Nas profundezas da floresta vivem um dos mais perfeitos caçadores na natureza. Vivendo em bando, essas feras desenvolveram estratégias de caça invejáveis. Seu olfato aguçado, que permite farejar um alvo até 5 km de distância e sua visão noturna permitem que cacem em qualquer hora do dia, apesar de preferirem atacar de noite. A matilha cerca e encurrala a presa. O ataque quase sempre é fatal. Seus dentes são fortes o suficiente para quebrar ossos. Venha descobrir a sensação de ser o líder de uma matilha de lobo. The Alpha Tá na Mesa!
The Alpha é um jogo criado por Ralph Rosario em 2020. De três a seis jogadores, com duração média de 45 minutos, em Alpha os jogadores controlam uma matilha de caça lupino em busca de comida na floresta.
- Alpha é aquele cara esperto que manda em todo mundo nos jogos coop.
Duplamente errado, cão sarnento. The Alpha é um interessante jogo que junta Controle de Área com Blefe (Nota da Sra. Slovic: Uma combinação nada comum). Os jogadores têm seis rodadas para levar sua matilha aos mais diversos campos de caça e conseguir o máximo de comida possível para o bando. No tabuleiro há diversos animais para atacar, desde grandes alces até uma inofensiva lebre (Nota do Sr. Slovic: A quantidade e tipos de presas depende do número de jogadores).
No seu turno o jogador decide onde atacará, distribuindo seus lobos pelo tabuleiro. Depois de todos os lupinos forem alocados, quem tiver a maioria, joga os Dados de Caça para determinar quanta comida conseguiu (Nota da Sra. Slovic: Que pode até ser zero). Caso dois ou mais jogadores tenham colocado a mesma quantidade (Nota do Sr. Slovic: O alfa de cada matilha conta como dois para verificar a maioria) acontece um Conflito.
Os jogadores que estiverem no Conflito escolhem se irão Atacar ou Compartilhar. O voto é secreto e revelado ao mesmo tempo. Se um decide atacar e o outro compartilhar, o primeiro fica com todo o espólio da caça. Se os dois compartilharem, dividem a comida. E se os dois atacarem, ninguém ganha o cobiçado prêmio e ainda ficam com um lobo ferido (Nota da Sra. Slovic: Na verdade, caso tinha um em segundo colocado no cálculo da maioria, mesmo não participando do Conflito, ele fica com a carne). Essa dinâmica é conhecida como o Dilema do Prisioneiro, que é um clássico problema da Teoria dos Jogos.
- Quando é que o lobo foi preso? Perdi essa parte.
Santa ignorância, Wolfman! Como você conseguiu concluir isso? O Dilema do Prisioneiro representa um dilema entre trair e cooperar. Imagine que dois comparsas foram presos e estão sendo interrogados em salas separadas. A cada um é dada a oportunidade de conseguir sair ileso da cadeia se entregar seu parceiro. Se um delatar e outro não falar nada, o primeiro escapa da prisão condenação e o segundo tem a pena aumentada. Se os dois ficarem em silêncio, ficarão presos por menos tempo. E com os dois se acusando, ambos serão presos pelo tempo normal.
Viu a conexão com os lobos? A cooperação é o melhor caminho e os jogadores podem até combinar o voto, mas o quanto se pode confiar no adversário? A traição dá melhor resultado, mas também corre o risco de ter um lobo a menos na próxima rodada. Ou perder pontuação se for no último turno. Qual a melhor escolha? E quando mais de um jogador entra no Conflito, as coisas ficam bem complicadas. Há todo um ramo de estudo sobre o assunto e The Alpha pode ser usado para ensinar e introduzir o pessoal em Teoria dos Jogos.
- Sou fera em Teoria do Jogos. Já pensei em fazer um montão de joguinho da hora: jogo da memória das cores amarelas, dominó das frutas da parreira, siga a trilha com o resultado do dado, pergunta e resposta sobre minha vida...
Sinto lhe informar, Tia da Educação, mas isso que você citou nem é jogo tecnicamente (Nota do Casal Slovic: Se ficou intrigado com afirmação, procure saber mais com o Instituto Jedai) e depois Teoria do Jogos é a área da matemática aplicada que estuda situações estratégicas e tomadas de decisão que um indivíduo faz quando depende de ações de terceiros. Agora voltando ao jogo, existe dois locais no tabuleiro que nunca haverá Conflito. No Rio, onde todos conseguem comida (Nota da Sra. Slovic: Só um ponto, mas é melhor que nada) e na Fazenda, onde a caça é farta e só um lobo pode ir, mas corre o risco se levar tiros do fazendeiro e morrer (Nota do Sr Slovic: Esse não vai para a área de machucados para voltar em dois turnos. Saí do jogo permanentemente). No fim do quinto turno, quem tiver mais pontos vence a partida.
No geral, The Alpha é um bom jogo. Ele pode ser tenso como The Resistence, com cada um colocando a faca no pescoço do outro, ou mais calmo como Coup, onde há tensão no ar, mas no fim é um jogo civilizado de Damas e Cavalheiros (Nota do Sr. Slovic: Ou pelo menos era para ser). Caçar um animal maior não é garantia de conseguir grandes pontos. Quanto maior o prêmio maior o perigo de não conseguir nada. Búfalos e Alces gostam de uma boa briga e não se entregam facilmente. Mas também ficar só atrás de castores, lebres e salmões não leva a lugar nenhum (Nota da Sra. Slovic: Talvez nas últimas colocações). O jogo não é sobre sobrevivência, onde um pouquinho todo dia leva a longe, mas sim sobre quem consegue liderar a matilha em grandes caçadas bem-sucedidas. Quem será o Alpha de toda a floresta.
E é isso.
