A escravidão surgiu junto com a humanidade. Tribos rivais eram conquistadas e vários de seus membros se tornavam escravos dos vencedores. Muitas civilizações foram erguidas com trabalho escravo: Atenas, Egito, Roma, China, Arábia, Mali, Gana. Uma das origens da palavra vem do latim “slavus”, que significa Eslavo, pois muitos escravos romanos eram de origem eslava. A escravidão, até então, era essencialmente uma atividade social e política, porém no século XV a Europa criou um modelo de negócio altamente lucrativo usando o tráfico de pessoas. Milhões de africanos foram sequestrados e levados para a América para trabalhar em lavouras, com jornadas gigantescas de trabalho e condições de vida precárias. O negro deixou de ser visto como um ser humano e passou a ser simples uma reles mercadoria, que poderia ser facilmente trocada caso quebrasse, mas haviam pessoas que não aceitavam tal situação e um movimento de libertação começou pelo mundo. Até que a escravidão fosse abolida, houve quem ajudasse os cativos a fugirem para locais onde seriam protegidos. E um dos grandes movimentos desse tipo aconteceu na América do Norte. Aproxime-se, pois vou contar mais dessa história infelizmente não tão conhecida como deveria, Freedom: The Underground Railroad Tá na Mesa!
Freedom: The Underground Railroad é um jogo do 2013, criado por Brain Mayer. Para 1 a 4 jogadores, com duração média de 90 minutos, em Freedom os jogadores devem ajudar escravos a fugirem do Sul dos EUA indo até o Canadá.
- Eita, um jogo de lacração.
Bem que você podia lacrar sua boca de vez, seu infeliz. O período da escravidão na América é uma triste mancha na história da humanidade que não pode ser ignorada, mesmo que muitos queiram. Freedom é um jogo cooperativo onde o objetivo é salvar um determinado número de pessoas antes que uma dessas três condições aconteçam: não há mais navios negreiros chegando ao porto, os três decks de cartas terminem ou uma quantidade já estabelecida de cativos morram.
Todo começo de turno chega um navio negreiro ao porto. Todos os cativos devem ser colocados em uma das três plantações, que tem espeço limitado. Caso o escravo não for alocado, é considerado morto. Os jogadores movimentos os liberto através de fichas que são compradas a cada rodada. Cada jogador pode comprar até duas fichas. Algumas servem para arrecadar dinheiro para a causa e essas são gratuitas. Conforme o jogo avança, os anos vão passando e as fichas ficam diferentes, tando no preço quanto no tipo de movimento ou de fundos. Freedom é daqueles cooperativos que ficam mais difíceis conforme o jogo chega ao fim.
- Ué, cade o Willian Walace nesse jogo?
Eita piadinha mais forçada, rapaz do bunda-lelê. O jogo se passa em meados do século XIX, nos EUA (Nota do Sr. Slovic: E não na Escócia do Século XI. E sabia que a história de Coração Valente não é tão baseada em fatos reais quanto o pessoal acredita?) e por isso os jogadores representam pessoas ligadas ao movimento abolicionista. Cada jogador escolhe um personagem que tem uma habilidade especial que só pode ser usada uma vez durante a partida, além de um benefício que pode ser usado todo o turno (Nota da Sra. Slovic: O legal é que boa parte desses personagens são ex escravos, que agora ajudam seus irmãos).
O jogador também pode comprar uma das cartas que estão na trilha de compra. Elas podem ser do tipo instantânea, permanente ou para ser usada a qualquer momento. Essas cartas trazem eventos reais que aconteceram nos EUA e que ajudaram a abolição. Mas também exitem as Cartas de Evento, que normalmente são leis para impedir a libertação dos escravos ou pessoas contrárias ao movimento. Algumas ficam ativas enquanto não forem compradas e outras se ativam se não forem compradas antes de sair da trilha de cartas (Dica do Sr. Slovic: Como se pode ver dinheiro é importante para o Underground Railroad).
- Que burro, dá zero para ele! Eu sei que essa palavra significa metrô em inglês e que nessa época não existia inda metrô nos EUA. Esse jogo só tem Fake News!
Muita calma, elefantinho laranja! Na verdade a tradução é Ferrovia Subterrânea, que foi o nome dado à rede secreta de rotas de fuga, pois os fugitivos tinham que chegar até a fronteira do Canadá sem serem descobertos, desaparecendo da vista de todos, principalmente de caçadores de escravos. E no jogo existem os tais caçadores. Grande parte das cidades do mapa estão conectadas por linhas coloridas. Cada cor representa um dos cinco bandos de caça. Sempre que um grupo de libertos chegam em uma cidade conectada, os caçadores da cor correspondentes se movem em direção a ela. Caso entrem em um local que tenha escravos, eles são capturados e imediatamente reconduzidos as lavouras, se houver espaço nelas (Nota do Sr. Slovic: Pois se não, já sabe, né?). Além disso os caçadores podem se movimentar no começo de cada turno.
O jogo tem alguns níveis de dificuldade que são escolhidos no setup da partida, o que define quantas pessoas devem chegar ao Canadá para vencer e o número máximo de mortes admitidas antes da derrota. E mesmo o modo fácil é extremamente desafiador.
No geral, Freedom: The Underground Railroad além de ser um ótimo jogo, é também uma aula de história e cidadania. A escravidão não deve ser menosprezada nem esquecida, e o jogo ajuda fazendo que os jogadores tenham (Nota da Sra. Slovic: Pelo menos pelo tempo de jogo) empatia com os escravizados, torcendo e fazendo de tudo para que cheguem em segurança ao local onde não serão mais tratados como sub-humanos. Como falamos, todas as cartas trazem referências históricas importantes para a época da Guerra Civil norte-americana, que podem ser usadas em aula, mesmo sem o jogo. Freedom é aquele tipo de jogo que todos jogar pelo menos uma vez. Liberdade, Liberdade! Abre as asas sobre nós. Que a voz da igualdade, sempre seja a nossa voz!
E é isso!
