As vezes a gente quer muito fazer parte de algo, independente da dificuldade, e acaba dentro de uma situação repleta de obstáculos. Desde muito cedo sou o tipo de pessoa aficionada por coisas, então ao decorrer da minha caminhada, conquistei algumas coleções diversificadas e baseadas no meu entusiasmo e dinheiro do momento. Com os jogos de tabuleiro não foi diferente, quando comecei a colecionar os mesmos, por exemplo, não tinha nem metade do poder aquisitivo que tenho hoje, e ainda sim, cheguei aos 50 títulos em um pouco mais de um ano. Embora possa parecer o tipo de história que você ver o tempo todo nesses anúncios de vídeo do YouTube, longe disso… vou comentar mais adiante a respeito, e porque não me orgulho tanto assim de alguns feitos.

Quando comecei a colecionar jogos de tabuleiro queria preencher a minha pequena estante da época, toda vez que olhava para a mesma, observava uma caixa em cima da outra e ficava imaginando o quanto seria legal ter mais uma caixa ali, até preencher todo aquele quadrado da estante, então depois o próximo quadrado, assim até que todos os quadrados da estante ficassem totalmente preenchidos por jogos de tabuleiro. Fui contagiado pela vontade de ter jogos de tabuleiro, e não necessariamente pela sua principal função. Quando a gente começa no hobby, queremos todos, do dia para a noite. Queria ter jogo de tabuleiro, e fui comprando sem ter muito dinheiro mesmo — “o segredo”: cartão de crédito e parcelas. Fui focando em jogos baratos, que não ultrapassassem a casa dos 150 reais… ficava horas garimpando por jogos nessa faixa de preço, adorava também transformar 200 reais em 3 jogos ou mais. Quantidade era vida!… Imaginava que ter de “tudo um pouco” faria de mim um colecionador de jogos de tabuleiro experiente.
Na cede por mais, encontrei nos leilões uma forma de levantar mais jogos, mas agora usados e com preços melhores, dependendo do arremate.

Durante algum tempo fiquei aficionado por leilões, mas logo deixei de lado, pois a sensação de jogo novo é uma coisa viciante. Sacrifiquei o “alto fluxo de entradas” para poder comprar mais jogos novos. Lembro de ficar um ano inteiro nesse pique para conquistar uma coleção grande no mais curto tempo na tentativa de “recuperar o tempo perdido”. A sensação de tempo perdido para quem chega no hobby é um negócio agoniante, a gente ver todo mundo falando de jogo XPTO, acha que é obrigatório ter o mesmo na coleção, e começa uma maratona entre si em busca desse jogo que na maioria das vezes nem está sendo mais produzido.

Pouco tempo depois, parei de jogar jogos de tabuleiro, decidi vender tudo, planejava sair do país, viver coisas novas. Os jogos foram em sua maioria leiloados por preços bem generosos. Uma coleção de 50 jogos foi reduzida para uns 10 jogos em mais ou menos um mês e meio. Dos jogos daquela época, apenas uns 7 ficaram guardados no meu coração. — Ainda quero comprá-los novamente algum dia quando tiver a oportunidade.

Bem… a gente que tá no hobby há algum tempo tem noção do desfecho dessa história toda. Motivações fracas não costumam proporcionar sucesso, algo válido também para muitas coisas na vida. Minhas motivações não eram das melhores, minha coleção muito menos. Eu tinha muitos jogos, mas poucos realmente do meu gosto. Acontece… a gente aprende, toca o barco e evolui com o aprendizado.

Quando comecei a comprar jogos de tabuleiro novamente, já com outra perspectiva do colecionismo de jogos de tabuleiro, procurei por jogos diversificados e divertidos para jogar com a minha parceira e amigos. Antes queria mais saber de colecionar, atualmente quero mais me divertir mesmo. Ao dar início em uma nova coleção de jogos de tabuleiro, percebi que o começo da minha primeira coleção estabeleceu as regras da minha atual coleção.

Acontece… a gente aprende, toca o barco e evolui com o aprendizado.

Atualmente tenho uma coleção cujos títulos foram escolhidos com muito carinho. Cada jogo na minha coleção brilhou na mesa e me proporcionou uma experiência única. Os jogos que não me agradam tem seu cantinho na região inferior da minha estante, porém seus destinos estão traçados, logo serão vendidos ou doados.

E foi assim que começou as minhas aventuras colecionando jogos de tabuleiro, compartilhe com a gente como começou a sua coleção!