Cada jogo literalmente um reino diferente! Vamos conhecer esse aqui?
Era: Medieval Age é o sucessor espiritual para Roll Through the Ages: The Bronze Age. Enquanto Roll Through The Ages foi pioneiro em jogos estilo roll-and-write, Era é pioneiro no roll-and-build! No Era, seus dados representam diferentes classes da sociedade medieval enquanto os jogadores tentam construir a cidade mais próspera. O "build" entra em jogo quando os jogadores realmente constroem suas cidades em seus tabuleiros. Você usará componentes tridimensionais lindamente modelados, como paredes, fortalezas, fazendas e outras estruturas. No final do jogo, cada jogador terá uma cidade única!
O jogo é uma verdadeira festa visual, mas esse aspecto não vem sozinho, é uma abordagem focada no visual e também no funcional! Segue-se com cada rodada tendo 6 fases, sendo as 3 primeiras: rolar os dados(até 3 rolagens, podendo separar resultados e rolar os demais), depois coletar resultados(recursos), e alimentar(pagar comida pelos seus dados). Nas outras 3 fases, você poderá passar por desastres/desgraças das mais variadas envolvendo recursos e construções, são 6 calamidades, sendo que 2 delas na verdade ferram com seus oponentes, então elas anunciam que alguém vai se dar mal, mas não necessariamente você! Depois irá construir (é a ideia central do jogo, afinal) e depois extorquir que é o lado mais “player versus player”. Inclusive essa extorsão, é o fator “take that” e demanda atenção para, jogando com 4 por exemplo não ser atacado pelos outros 3 e ver seus recursos drenados.
Para construir você pagará com os 3 recursos do jogo que são mercadorias, pedra e madeira (que exatamente nessa ordem, são do mais precioso/escasso para o mais comum/abundante), e ficou bem amarradinho em termos de regras e lógica, com camponeses fornecendo bastante do básico, mas mercadorias é com os burgueses e nobres. A comida vem do trabalho dos camponeses, e serve para você pagar pelos dados da forma mais direta possível, tipo uma manutenção mesmo: se tem 5 dados, alimente pagando 5 de comida. É importante comentar os outros 2 recursos do jogo, que são cultura e desastre, que contam de 1 a 25(podendo “dar a volta”, bastando anotar +25 no score) e te darão respectivamente, pontos adicionais e punição na forma de pontos negativos.
Nesse sentido, os dados foram bem estruturados em termos de faces/resultados. Os amarelos são básicos sem deixar de serem importantes (principalmente para alimentar), se quiser mercadorias (e você vai querer para as construções mais fortes) vai buscar através dos nobres e seus dados cinzas + burgueses e seus dados azuis. O clero corre por fora, te dando um dado branco que foca em fornecer cultura, e rerolagem extra, por exemplo, fora um pouco de cada recurso (exceto mercadorias). Os nobres também servem para guerrear ou se defender do ataque inimigo.
No que o ERA: medieval age “bate forte”?
Vamos falar da argamassa maior do jogo, que vem logo após os dados em termos de importância: as construções !!! É válido comentar que o jogo se apóia numa espécie de tripé, em termos de construções. Tem as que te trazem mais dados, tem as que fornecem recurso sem que se precise das rolagens (no caso madeira ou comida, “você que lute” com os dados por pedra e mercadorias
) e tem as especiais, que podem alterar o curso do jogo, como o hospital que evita ou minimiza as doenças que pontuam negativo, o monastério que programa parte da rolagem, e outras que trazem várias formas de pontuar adicional. E por último, mas não menos importante, a muralha! Diferente do que ocorre em Alhambra, você aqui quer delimitar uma área, meio que criar um grid dentro do grid, para dobrar a pontuação.
Este kina que vos fala mais uma vez vai ter que citar o mote: “suas definições de bonito na mesa foram atualizadas”. Ele é realmente muito bonito, de fato! Caso não concorde, apenas volte 3 casas
. E não tem como falar a máxima do “não me senti construindo uma cidade” com esse aqui. Gerenciar o tetris no grid também é prazeroso, dentro da experiência das partidas. Ele me passou o clima de um RTS, aqueles jogos Real time strategy, que você faz builds para arregimentar mais recursos, outras para ter mais quantidade, possibilidade de expandir teu total de trabalhadores, e dá pra sentir uma progressão, quase como uma pequena árvore de evolução entre elas. Dá pra jogar várias partidas e você ainda estará produzindo cidades diferentes, pela mistura do que você quer fazer, com o que consegue fazer diante das rolagens daquela rodada. Vou até mostrar nossas duas cidades, ao final da partida de estréia que foi com 2 jogadores:
No que o ERA: medieval age “bate de Kina”?
Com os olhos brilhando e tudo, cabe dizer que o jogo não é perfeito, passa longe disso. E sempre escrevi de forma ponderada/racional no canal, então não será diferente. Temos basicamente 3 problemas, todos não passam despercebidos, ao passo que todos também são contornáveis. Um deles é que os jogadores terão que fazer as rolagens atrás de um escudo, para não influenciar a decisão de rerolar ou não. Eu não tenho problemas com isso, e o meu grupo também não, a gente perde na sinceridade para não ganhar na trapaça, pra mim isso é básico. Mas se pensarmos de forma geral, o que impede um jogador de rerolar os dados que tiraram caveira? Dados que pela regra ficam travados? Me incomodou, mas relaxei pois sei com quem jogo. Por um lado fico com a opinião de um designer de jogos com quem conversei em um grupo de whatsapp: “havendo desonestidade, ela fala mais sobre o jogador do que sobre o jogo.” Por outro lado, imagine sentando pra jogar com desconhecidos? Não é cooperativo afinal.
Outro problema é na iconografia, do grid/playmate do jogador. São símbolos pequenos e sem cor de destaque, confundindo mais do que orientando. E isso foi tão polemizado/reclamado lá fora, a ponto de a empresa distribuir adesivos para reparar isso. O usuário da ludopedia PilotoBR inclusive mostrou aqui: https://www.ludopedia.com.br/topico/37854/adesivos-para-o-player-board
Eu digo por experiência, que os pinos coloridos já te remetem aos devidos recursos. Azul pra mercadoria é o único sem relação direta, digamos que sangue azul remete a riquezas, mas cinza pra pedra, marrom pra madeira, e amarelado para comida devido aos campos de trigo, fica tranqüilo para entender.
E por fim, também há o azar nas rolagens. Role nenhum dado com a face mostrando construção, e você simplesmente não construirá naquele turno. Pode ser compensado porque sem lados mostrando construção, possivelmente tua coleta vai ser generosa e você pode ficar a vontade no turno seguinte, mas se isso acontecer muito complicará sua partida. A solução é investir em mais dados de qualquer cor (para +chances) e especificamente dados brancos (para +rerolagem). Também relacionado a isso, é que você pode ser o patinho feio da mesa em termos de nos dados cinzas, tomar a extorsão dos demais direto, sem “retribuir o favor”, sem bater de volta, mas pra quem reclama disso em específico, vale lembrar que primeiro você gasta seus recursos, depois é que você os perde para os oponentes (no caso de ser extorquido).
E quanto custa pra explorar esse reino?
Não tá barato meeeeeeesmo, saindo por 360-400, sendo franco é perfeitamente compreensível que o preço esteja afastando muita gente. O jogo não chega a ser 5 estrelas, você tem que ver/sentir o quanto vai gostar, pra dar esse valor num jogo. Talvez reinos mais abastados não pensem assim, mas esse kina opera dessa forma. Confesso que só adquiri uma cópia, numa sorte bem aleatória quando olhei preços de forma despretensiosa e esbarrei nele por 270.00, mas isso é tão “caso isolado” que eu só estou citando pra não criar contradição, já que analisamos jogos que temos ou tivemos, e se eu digo que não compraria pelo alto preço citado, então como adquiri um? Eu esperaria mais, ou tiraria do meu radar, $e esse for um fator a ser visto como determinante, no caso gastar muito dinheiro num leve/médio.
EXTRAS/ALGO+
Há um modo solo para aqueles árduos momentos em que se tem que lutar sozinho, e isso sempre tem seu valor em nossa opinião! Também há uma mini expansão com construções que trazem dados mais “fortes”, e a expansão de fato que trará outras novas construções (inesperado né?), mas também uma mecânica de rios, e estradas. Eu já fico querendo saber melhor haha, mas sabem como é, BR tende a contemplar apenas o jogo base. O autor declarou que será uma trilogia, então vem mais 2 incursões do jogo por aí.
Então por enquanto é isso, até o próximo reino a explorar, batendo forte, e também batendo de “kina”! Inscrevam-se acompanhem!!! 