Chegou a hora de mais uma lista do mês da nossa curadoria de jogos!
Dessa vez, o tema escolhido foi o primeiro jogo moderno que jogamos. Foi uma viagem gostosa revisitar como nosso amor pelo hobby começou, bem antes da existência da JogaMana, e como aquele tal jogo pôde acender algo em nós que, na época, não fazíamos ideia da força que teria!
Esperamos que aproveite, se divirta e viaje com a gente nessa!
Acho que todo mundo sabe que a primeira vez precisa acontecer aos poucos, né?
Fui sendo preparada para os jogos de tabuleiro modernos durante várias experiências desde a infância. Dama, xadrez, ludo, pega vareta, uno, rouba-monte, batalha naval, war, dominó e muito baralho (buraco), especialmente com a minha avó. Sempre gostei de jogar.
Conheci Zombicide através de um amigo e achei o jogo diferente do que eu conhecia, mais elaborado e estratégico do que War, apesar dos dados. As miniaturas, as cartas, as missões conferem uma experiência mais elaborada, mas o que mais me chamou a atenção foi o fato do jogo ser cooperativo. No mesmo final de semana, jogamos os parties Revanche e Coup! Ainda nos aventuramos no Pandemic que também me marcou bastante. Saímos da casa desse amigo empenhados em conhecer mais sobre jogos de tabuleiro, descobrimos a Ludopedia e fomos atrás do primeiro lugar do seu ranking: Terra Mystica e foi aí que o gosto pelos jogos se transformou em hobby!
Não, esse não foi o primeiro jogo “moderno” que vi na mesa. Mas creio que foi uma virada de chave na minha relação com jogos e no meu entendimento do porquê de fazer deles um hobby, um hábito pra compartilhar.
Desde a infância, jogo Xadrez e cartas. Antes do Pandemic, também já tinha jogado Coup, Dixit, “No, Thanks!”, além de quase tudo o que havia naquele limbo entre jogo e “brinquedo”: War, Interpol, Detetive, Uno, um de cada tipo. Me divertia, é verdade, mas Pandemic foi o primeiro jogo moderno que me mostrou algo que eu acho bem melhor que a diversão de interagir: um desafio. Na verdade, um conjunto deles. Era o primeiro jogo que eu via reunir cooperação, estratégia, e uma abordagem temática mais comprometida do que “deixar que a sorte diga o que acontece”. Ao mesmo tempo, aprendê-lo era acessível a uma pessoa que, até então, não tinha ido além da camada mais superficial desse universo. Tudo ficou mais instigante e inspirador pelo fato de o jogo ter sido apresentado a mim por uma pessoa amada, e jogado numa mesa só de gente que eu amo. Abri a porta da curiosidade e não teve mais volta.


Como acredito ter acontecido com muita gente do hobby, eu comecei a jogar quando era muito pequenina, tendo sempre muito destaque na minha vida o bom e velho baralho. Quando eu tinha uns 6 anos, fui apresentada ao CanCan (que hoje é mais conhecido como UNO) e provavelmente ele foi o primeirão dos modernos a qual tive acesso. Mas resolvi falar do primeiro que realmente me despertou para um outro lado dos jogos de mesa que eu nunca havia visto antes e é, até hoje, um jogo bem nostálgico para mim e, para minha surpresa, pouquíssimo falado no hobby.
Jogo do queridíssimo Reiner Knizia, Keltis me encantou por trazer mais estratégia do que sorte nos jogos de tabuleiro, e ainda de uma forma simples e dinâmica. A ideia central é conseguir mais pontos escolhendo sabiamente as trilhas que vai querer percorrer. Só tomando cuidado para não atirar para todos os lados e acabar não andando em nenhuma e perder pontos com isso. É um jogo bem família e tive o prazer de jogá-lo na época do seu lançamento lá na Alemanha. Minha amiga me explicou que ele havia sido premiado e estava sendo um sucesso em todas as casas alemãs. E realmente era: na casa dela a gente o jogou todas as noites em que fiquei por lá.
Infelizmente, eu nunca o encontrei para vender aqui por um preço amigável, ele é bem raro de encontrar, e suspeito que é porque ele foi uma “releitura” do Lost Cities (também do Knizia e bem mais conhecido). Hoje tenho Lost Cities mesmo e serve de consolo, mas fato é que não tem a nostalgia e o carinho que o Keltis me oferece. Mas não desistirei, um dia terei meu amado Keltis na coleção!
Crescendo no interior do estado de São Paulo, lembro de duas recorrências em minha vida relacionadas a jogos de tabuleiro.
A primeira era quando meus dois irmãos mais velhos juntavam seus amigos para jogar RPG em casa e não me deixavam participar. Minhas amiguinhas também não tinham interesse naquele jogo repleto de fantasias e monstros. Mais tarde, já na minha adolescência, o segundo fato era como as pessoas não apreciavam tanto jogar War ou Banco Imobiliário quanto eu. Sempre havia aquela reclamação de que era demorado demais, chato demais, etc. De certa forma, elas tinham razão. Ainda assim, eu ainda sentia o desejo de me adentrar mais no mundo daqueles jogos, só não sabia como.
Foi só bem mais tarde, já adulta, que um casal de amigos veio ficar em casa uns dias e trouxe Catan. O jogo me deu aquela sensação boa de nostalgia de assistir às campanhas de RPG dos meus irmãos, ao mesmo tempo que finalmente eu entendia como os board games poderiam ser de fato divertidos para todos sem demorar tantas horas uma partida.
Acho que Catan foi “a primeira vez” de muitas no hobby e isso tem sua razão de ser, pois trata-se de um jogo que alia uma boa dose de estratégia com sorte, engajando desde o iniciante até o mais experiente. Depois disso, não teve mais volta: Bang!, 7 Wonders, Potion Explosion, Fluxx, cada um com seu jeitinho foi me conquistando ao longo das partidas. Hoje, só posso me dizer grata ao casal de amigos que ficaram em casa aquela vez, trazendo não apenas uma diversão para a noite, mas abrindo as portas para esse mundo dos jogos de tabuleiro modernos que tanto nos apaixona a cada dia.
Será que algum jogo da lista coincidiu com o seu? Conta para a gente nos comentários qual foi seu primeiro jogo no hobby, vamos adorar saber!