Cada postagem um reino diferente, mas e se ao invés de falar sobre um reino em específico (ou jogo se preferirem), pararmos um pouco pra discutir aspectos gerais do nosso hobby? Esse tópico é um pouco diferente, um pouco de brainstorm, um pouco de reflexão e também um pouco de externar uma preferência pessoal, refletindo o quanto ela é/pode ser uma preferência de mais pessoas no hobby. Estilo bate papo mesmo, como todas nossas postagens são! Vamos falar um pouco sobre: Jogos médios, seriam eles o "Sweet spot" de um jogador? Digamos que é uma versão lúdica e bem acertada da expressão "nem tanto ao céu nem tanto ao mar?"
Vamos evidenciar alguns conceitos que estão sendo levados em conta, pensar juntos o porquê de jogar títulos nesse nicho dentro do nicho (meio que uma subespécie, se preferir), fazer um Contraponto com os jogos mais pesados/mais longos, dar exemplos de jogos que deram muito certo pro grupo deste kina que vos fala (e vários outros grupos de jogo com os quais interajo), citar apostas em próximos jogos nesse perfil, e fazer algumas amarrações finais. Alerta de texto longo,
para uma leitura mais rápida após ler as linhas gerais, pule a galeria de recomendação de jogos e leia a parte do
“encerrando” , ou separe um tempo maior pra ler tudo
O QUE ESTAMOS LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO?
A primeira questão é o que raios é “sweet spot”? Vindo direto do gringuês, não é só porque estamos num “hobby” de “boardgames” e outros termos importados, que alguém é obrigado a ser familiar a esse termo. Então Sweet Spot = um ponto de otimização ou uma combinação de vários fatores e qualidades. Para o ponto que está sendo colocado aqui, os fatores e qualidades de um jogo médio em relação a outras opções para jogar. Notem que não é sobre ser melhor, mas sobre ser otimizado para vc (ou não), como vamos discorrer na sequência.
O que é um jogo médio? Pelo famoso fórum internacional de costume seria o valor 3 numa escala de 1 a 5 de complexidade. Mas isso varia muito, por ser uma votação aberta ao público, com notas puxando pra cima e pra baixo de tempos em tempos, então consideremos os de 2,7 até 3,3 uma pequena convenção/solução prática (considerando 10% acima ou abaixo do valor cravado) pra lidar com esse valor que é mutável.
Lembrando que dentro da ficha técnica de um jogo no site, a complexidade é uma votação dinâmica, importante também notar que por exemplo
Spirit Island é 4+ mesmo com regras relativamente simples, mas é um jogo onde as tomadas de decisão vão se tornando muito apertadas e complexas (no sentido de se ficar fazendo a segunda melhor jogada, perde). Então não é devido as regras em si, mas ao resolver a dinâmica do jogo a maioria dos votantes do ranking, concorda que se traduz num jogo considerado pesado, nem sempre precisa ter regras obtusas para subir em complexidade.
Trazendo outra questão que é a duração: Se o jogo entrega certa malha de gerenciamentos, via de regra vc não quer ficar com a sensação de que a partida acabou cedo demais, nem que se estendeu de forma enfadonha. Então compondo o quadro vamos considerar os jogos de 60-90 minutos. Assim sendo, estamos falamos de complexidade num grau médio, como explicado acima, e tempo de partida TAMBÉM MÉDIO. Basicamente jogos que vamos apelidar carinhosamente de "médio/médio" remetendo sempre a complexidade + tempo de partida.
O EQUILÍBRIO DE FATORES NO MÉDIO/MÉDIO

Primeiramente um momento de contemplação em torno dessa arte bem elaborada e cheia de efeitos de edição
do paint ... Pronto!

Falando de forma meio zoeira mas também meio intuitiva (se preferirem) sabem quando vc deixa uma comida tempo demais no forno e queima? Aqui ela sempre é tirada na hora "certa". Os jogos dessa bendita categoria vão te fazer queimar a mufa sem causar um incêndio florestal. Nós já vimos relatos quase que de burnout, tipo um esgotamento lúdico, seja pra
Feudum,
Lisboa ou outros titulos devido à complexidade, ou ainda um
Twilight Imperium (Quarta Edição) e afins devido a duração da partida. Outra coisa no nicho em pauta é que na mesma sessão, tem como jogar 2 partidas do mesmo, ou 2 jogos diferentes se preferir. Evidente que também dá pra jogar apenas uma partida, mas que se resolve numa janela de tempo livre que não caberia, por não ser uma janela tão grande assim. Aí você tem sua sessão "plena" de médio/médio, quando não teria, se fossem jogos mais complexos e/ou mais longos.
Acaba sendo uma questão de Tempo livre VS experiência que a partida entrega. Sobre o aspecto temporal, felizes os hobbistas que possuem uma agenda beeeem aberta, ou que conseguem criar no esforço organizacional, as oportunidades para sessões de 4-5 ou 6+ horas (quase sempre o famoso “madrugão”). Uma parcela generosa (e muitas vezes eu mesmo) não consegue, ou quando consegue prefere jogar vários títulos diferentes. A vida moderna multifacetada tolhe nossas areias do tempo de várias formas diferentes, e sem poetizar mais, como ficam o excesso de trabalho, o advento da paternidade/maternidade, o fato de ter outros hobbies? Talvez isso tudo junto a depender da pessoa. Se parar pra pensar não faltam motivos para você "brigar" com o relógio em suas sete fatias bem ou mal servidas semanalmente.
Um Contraponto que cabe aqui é pensar no oposto do que falamos, como um exercício mesmo. Não poderíamos passar sem falar um pouco sobre os Jogos médios/ pesados (complexity 3,4 e acima) e os pesadões mesmo (4,0+), bem como os que demoram 120-150+ de partida. Afinal essa postagem não é sobre exclamar o quanto um nicho com suas particularidades é "bom" em detrimento de outro filão, o que chamamos de médio/médio não sobrepuja nem o muito mais leve, nem o muito mais pesado. A sessão de “partida-evento” tem seu valor, seja um
Mansions of Madness (2ª Edição) que se prolonga de acordo com a aventura, seja o já citado TI 4 com sua crescente de tretas cósmicas através das rodadas, ou qualquer euro que acima de 2 jogadores(3,ou 4+) demande bastante tempo através de Eras ou qualquer outra semântica que o jogo usa pra se estender em grandes rodadas. Em nosso caso, estamos olhando com carinho para sessões (adivinhem só?) Médias também!
Jogadores que apreciam o pesado/pesado (mais uma vez em referência a complexidade + duração) tem perfil mais de amante dos números, "solucionador de problemas", decifrador de códigos, o feeling de ser desafiador pelo gerenciamento e as mecânicas do jogo é o mesmo, mas com camadas e mais camadas adicionais em relação aos médios. O que pra uns ativa paralisia de análise como se não houvesse amanhã (a demora pra conduzir o turno fazendo as jogadas), pra outros é o "jantar"

uma sincera salva de palma pra esses players, que podem ter essa facilidade associada a sua forma natural de raciocinar e de se divertir no hobby, ou foram lapidando, acentuando essa característica... Costuma ser uma soma dos dois também: O inerente + o desenvolvido. Jogos como os descritos anteriormente nas categorias desse nosso texto, não precisam ser vistos como superiores por coroarem o que estamos apontando como o tal do "Sweet spot”, um certo ponto de plenitude lúdica, a questão nem é apontá-los como superiores, chega a ser o contrário, é sobre não ver os jogadores deles como “inferiores”, o que nos leva ao próximo ponto.
A VAIDADE INTELECTUAL E A ABORDAGEM DE CADA UM NA ESCALADA DE COMPLEXIDADE
Uma parte dos boardgamers hard parece padecer de certo grau de vaidade intelectual. A prioridade é dizer de forma mais ou menos escancarada "olha o que a gente faz, olha o que a gente consegue fazer", através de um jogo. Um input de tomada de decisões e um output de pontos numa trilha (na verdade em várias trilhas). Ainda bem que alguns estão dispostos a ensinar, mas dependendo do grupo, rola um "senta aqui pra tomar uma surra de 30-40+ pts". Vamos concordar que dependendo do jogo é isso que vai acontecer mesmo(a surra), mas esse não é o problema. Pode parecer exagerado, mas já vi de perto inclusive em evento, onde as mesas com jogos leves eram referenciados como as mesas das crianças. Então quem curte médio seria adolescente nessa relativização né? Acho esse ponto de vista descompassado pra dizer o mínimo. Tem jogador que não busca ascender na escala de complexity, e é evidente que não existe nada mandatório nesse sentido. A busca dentro do hobby é por diversão das mais diversas formas que se apresentarem, a escalada de complexidade e de autores renomados é (adivinhem só?) apenas uma delas.
Se for um apreciador de complexidade beeeem acentuada, talvez não vá concordar, mas ao invés de ligar o volume no máximo muitas vezes é melhor simplesmente ligar esse volume o suficiente para ouvir sem ruído. A medida correta varia com sua "audição" que seria seu perfil de jogador. Em termos de camadas, nem sempre você quer uma orquestra, mas a substituição não precisa ser apenas um dos instrumentos, pode ser um quarteto de cordas, um violino+piano ou coisa assim. A ideia é ouvir o instrumento, ou conjunto de instrumentos que lhe apraz, e não apenas o máximo de instrumentos possíveis... creio já ter dado pra visualizar a comparação.
Numa bela estrada de exercício do hobby alguns erram justamente numa curva no caminho, a curva de aprendizado! Players de superfície devem ser respeitados como qualquer outro player, pela parcela “hard” dos jogadores, e ainda bem que isso rola bastante, mas deveria haver respeito em 100% dos casos. "Ah mas isso é óbvio né gente?" Claro que é, mas na prática dá umas destoadas dependendo do grupo, e do possível ego inflado de alguns membros. Se vc tem exercido o hobby sem testemunhar nada disso consigo ou com outros, ótimo! Tá com uma pool de gente boa praça, que inclusive tem uma chance boa de ser a maioria por onde você andar! Caso já tenha visto esse comportamento, sabe do que estamos falando. Se acha bobagem, pode ir voltando 3 casas. Tal postura não é regra, mas fica um pouco “acima” de uma exceção, embora não preocupe o suficiente para ser uma problemática constante, preocupa a ponto de valer ser citada ao menos.
Deixando um pouco de lado os jogadores, vamos falar sobre alguns jogos? Destacando o porquê de terem um "lugar ao sol" nessa categoria aqui celebrada e discutida.
Mural de Jogos “MÉDIO/MÉDIO”
Vamos exemplificar um pouco, dentro de 3 categorias de jogos o porquê de vir pro "paraíso do médio/médio"? Nessa segunda metade, falaremos de 6 "jogos-exemplo" mesclando a abordagem que o jogo faz, com o feeling de partida entregue, externando como eles contemplam essa questão de estar no perfil específico do texto. Estamos nos referindo a 2 aclamados, 2 menos conhecidos, e 2 promessas. Como o ranking as vezes muda, estamos levando em conta a complexity do momento em que escrevemos.
--2 JOGOS ACLAMADOS--

Lost ruins of ARNAK: 2.88 30-120 minutos. Direto de 2021 Arnak chegou arrebentando de hype e quanto mais gente jogava os aplausos iam se acumulando. Do mais alucinado "jogo perfeito" ao mais comedido "não inova, mas entrega bem as amarrações". O jogo se consolidou e acumulou prêmios e indicações de prêmios. Pra não gerar contradição, é fato q a ficha técnica diz q pode chegar a 120 minutos, e estamos olhando para "até 90min" mas só chega a 120 se for primeira partida e/ou com 4 jogadores. Gerenciamento de mão e recursos, deck building com ativações imediatas e em turnos posteriores, + worker placement. Tudo muito bem apresentado em termos de componentes e arte. Tabuleiro com lado alternativo, pra quem curte, tem solo muito ajustável e consistente com campanha no site oficial e por aí vai.
COMO BRILHA NO TERRITÓRIO MÉDIO/MÉDIO: as mecânicas não brigam entre si, comparecem em sintonia (um Frankenstein ou quimera bem feito) e que tem muita coisa acontecendo, muitas opções, mas que convergem pra uma subida na trilha de exploração, no tempo certo, vc tanto sente progressão, quanto termina querendo que tivesse mais uma rodada. Essa bendita trilha inclusive é o único alvo de uma crítica mais recorrente por quem
ousou não gostar não gostou do jogo, pois ela apresenta bifurcações e algumas opções, mas para alguns, em vários momentos fomenta o feeling de ser apenas uma grande corrida com entornos e detalhes bem elaborados. Eu não concordo, mas entendo quem observou assim. O preço exorbitante de 550-600 também não ajuda a entrar em algumas wishlists, ou até entra nelas mas não transita pra coleção.
Terraforming mars: Projeto Ares 2.89 45-60 min. Esse também de 2021 porém quase alcançando 2022 (pro esquema BR veio em fevereiro/22). Se sacudiram o Terraforming tradicional e o
Race for the Galaxy numa
sala escura mesa de projetos, e lá foi gerado esse híbrido não cabe a este kina que vos fala afirmar, hehe. Agora vale sinalizar a seleção de ação, e ação simultânea, gerenciamento de mão e engine building arrojados desse título. Se vc deixar de lado a já citada questão de ser derivado do Race, pode apreciar uma corrida das boas, de índice de terraformação (vc quis dizer, victory points).
COMO BRILHA NO TERRITÓRIO MÉDIO/MÉDIO: Começa pela pequena grande assimetria entre as corporações de cada jogador. Devido aos combos e obtenções de recurso, fica em destaque a leitura de mesa, dentro da expectativa de resolver as ações na hora certa, pra maximizar sua escolha e tentar pegar carona nas que foram selecionadas pelo oponente. Retrabalha e reapresenta muito bem isso, mesmo já tendo sido visto em jogos como
San Juan (2ª Edição) e Race for the Galaxy. Naturalmente é sobre tentar fazer os combos mais otimizados e tentar participar da forma mais efetiva das 3 corridas de endgame (a saber: oceanos, oxigênio e temperatura). Como são vários pontos semelhantes e outros tantos iguais ao irmão mais velho (ou pai mesmo), não dá pra deixar de comparar, mas o jogo emerge como muito mais do que um "recorte" que fique remetendo apenas a uma abordagem mais rápida, pra "zerar" Marte. Falando em clock é interessante como o jogo inicia estilo "água parada" (com ou sem o trocadilho com os oceanos) e logo depois começa uma reação em cadeia com a preocupação em monitorar mais oponentes e participar direito da terraformação. Então não é apenas rápido, tem claramente um momento guerra fria e depois é dada a largada de verdade, com poucos momentos pra parar de correr (se acontecer uma "parada" com o jogo avançado, vc tropeçou na sua engine e tende a ficar pra trás). Estão vindo 3 expansões, o que resulta do sucesso do título.
EXTRA: Menções honrosas dessa categoria de jogos aclamados
Everdell: 2.81, 40-80 minutos. Só joguei uma vez, portanto não é o suficiente pra uma opinião totalmente centrada. Flui que é uma beleza, apertando pra depois abrir as porteiras. Merece menção honrosa com toda certeza, só não toma a posição dos 2 acima, pq não joguei mais, então ele não se solidificou na minha pool. Tá fortemente na wishlist ,devo salientar.
Wingspan 2.44 40-70 min. Ele checaria todas as caixas, mas devido ao 2.44 transita pro território do leve-médio, então teve q ficar de fora. Não pousa aqui no que essa postagem tá trazendo, mas vale ser mencionado por tudo que proporciona em excelente tempo de partida.
--2 JOGOS MENOS CONHECIDOS--
Otys 2.88 60min. Sim, esse é um dos encalhes do mercado nacional. Era 250, baixou pra 150. Cheguei a ver cópias por 90 reais em Black Friday. (Mas isso foi em 2019- quando os preços eram outros). Apesar disso tudo, estamos trazendo ele pq O jogo é um festival de gerenciamento e ação programada, há toda uma pegada de administração “vertical”, trabalhando tua capacidade de premeditação e planejamento, sem esquecer de deixar espaço para o aleatório, o inesperado se faz presente de uma forma muito positiva e dinâmica. Você tentará fazer um certo efeito dominó, seja de coleta ou de gasto de recursos, fazendo uma jogada “ecoar” de forma otimizada nas próximas.
COMO BRILHA NO TERRITÓRIO MÉDIO/MÉDIO: A pool de contratos as vezes é muito próxima uma da outra em termos de requerimentos. Precisa ter timing e leitura de mesa pra não tomar um atravessado dos oponentes... é comum estar a uma jogada de atender um contrato e alguém fazer na sua frente, mas você tanto vai tomar esse tipo de jogada como também vai fazê-la! Pra coroar, tem o X da questão... literalmente! Você gerencia 5 slots verticais, com fichas de ação justamente de 1 a 5. Mas você também dispõe de uma ficha X que pode ser usada como qualquer valor. O ponto alto é o seguinte: Cada ação de 1 a 5 ao ser resolvida, ativa um patrocínio, um bônus de crédito, de bateria, de recursos, uma ativação dupla e por aí vai. Você consegue enxergar claramente como isso melhora cada uma de suas ações escolhidas, mas ao ativar uma ficha X esses bônus são reorganizados, mudando o resultado de todas as jogadas até que outra ficha X promova novas alterações. Isso parece pouco, mas por experiência própria, gera um efeito “WOW” na mesa, pois todos estão de engrenagens girando, pensando nas jogadas, e tem que recalcular novos ganhos e otimizações, é simplesmente lindo haha! Pra não dizer que só há flores, o jogo podia ter entregue mais rejogabilidade, os bônus tem lado A e lado B, e um personagem pode ganhar uma skill variante que é mais player vs player e é só. Mas se curte o panorama da postagem é uma boa pedida. O batendo de kina já detalhou ele
AQUI.
Jester 3.33 45-90min. Esse é nacional pela MSjogos, não é que não seja reconhecido, inclusive está na terceira edição, anteriormente ganhou prêmio na ludopedia, mas vc não vê muita mesa dele por aí...(em termos de fotos em grupos, ou discussões). Só pra vermos como o tal do holofote/hype é estranho. Com certeza não é o único fator, mas teria que entrar em toda uma discussão sobre valorização (ou falta dela) da produção nacional, isso tem várias facetas e desviaria nosso curso, deixemos de lado. A questão aqui é a gestão de mão, o senso de urgência pelo worker placement, bem como o sistema de pontos temporários, de cada uma das 3 rodadas, que você converte para pontos de final de partida ou + recursos.
ONDE BRILHA NO TERRITÓRIO MÉDIO/MÉDIO: Os minigames são muito bem costurados, nada parece estar no jogo a passeio, tanto pela lógica/matemática quanto pela temática. O jogo favorece as possibilidades nas rodadas, através de um câmbio mutável para compra das ações, também mudam os custos para melhorar suas habilidades/capacidades, bem como mudam a pontuação que será gerada resolvendo outras ações (os interesses da corte nas capacidades de atuação do Joker) e assim vai. Duas coisas merecem destaque, por mostrar muito efetivamente que
o jogo de “bobo” não tem nada.

As rodadas serão sempre 3, mas tem o tamanho variável, pois quanto mais se repetir uma ação sendo jogada da mão, mais próximo do fim. Se algum jogador resolver 3 vezes a mesma ação dispara o final. Como são 4 tipos de ações o tamanho mínimo seria 3 e o máximo 9(fazendo todas as ações 2 vezes e fazendo a terceira vez de uma delas), mas dá muita incerteza de quantas vão ser, e isso fomenta mais leitura de mesa ainda.
A outra questão também ligada ao endgame são as "coroas". Esse é um recurso que simplesmente representa o quão bem visto pelo rei você é. Obviamente, o rei tem a decisão de maior peso, mas não manda sozinho na corte, isso é resolvido matematicamente retirando 10 pts de quem tiver menos coroas, e concedendo 10 pts extras pra quem tiver mais. Essa informação fica atrás de biombo, e embora este kina que vos fala não seja fã de informação oculta em biombos, isso funciona com maestria aqui. Você passa a primeira metade da partida pensando que é impossível perder a noção de quanto os oponentes têm, mas passa a segunda metade achando impossível predizer essa informação com exatidão, isso gera uma corrida pelas coroas! O valor de 150 a 200 ajuda bastante, um dos raros casos de preço "justo". O lado negro da força aqui fica com a arte, que divide opiniões entre boa, aceitável ou feia de doer (eu fico com a segunda opção).
Ressaltamos que em termos de jogo com “berço” nacional, é sempre bom ver um
Luna Maris e um
Brazil: Imperial na área, mas eles não comparecem na postagem por ter complexidade e tempo de partida acima do discutido aqui no tópico.
--2 JOGOS "APOSTAS"--
Zapotec 2,71 60-75 min & Founders of teotihuacan 3,25 45-60 min. Apesar de parecer que o tema é civilização mesoamericana, foi coincidência pois o tema aqui é jogos recém lançados, que ainda não deu pra entender qual é a deles com "propriedade". Porém eles prometem, ao menos nesse escopo médio/médio. Engraçado que um deles tá no nosso mínimo considerado(2,7 de complexidade) e o outro quase no limite máximo (que seria até 3,3). Então para um grid de obtenção de recursos, com tabuleiro de 3 áreas com suas particularidades e gerenciamento de mão, + iniciativa variada entre jogadores é zapotec na área. Já o founders of teotihuacan é pra pensar num poliminó/tetris que é mais pesado do que uma parcela generosa dos títulos que focam nessa mecânica, e um puzzle de construção “cartesiana” em 4 quadrantes. O primeiro veio por 320-350 q querendo ou não, está na nova média, o segundo é 400-420 e nas linhas gerais dos grupos que faço parte, quase ninguém conseguiu não achar salgado. Ressalvas a parte são fortes candidatos de dar um belo de um match nessa categoria que estamos discorrendo aqui.
ENCERRANDO...
Cabe deixar claro que nossa abordagem toda teve mais a ver com um recorte de experiências pessoais, e a observação de certo padrão de preferência, do que tentar dizer qual jogo funciona ou deixa de funcionar de acordo com o peso+duração. Como normalmente dizemos aqui no canal: Viva as diferenças de opinião, o lixo de um é o luxo de outro, e cada reino com seus súditos.
Fechamos perguntando como é pra vocês? (caso queiram comentar). O quanto a duração ou complexidade de um jogo (ou as duas coisas) te puxa ou te afasta pra colocar na mesa?
Não precisa ser visto de forma categórica, talvez você apenas jogue todo tipo de jogo, e só podemos dizer que é uma forma bem salutar de exercer o hobby. Também é interessante constatar que seja envelhecendo no exercício do hobby, seja por não ter perfil tão eclético, quase todos temos uma preferência mais acentuada. A minha são abstratos (isso é notadamente outro assunto) e esses médios/médios que encantam e fazem valer a premissa de
não confundir “médio” com “mais ou menos”. 
Por enquanto é isso, essa conversa na forma de postagem não vai entregar algo conclusivo sobre um nicho dentro do nicho, e não é um espelho mágico do mago de nossa torre mais alta, mas esperamos que fomente uma boa reflexão sobre as escolhas que fazemos antes mesmo de iniciar uma partida! Sendo teu “SWEET SPOT” ou não. Vejo vocês no próximo reino a explorar, no nosso formato costumeiro de análise, batendo forte e também BATENDO DE KINA! Até lá!!!