Um breve esclarecimento
Esta é a
terceira e última resenha sobre a série
Escape Tales — teve uma para cada jogo lançado até o momento e você pode ler a primeira (
clicando aqui) e a segunda (
aqui). Todos os três jogos foram jogados
em duas pessoas no Tabletopia. Nesta plataforma, são jogos
Premium que você encontra nestes links:
The Awakening,
Low Memory e
Children of Wyrmwoods. No Brasil, já foram lançados
O Despertar e
Memória Baixa pela
editora Grok Games. Como se jogou a versão online,
não haverá avaliação quanto a componentes físicos.
Children of Wyrmwoods
Um jogo dos
criadores Jakub Caban e Bartosz Idzikowski, dos
artistas Jakub Fajtanowski e Aleksander Zawada, e com o empenho de
uma equipe maior.
Sem chacrinha!
Os autores colocaram fermento e
o jogo cresceu. Algumas “parafernalhas” foram retiradas, adicionou-se
um mapa, novos tipos de cartas,
uma função a mais ao aplicativo online que funciona offline, novas mecânicas e
tcharam... eis Children of Wyrmwoods,
um jogão da antologia Escape Tales. Nada de pai desesperado ou universo cyberpunk: os temas aqui são, acertadamente,
aventura e fantasia.
Supimpa!
A principal novidade de Children of Wyrmwoods é o
tema da história e como mecânicas foram adicionadas ao jogo para fazer jus a ela. O jogador é Gilbert, um jovem que vive numa cidade isolada em um mundo sombrio e que pode compartilhar seus pensamentos com uma jovem, até que...
Portanto, agora, há dois novos tipos de cartas:
Personagem (que possui atributos) e
Modificador (que alteram estes atributos). Já imaginou um RPG, não é? Pois bem, além disso, as cartas de ajuda são de dois tipos também:
Descanso e
Foco. Ou seja, na hora do aperto, o jogador pode escolher entre dar um tempo para o Personagem ou encarar o problema com todas as energias. Evidentemente, a decisão deve ser baseada no atual momento da história e cada tipo traz consequências diferentes.
Guie este jovem rumo a uma inédita aventura
Outra característica do jogo foi ampliada:
a exploração. Children of Wyrmwoods não é só analisar um pedacinho de local para resolver quebra-cabeças como seus antecessores. Guardadas as devidas proporções, agora, o jogador tem uma perspectiva de
mundo aberto: há locais mais amplos e, poxa, tem um livreto que se chama “
o mapa”!
A exploração ganha mais vida ainda porque é possível
combinar cartas de jogo no aplicativo (já falei que ele é online mas funciona offline?). É simples: escolhe-se duas cartas quaisquer, digita-se o código no aplicativo e vê-se o resultado. Por exemplo:
combinar a carta do
Personagem com uma de um “
envelope fechado” pode dar a resposta de “um boleto”, ou de um parágrafo da história, ou dar com os burro n'água. Pois é, naquela hora da indecisão, do quebra-cabeça difícil, o jogador pode
ficar bitolado em querer combinar tudo o que tem.
As gratas mudanças para a série: uma nova função ao aplicativo e um mapa. Um mapa, cara!
Coisas que
saíram do jogo: cartas “Exit” (de O Despertar, gancho para uma nova etapa), fichas de progresso e cartas relacionadas a elas (de Memória Baixa, que era uma mecânica boa, mas não é necessária em Children of Wyrmwoods), e tabuleiro de jogo (sim, para locais amplos, dispensa-se um componente quadradão).
Coisas (boas) que
ficaram: história longa, com dois capítulos e um epílogo, e várias e várias e várias ramificações para abastecer seu
espírito aventureiro (e dar rejogabilidade e muitas horas de jogatina). Novamente, é recomendável fazer pausas de tempos em tempos, principalmente entre os capítulos.
Nota: No Tabletopia, claro, o jogo fica salvo automaticamente. No jogo físico, o manual tem instruções para “salvar” a partida.
Botando pra quebrar!
Após jogar O Despertar e Memória Baixa (e gostar muito de ambos),
o que esperar de mais um Escape Tales? Lendo as regras, a resposta veio imediatamente: carta de
Personagem com
atributos e
combinar elementos de jogo para descobrir algo (como em um “
point and click”). Outra coisa boa, embora possa parecer ridícula: “
Todas as cartas que não têm um ícone de quebra-cabeça permanecem com você nos capítulos seguintes”. Isso aí traz uma paz que você não imagina. Simplificou muito.
E os quebra-cabeças? Continuam por toda a parte, com
dificuldades variadas, mas ainda
cabulosos. Aquilo de combinar cartas deu um charme a mais.
Como interagir tudo isso aqui?
Sobre a história, está com uma verdadeira
cara de aventura, isto é, o jogador interage com locais, itens, outros personagens e, com isso, vai
descobrindo seu caminho nesse “mundo aberto”. Se os dois jogos anteriores já davam
margens de escolha ao jogador, em Children of Wyrmwoods, isto foi multiplicado por mil. Diferente de antes, a história está ainda
mais relevante porque as informações (ou mensagens subliminares) do texto importam para a tomada de decisões ou para justificar aquela presepada.
Como não comparar é impossível, aí vai: o desenrolar da história de Memória Baixa
foi mais divertido que o de Children of Wyrmwoods. Não que haja algo ruim nesse terceiro jogo, mas a cadência dos fatos não cativou tanto quanto a do cyberpunk, que foi mais “frenético”.
O último ponto a salientar desse aqui é o
volume de jogo. É muito maior. Os quebra-cabeças gastam mais tempo para resolver, explorar os locais rendem mais discussões entre os jogadores, mais momentos de escolhas para pensar... E isso não é bom? De jeito algum. Manda mais jogo aí.
Pode crer!
Uma pena não poder falar do mapa e outras mecânicas do jogo (porque seria spoiler), mas
confiem: tudo isso ficou muito, muito bom. Gratíssima surpresa ver essa coisa de “mundo aberto” e combinação de cartas funcionar tão bem para os propósitos da história. Aliás, o final teve um
ápice maravilhoso e que fez valer à pena as muitas horas gastas numa partida.
E eis
o fim da trinca de resenhas sobre a série de jogos
Escape Tales. Foi tão bom produzi-las quanto jogar. Agora, com licença, vou ali observar aquele quadro que tem letras e números embaralhados muito parecidos com os desse bilhete rasgado que peguei na gaveta da sala anterior e, olha só, ambos têm o mesmo símbolo... deixa eu pegar o aplicativo aqui... hum... oito dígitos... vejamos...!
Nota 1: para ler a resenha de O Despertar é só
clicar aqui.
Nota 2: para ler a resenha de Memória Baixa é só
clicar aqui.
Fontes das imagens: Ludopedia e manual de regras do jogo.