Quando comecei a colecionar jogos de tabuleiro, tinha muito medo de avariá-los, mesmo algo extremamente superficial, então fui logo ver como a galera protegia seus jogos, e nessas encontrei várias dicas muito legais, alguma delas eu adotei, mas aquela mais presente foi a de colocar sleeves. Eu passei a colocar sleeves em todas as cartas que meus jogos tinham, logo carta nenhuma da minha coleção estava desprotegida. Eu tinha um tipo de “
TOC” que não me deixava se quer pensar em jogar um título sem colocar sleeves, inclusive já cheguei a ficar meses esperando achar a medida certa de sleeves de uma cartinha para poder jogar algum jogo.
Houve um momento da minha vida que comecei a me desfazer de muitos títulos, todavia depois de um período ausente, resolvi voltar a colecionar, agora de um jeito menos rigoroso, e muito mais inteligente. Foi nesse meu retorno aos jogos de tabuleiro que comecei a entender melhor algumas das minhas obsessões de proteção. Quando havia vendido alguns jogos no passado, percebi coisas interessantes: estavam em condições praticamente impecáveis devido a quantidade de proteções, poucas vezes jogados, e com preço de venda bem generoso. Era notável que aqueles jogos vendidos não careciam de tantos cuidados, já eram bem “grandinhos”, e poderiam se cuidar “sozinhos”. Não precisei de mais razões para concluir que não estava apreciando meus jogos da melhor forma. Como estamos falando de jogos do tipo tátil, de que adianta comprá-los se não pudermos tocá-los de um jeito que satisfaça essa vontade de tocar sem medo de ser feliz.
Sempre fui cuidadoso com as minhas coisas, mas o excesso de cuidado nunca foi saudável, pois muita das vezes acabou me privando de apreciar tudo que aquele objeto tinha para oferecer. Com os jogos de tabuleiro não era diferente, então precisei aprender a lidar com minhas obsessões e entender que como tudo na vida, os meus jogos de tabuleiro estavam sujeitos a imprevisibilidades, e sinceramente não há muito o que ser feito contra isso. Quem nunca colocou proteção em uma carta e mesmo assim conseguiu danificá-la? Quem nunca avariou alguma parte da caixa do jogo mesmo protegida com plástico filme? Ou estragou algo com o jogo parado na estante?… Há muitos “riscos” do tipo nesse
hobby, e manter obsessões de cuidado em algo tão coletivo como os jogos de tabuleiro pode acabar tirando um pouco do brilho da coisa.
Será mesmo que precisa de tudo isso?
Longe de mim dizer que devemos parar de tomar cuidados com nossos queridos jogos de tabuleiro, mas ainda sim é válido dizer que proteção demais realmente não convém. Atualmente não coloco mais sleeves, por exemplo, e tento me desapegar do sentimento de medo ao expor as cartas dos meus jogos sem proteção. As vezes é difícil, e respiro fundo, pois tenho um apreço enorme por tudo que meus jogos contém, mas aos poucos tenho aceitado mais a experiência sem proteção. Preciso confessar: é perigoso, mas é mais libertador. Coloque na balança
Perigo VS Liberdade para entender que apesar do perigo ter peso maior na maioria das vezes, a liberdade só precisa de um pouco menos de perigo para sobressair.
Compartilhe sobre os cuidados que você tem com seus jogos de tabuleiro! Reflexões pessoais diversas fazem a gente refletir mais sobre as nossas, e isso pode nos proporcionar uma liberdade maior na hora de apreciar nossos jogos.
+