Ontem (anteontem para vocês) aconteceu o Doff Day, a versão digital do Diversão Offline, grande evento que ocorre todos os anos e reúne diversas editoras, designers e pessoas interessadas (imagine a Comic Con brasileira dos jogos de tabuleiro)
Por conta da pandemia ocorreu essa versão online do evento (ainda vai ter uma versão presencial esse ano)., o que permitiu que várias pessoas que não poderiam participar do evento presencial (como eu) pudessem se encontrar, testar novos lançamentos e bater um papo.
Nesse texto, eu gostaria de compartilhar algumas das minhas jogatinas e experiências do evento.
A melhor forma de prosseguir é por partes. Eu separei o texto em três “capítulos”, um para cada editora, divididos em várias partes (uma para cada jogo)
Vale dizer que eu não terei muitas imagens dos jogos (eu não tirei nenhuma print das jogatinas, afinal nem sei se eu poderia), então me basearei apenas nas imagens compartilhadas pelas editoras em sites ou redes sociais. O link para todas essas estará embaixo do texto.
I - TGM
Dogo Dash é um jogo sobre cachorros, gatos, ursos e humanos (também conhecidos como cookies) (não existe uma história por trás do jogo). Nele, você deve escolher bem a carta que você irá lançar, pois você não sabe o que os seus adversários farão !
Com uma mecânica parecida com a do pedra, papel e tesoura, as cartas possuem suas “forças e fraquezas”. Como assim ? Bem, a carta do cachorro, por exemplo, ganha do gato, mas perde para o urso e para o humano.
O urso, por sua vez, ganha do cachorro e do gato, mas perde para o humano (o humano deve ser o Rambo para derrotar o urso, eu mesmo já teria perdido para o cachorro dependendo do tamanho). Já o humano vence de todos menos do gato, que o encanta.
O jogador que vencer esse pedra papel e tesoura (que ocorre quando todos colocam suas cartas na mesa, falam “Dogo Dash !” e as viram, revelando os resultados) pega e separa as cartas lançadas pelos adversários.
Em caso de empate, os jogadores empatados continuam jogando e “apostando” mais e mais cartas.
Eu joguei o modo normal do jogo, porém ele possui um modo avançado que deve deixar o jogo ainda mais estratégico. O jogo funciona bem, sendo que com várias pessoas ele deve ser mais divertido (estávamos em 3 e o jogo fluiu bem. O jogo suporta até 5 jogadores). A arte é bonita e ele deve funcionar bem com crianças.
O jogo já está disponível para compra no site da editora, junto com o manual e um vídeo explicando as regras com mais detalhes.
II - Adoleta
Em Floresta Encantada, os jogadores estão andando pela floresta encantada para chegar ao castelo. No caminho, eles coletam tesouros e encontram os habitantes da floresta, que os ajudarão a prosseguir.
Devo confessar que esse é um jogo que eu subestimei um pouco. Eu vi as regras do jogo e pensei que ele fosse infantil demais, totalmente baseado em sorte, aleatório.
Creio que o modo normal do jogo seja assim mesmo, mais voltado para crianças, porém eu joguei o modo avançado (e me surpreendi).
No modo avançado existem cartas com efeitos especiais, que impactam muito na partida e permitem não só que você faça uma jogada mais bem pensada, mas que você atrapalhe os seus adversários (todos sabem como eu gosto de uma treta…).
Dessa forma a vitória passa a depender menos de sorte e a depender mais de bom planejamento, assim deixando o jogo mais divertido para a pessoa que está jogando com a criança ou para uma criança um pouco mais velha.
Floresta Encantada também já foi lançado, e seu manual está disponível junto com um vídeo explicativo no site da editora. O jogo está à venda em diversos sites e lojas.
Em Arquimedes os jogadores estão tentando acabar com as suas cartas ao fazer contas matemáticas. Por meio de somas, subtrações, multiplicações e divisões os jogadores inserem suas cartas na conta, assim as descartando.
As contas (ou igualdades !) começam com a última carta lançada, então os jogadores conseguem alterar a ordem em que os números aparecem para atrapalhar outros jogadores (“A ordem dos fatores não altera o produto, mas irrita o seu amiguinho”).
Quando um jogador acaba com as suas cartas da mão ele descarta uma carta de pontos negativos, enquanto os seus adversários recebem cartas de 2-5 dependendo da soma das cartas que eles possuem (o jogador com a menor soma compra o número 2, o que possui um pouco mais do que ele compra o número 3, assim por diante)
Ganha aquele que após 5 rodadas tiver menos pontos negativos.
O jogo é muito bacana. Nele existem alguns aspectos que já foram demonstrados em outros jogos do autor (Reiner Knizia, que é uma carta jogável !), como a parte de acabar com as cartas para não conseguir pontos negativos (que aparece em Lhama na forma de fichas), mas isso não torna o jogo igual a outros, pelo contrário, Arquimedes é um jogo único.
Ele deve funcionar muito bem com a família e com crianças, sem ser infantil demais. Ele é aquele tipo de jogo simples à primeira vista, mas que a cada partida vai ficando mais complexo.
O jogo vem com 14 cartas contando um pouco sobre cada matemático que aparece nas cartas (elas não entram em jogo, mas são interessantes para quem gosta de matemática).
Arquimedes já foi lançado, e seu manual está disponível junto com um vídeo explicativo no site da editora. Ele está à venda em diversos sites e lojas.
- Fora de ordem
(A partir desse momento as coisas vão ficar mais complicadas. Os nomes e temáticas dos próximos dois jogos podem mudar a qualquer momento, sendo que eu não terei imagens para mostrar.
Fora de Ordem é um jogo de trívia onde você deve utilizar das cartas da sua mão para evitar de fazer pontos negativos . No centro da mesa é colocado um hexágono com uma frase do tipo “A invenção mais antiga”, ou “Instrumento musical com mais cordas” no centro e respostas em 5 lados (o sexto lado do hexágono não é utilizado).
Os jogadores recebem 4 cartas com colocações ou símbolos. As cartas de colocação falam em que posição estaria uma resposta ( 1º, 2°, 3º, 4º e 5º, além de cartas com mais de uma colocação, como “3° ou 4°”) as cartas de símbolo significam basicamente “a carta de cima está certa” ou “a carta de cima está errada”.
Eles devem colocar as cartas nas alternativas certas, pois se errarem receberão pontos negativos.
Como você não escolhe quais cartas você recebe, não adianta muito saber que uma balalaica possui 3 cordas se você não possui uma carta que a coloque na posição certa, nenhum jogador sai muito mais prejudicado que o outro.
As cartas te limitam, o que aumenta muito a vida útil do jogo (normalmente em jogos de trívia você acaba lembrando das respostas, então você deve ficar um tempo sem jogar para esquecê-las. Isso não ocorre tanto em Fora de ordem, já que você teria que se lembrar de cinco respostas diferentes por carta).
Eu, como um amante de jogos de perguntas e respostas, adorei o jogo e estou ansioso para o seu lançamento.
Fora de ordem é um jogo de Rodrigo Rego e Leandro Pires.
Bernunças é (por enquanto) um jogo sobre cobras voadoras espaciais (tudo bem, não é exatamente sobre isso. A bernunça faz parte do folclore de Santa Catarina. Deixarei um link da Wikipedia no final do texto para quem estiver interessado em saber mais sobre o assunto).
Nele, você rola dados correspondentes a 3 bernunças (verde, amarela e vermelha). O jogo possui dois modos, um cooperativo e um competitivo. Eu joguei o cooperativo, então é dele que eu falarei.
São abertas cartas que mostram com o que você consegue pontuar e com o que você perde pontos. Além dessas, também existem cartas com habilidades, que se não forem usadas rendem pontos no final do jogo e uma carta com um critério de pontuação principal. Os jogadores começam com 25 pontos negativos e devem acabar com eles até o final da partida.
O jogo começa com alguém jogando os três dados e selecionando um (na próxima rodada o outro jogador só pode girar os dois dados que sobraram).
São tiradas 6 pecinhas de um saco, cada uma com uma cor e “paredes” dos lados que impedem a colocação de outras peças em determinadas posições adjacentes a ela. O jogador pega um número de peças igual ao número do dado e coloca na bernunça da mesma cor do dado selecionado.
O que vai dizer se as pecinhas irão pontuar ou tirar pontos são as cartas abertas na preparação (que nem as três cartas do Sprawlopolis)
Os jogadores jogam até que as peças acabem ou até que não seja mais possível aumentar uma bernunça. São adicionados os pontos das cartas de habilidade não utilizadas e os pontos do critério de pontuação. Se os jogadores tiverem acabado com os 25 pontos, eles ganham. Se não, eles perdem.
Aparentemente o jogo terá um modo solo (pode ser que eu tenha me confundido) e terá uma temática infantil. Esse é o tipo de jogo que eu adoro, com a aleatoriedade bem aplicada e com uma estratégia leve. O jogo é bem dinâmico e passa rápido.
Bernunças é um jogo de Moisés Pacheco.
III- Meeple Br
(todas as imagens do jogo são tiradas da ludopedia, então podem estar desatualizadas, uma vez que o jogo já passou por várias mudanças)
Antes de falar sobre o jogo eu gostaria de compartilhar uma experiência minha. O jogo atrasou um pouco para começar, então eu fiquei no canal de voz conversando com outras pessoas que estavam aguardando os seus jogos.
Nem ficamos conversando tanto assim sobre jogos, conversamos bastante sobre assuntos banais do dia a dia, o que eu achei interessante. É muito legal como em um evento com esse você consegue conversar sobre vários assuntos diferentes, conhecer novas pessoas e se divertir. Foi uma sensação parecida com a do campeonato de Maré Alta.
Recomendo a todos tentarem entrar nesse tipo de evento, mesmo com pouco conhecimento sobre jogos de tabuleiro. você se surpreenderá com o tipo de experiências boas que você terá.
De volta para o texto:
Eletrika é um jogo sobre a distribuição de energia hidrelétrica. Seu objetivo é conseguir o máximo de pontos possíveis por meio da construção de torres, hidrelétricas, postes e subestações. Cada peça se conecta com outras peças específicas, formando o caminho da energia elétrica até a cidade. O tabuleiro é modular, o que o altera sempre, sendo que quando construídos podem ser “reservados” com uma ficha de influência.
Não conseguirei explicar totalmente as regras desse jogo, ele é um pouco mais complexo do que os demais e esse texto já está ficando longo. O que importa é: o jogo é complexo, mas não tão complexo a ponto dele não poder ser jogado com a família, por exemplo. Eu não recomendaria ele para crianças, já que ele possui esse nível de complexidade um pouco maior, a não ser que ela queira ficar brincando com as peças, que são lindas, por sinal.
A construção de torres e outras peças me lembrou muito o Carcassone, já que você deve marcar cada peça sua com um meeple (você possui 5 meeples no total). Após toda a rede estiver feita, você pode pontuar e retirar os meeples (de forma bem resumida).
Resumindo, esse é um jogo bom, e pretendo jogá-lo novamente assim que possível.
Eletrika é um jogo de Lucas Machado Rodrigues
Esse foi o Doff Day, um evento que ocorreu ontem e já está deixando saudades. Infelizmente eu não pude jogar tudo, mas quem sabe se não teremos mais oportunidades no futuro.
Eu quero deixar um agradecimento a toda a equipe do Diversão Offline que proporcionou essa experiência incrível, a toda a equipe da TGM, da Adoleta e da Meeple Br, pois todos foram muito gentis, ajudaram quando necessário e trouxeram estes jogos maravilhosos para a gente e deixo um agradecimento a todos que jogaram comigo, espero vê-los numa próxima !
Como esse foi um texto muito extenso e eu falei sobre jogos ainda não lançados, eu posso ter cometido erros. Caso haja algum erro, sinta-se livre para me avisar nos comentários, assim eu o corrijo. Caso você tenha alguma dúvida sobre algum dos jogos citados ou queira compartilhar sua experiência ou opinião, sinta-se livre para mandar nos comentários, ficarei feliz em ver sua mensagem !
Links:
Site da Meeple Br (lá se encontram o instagram, facebook e youtube deles):
Site do Diversão Offline:
Página na Wikipedia sobre bernunças:
A bernunça da seguinte imagem foi tirada do site da prefeitura de Florianópolis:
