Como escritor aprendi muito ao passar vários anos desenvolvendo e aprimorando um jogo de tabuleiro/boardgame chamado Sobrevivência na Amazônia.
Os Jogos de tabuleiro / boardgames evoluíram muito nos últimos 50 anos e junto com eles cada vez mais pessoas de variadas faixas de idade continuam se apaixonando e descobrindo essa possibilidade de apresentar universos temáticos e proporcionar vivências, experiencias e emoções intensas de forma lúdica.
É um trabalho de longas pesquisas, de fazer e refazer, equilibrar vários fatores como criatividade, design, custo e forma. Fazendo e aprimorando um protótipo, desde a versão mais básica até algo que vai evoluindo em conteúdo e forma.
Comparando com o escritor e um livro, o protótipo de um jogo (em suas varias versões) é como um projeto inacabado mas que você pode mostrar e testar com possíveis leitores. Isso cria uma grande interação e troca de ideias.
De alguma forma você precisa mesmo mostrar a cara e conversar com seu público, sentir a reação dos jogadores durante os playtestes e procurar encontrar a forma final.
E também dividir junto com as pessoas que junto com você encararam este desafio. Nunca é um trabalho solitário. Tem a parte da ideia do jogo em si e muitos detalhes como design, ilustrações, mecânicas , regras e material. É algo bem completo, e por isso trabalhar em equipe enriquece.
O interessante é que o criador de jogos precisa armar um universo autossuficiente. Ele tem que existir sem a sua presença ou interferência, com jogadores tomando conta das cenas e ações. Tem que proporcionar algo simples: fazer as pessoas abrir a caixa e começar a jogar.
Quanto mais imersivo e criativo um jogo, mais envolvimento provoca nos participantes, o que cria um cenário de interação forte, humana. E com um valor que a vida digital não supera, horas de imersão e diversão com amigos e até com gente desconhecida. O que vale é este ato de jogar que faz o tempo passar sem que a gente veja.
O ato de criar é assim, poderoso. Uma boa história continuará sempre tendo impacto independente da mídia ou formato.
Escritores podem entrar muito bem nesse jogo como em outras mídias (vídeos, quadrinhos, teatro e outras áreas).
Todos tem algo a mais a ganhar. Na ficção e na realidade.
Para mim, todos estes anos de trabalho não foram vão., Pesquisei muito sobre a Amazônia e aprendi muito. Vendo pessoas jogarem e experimentarem um pouco desta imersão na Amazônia dá uma sensação boa, de um trabalho que encontrou seu tempo e seu caminho.
Vale a pena. Aventurem-se! Escritores e Criadores de Jogo tem muito em comum e muitos universos a criar e desafios a vencer.
Roberto Tostes
Game designer do Jogo - Sobrevivência na Amazônia - Boardgame Vencedor do melhor Protótipo Diversão Offline 2017, financiado pela Catarse emnov/dez 2018 produzido pela Ludens em 2019.
Site: Jogosobrevivencia.com
https://www.youtube.com/watch?v=37cslahzNtI