Por Anthony Boydell
Fonte: https://www.boardgamegeek.com/blogpost/54654/designer-diary-its-all-past-now-or-designing-guild

Todos os meus filhos frequentaram a Pauntley Primary, uma pequena escola localizada na zona rural de Gloucestershire com vista para as colinas de Malvern. A aldeia é tipicamente rural, com suas fazendas, casas isoladas, e estradas mal conservadas; onde é atípico, no entanto, é a sua história: Pauntley foi o berço de Sir Richard Whittington (1354-1423), um comerciante e político medieval que é mais famoso por ser Lord Mayor de Londres (quatro vezes). O folclore britânico reconta a história de Dick Whittington, com aventuras estrangeiras adicionadas a um famoso gato. Eu estava curioso para saber a diferença entre o moderno "político" Mayor de Londres e esta alternativa medieval, por isso, quando a pessoa começa a ler sobre Lord Mayor, rapidamente é introduzida a ideia de "Guilds":

Londres: a maior, a mais importante e mais rica cidade da Inglaterra nos períodos medieval e moderno. As guildas desempenharam um papel importante na vida dos cidadãos de Londres, controlando a forma como o comércio, fabricação e negócios foram realizados na cidade. Os membros das alianças, as liverymen, eram homens ricos que foram nomeados para as posições mais influentes na comunidade e empunhadas com imenso poder civil. O principal representante das corporações tornou-se o Lord Mayor de Londres, e os principais representantes das corporações se tornaram seus vereadores. As guildas correram a cidade controlando seu comércio; cada uma tinha seu próprio Hall e seu próprio brasão de armas (libré) e os principais representantes reuniam-se no Guildhall para discutir as grandes questões do dia.

Antes de irmos em frente, este diário não entrará em detalhes sobre como o jogo funciona.

Guilds of London é um jogo de controle de área impulsionado por cartas na qual o momento e a aplicação de combinações ("combos") são fundamentais; se eu fosse fazer um "comparação", gostaria de sugerir Blue Moon City conhecendo El Grande conhecendo {inserir nome de qualquer jogo de cartas TCG aqui}. Durante o jogo, você recruta, coloca e manipula suas Liverymen em alianças recém-formadas, construindo sua base de poder para que possa alcançar o status de Mestre. Alcançar o controle de alianças fornece pontos de vitória e, sobretudo, ações adicionais (gratuito) que você pode explorar, auxiliando seus desenvolvimentos futuros na cidade. O jogador com mais pontos no final do jogo torna-se o Lord Mayor de Londres.




Projetando Guilds of London

Devido à passagem de muito tempo, a minha recordação é um pouco confusa, mas Guilds of London já era um projeto em andamento no momento em que tive com a Surprised Stare Games uma conversa ferroviária que levou a Snowdonia. Eu tinha acabado de começar a trabalhar em Londres e fui obrigado a viver longe de casa durante a semana; as noites foram recheadas com jogos - quase exclusivamente Magic: The Gathering - e, de fato, o primeiro protótipo foi puxado para o Magic. Você não precisa passear para muito longe em Londres para receber um tapa na cara com a sua herança incrível, e um pouco de leitura revelaram um mundo rico em história, com uma hierarquia intrigante de poderosas organizações curiosamente nomeadas e seus ornamentos, rituais e tradições de ostentação.




Pesquisando as Guildas

Eu gosto de mergulhar na pesquisa do tema de um jogo, de preferência por meio da coleta de livros raros e incomuns sobre esse tema. A história de Guilds of London começa com o livro certo; além de ser repleto de fatos, ele tem uma página dupla com pequenas fotografias das Companhias. Esta foi a semente:




Meu próximo livro é de outra histórica série, desta vez dos anos 1950 e 60; há muito aqui sobre as Plantações, um elemento-chave de pontuação:




Em minhas viagens para Londres, achei a seguinte exploração detalhada da forma e funções da Guildhall, o ponto de encontro de todos os membros seniores; isso inspirou os "edifícios especiais":




Eu também peguei esse guia completo de Armorial Bearings - os Liveries, os "escudos" - suas estruturas, o que os símbolos representam, e o que a simbologia significa. Usei este livro para redesenhar todos os escudos de Guild para os meus protótipos. É um belo livro para apenas ler:




A peça da resistência, porém, é esta raridade: um livro de apenas 500 cópias, exigindo reverência para virar suas páginas grossas e texturizadas:




Desenvolvendo Guilds of London — 1

O primeiro protótipo foi um grande deck de cartas multi-função e nada mais; elas poderiam ser jogadas como Guildas, ser usadas como dinheiro, para mover seus liverymen (suas fichas de controle de área), e (tentar) assumir o controle das Guildas já em jogo. A gama de efeitos de cartas era muito limitada, e o primeiro jogo - há muito tempo atrás com Richard e Jimmy, antes de um Magic - foi bastante medíocre.



No entanto, a partir de tais princípios desfavoráveis têm surgido muitos grandes jogos, e eu não podia deixar que este assunto rico e delicioso afastasse. Por isso, decidi construí-lo novamente: eu separei as Guildas do baralho de cartas de ação, dando-lhes tiles próprios e aumentando a variedade de efeitos das cartas, amarrando-as a temas conforme cor / naipe.

O segundo playtest, alguns meses depois, estava com Jimmy e outro parceiro regular de jogo, Jon Challis. Nós três jogamos durante toda a  noite e tivemos uma sessão extremamente importante; o jogo não só funcionou, mas funcionou fantasticamente. Saí daquela sessão com 80% do jogo que você vê hoje!



Tomando posse de Guilds of London

Por um capricho, depois de mais uma sessão positiva na casa de Jon, entrei em contato com uma das Guildas: Worshipful Company of the Makers of Playing Cards. Eu estava ficando viciado no tema e, regularmente, eu jogava no The Red Herring Pub em Gresham Street (cem jardas da Guild Hall). Eu descobri que poderia realmente ser possível tornar-se um verdadeiro Liveryman! Depois de uma troca de e-mail hesitante, eu levei o Mestre da Companhia para um almoço caro (£ 25 para uma tábua de queijos). E fui, então, convidado para uma das suas ceias oficiais. A ceia foi um evento muito elegante para o qual eu comprei um novo smoking, e presenciei a cerimônia "The Loving Cup". Eu ouviu atentamente todos os discursos. Segue um vídeo útil da cerimônia (não daquela noite):


Deus! Eu nunca me senti tão fora da minha realidade em toda a minha vida!

Desenvolvendo Guilds of London — 2

Vida, trabalho, jogos (e os ajustes de Guilds of London) continuaram normalmente enquanto eu estava dividido entre minha casa e Londres. Com os elementos essenciais da segunda sessão no lugar, me concentrei em refinar as cartas; qualquer mecanismo de baralho compartilhado com poderes distribuídos em suas cartas com custo relativo, os custos devem ser absolutamente certos. Felizmente, eu tinha um grupo de jogo com vasta experiência em jogos de cartas, por isso fomos capazes de detectar as combinações e/ou orçamentos quebrados, tiramos cartas mais fracas, estabelecemos modelos de efeitos, e melhoramos as distribuições muito rapidamente.




Um problema familiar aos designers em todos os lugares: nós geralmente nos referimos como "Problema do Inteiro" no design de jogo, ou seja, definir algo onde o valor 1 é quebrado ou muito poderoso para este custo, mas quando definido como valor 2 fica muito valorizado do ponto de vista da jogabilidade; neste caso, o valor de 1,5 seria absolutamente perfeito. Custear os efeitos de cartas poderosas sofreram com esta questão em particular e foi uma das partes mais trabalhosas no desenvolvimento do jogo.




Algo ainda estava faltando em Guilds of London, e com o tempo marchando sempre para a frente, a minha atenção foi sendo voltada para outro lugar. Ao longo dos próximos anos, concebi e lancei os jogos Scandaroon, Fzzzt!, Totemo, Paperclip Railways, Snowdonia e Ivor the Engine - embora, para ser justo, durante as lacunas entre estas versões eu retornei para Guilds of London em breves períodos. Então, como você pode imaginar, quando Snowdonia decolou, eu mal podia pensar em outra coisa! Guilds of London voltou durante os jogos informais à noite, provocando um "Devo começar a trabalhar sobre ele novamente!". 

Durante os preparativos finais para Ivor the Engine no final de 2013, Guilds tomou sua posição correta nas minhas prioridades. Eu trouxe os dois jogos para a Spiel, onde fiz testes cegos com alguns dos meus amigos internacionais. E o jogo bombou! No dia seguinte, fui visitado por Richard Ham (rahdo) para um "vídeo de visão geral" (que gravamos duas vezes, graças a um microfone desonesto):


Eu amo a energia deste vídeo!

Tal recepção positiva me estimulou, e pelo tempo da Spiel 2014, eu testei algumas mudanças e estava pronto para lançá-lo aos potenciais parceiros de publicação. Enquanto eu dirigia para casa, de volta da Spiel, eu recebi um telefonema de um deles (Intrafin) dizendo que queria assumi-lo e, dentro de algumas semanas, Klemens Franz começou a trabalhar sobre os layouts! Atirei-me em ajudar Klemens porque havia um monte de diferentes elementos que precisava fazer: arte original da caixa, templates para 48 tiles de Guilds, padronizando a iconografia de todas as cartas (105 Ação, 21 Recompensa) e - é claro - as regras. 



Aqui estão alguns dos escudos "alternativos" (Natal de 2014):


A maior parte de 2015 progrediu dessa maneira: perguntas, esclarecimentos, verificação e duplo controle, e - ao mesmo tempo - a minha emoção aumentando para a vinda da Spiel. Imagine, então, quão difícil foi a queda para a Terra quando, em 03 de agosto de 2015 - o dia do prazo para apresentar o projeto para os fabricantes - o nosso parceiro decidiu retirar-se. 

Quando a raiva diminuiu, a Surprised Stare Games se reagrupou, e fizemos várias demos completas sob demanda, e voltei para a cavalgada! E foi bom tudo isso ter acontecido, caso contrário eu não teria conhecido Seth Jaffee ou Andy ou Michael Mindes ou Daniel ou Mischa! A Tasty Minstrel Games restauraram a minha fé no processo e este jogo, definido no passado, ganhou um futuro brilhante!