.
Em
Clãs da Caledônia (Meeple BR Jogos) existem espaços bloqueados no mapa, contratos que são removidos durante a partida e um mercado que flutua preços através de rolagem de dados. O jogo preocupa-se em simular a condição em multijogadores para uma sensação já conhecida. Como resultado, temos faixas de pontos que determinarão o desempenho do jogador.
Já em
Viticulture Edição Essencial (Grok Games) cartas de
Automa fazem a vez do adversário no bloqueio de ações a fim de transmitir aquela mesma sensação. Aqui o interesse vai além da pontuação: é vencer ou não o jogador virtual - nesse caso superando os pontos determinados desde o início.
Ex Libris perde a preocupação em criar mecanismos de simulação de um oponente fazendo uso simplificado de cartas descartadas - geradas em grande parte pelo próprio jogador - e traz com isso uma pontuação rival variável.
A utilização desse recurso deixa a construção do
pool de cartas descartadas desproporcional à biblioteca montada pelo jogador e, mesmo que a Biblioteca Pública deixe de pontuar em alguns quesitos (como estabilidade da estante), infere numa aleatoriedade grande de livros (ícones) suficientes para atrapalhar o acompanhamento desses descartes e variar bastante a pontuação final.
Na prática, falta a sensação de progresso que existe no modo original resultante do acréscimo de novos locais de ação, da corrida pelas melhores cartas e da construção simultânea das bibliotecas - visíveis a todos.
Vale destacar que não sou fã de modos solo, mas reconheço o esforço dos
designers em entregar o melhor produto possível para diversão de quem realmente gosta.
Ainda arriscarei jogos a só, mas em
Ex Libris prefiro lutar para me tornar o Grão Bibliotecário entre meus amigos e, enquanto eles não aparecem, ler um bom livro.
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Originalmente publicado em Mais que Jogo: Ex Libris + modo solo
Mais do assunto:
Dicas para conhecer mais
Em texto:
1 Player Guild Brasil,
Por que jogar solo?
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Regras, Review e Gameplay
Em áudio:
GONGCast,
Por que jogamos Solo? GONGCast #09