"Na praça da vila, o grupo de inseparáveis amigos contemplava em choque a ordem de Mobilização Geral colada na parede da prefeitura. Durante as últimas semanas, as notícias foram preocupantes, mas a brutalidade deste anúncio surpreendeu a todos. Sem ter a menor ideia do inferno para o qual seriam enviados, eles prometeram que iriam sobreviver e voltar todos juntos, não importaria como. Infelizmente, a realidade que enfrentariam era pior que seus mais assustadores pesadelos..."

Então, regras detalhadas aí em cima, e resumão à seguir...

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E certo.
Este é um jogo cooperativo, o que significa que todos os jogadores ganham ou perdem juntos.
Além disso, as regras da caixa Armistício são apresentadas em formato campanha, sendo acrescentadas aos poucos. Neste resumão vou passar só a base da rodada, que é apresentada no tutorial do jogo. Sem Spoilers.

No centro da mesa vocês terão uma carta de paz, com uma pilha de provações em cima, e uma carta de monumento, com a pilha de moral em cima.



A ideia básica aqui é que vocês vão realizar uma sequência de missões, e a cada missão bem sucedida vão eliminar cartas da pilha de provações, o que em algum momento vai fazer a carta de paz aparecer. Por outro lado, a cada missão mal sucedida vocês vão mover cartas da pilha de moral para a pilha de provação, o que faz vocês se distanciarem da paz e se aproximarem do monumento.

Se no final de uma rodada a carta de paz estiver livre e vocês não possuírem cartas na mão, vocês vencem o jogo. E como é de imaginar, se a carta de monumento estiver à mostra, vocês perdem.

Mas sobre as missões, que é a forma que o jogo funciona.
No início de cada rodada, o jogador inicial vai dizer quantas cartas do baralho de provações cada jogador deve comprar.
E então, seguindo a ordem de turno, cada jogador realiza uma ação:

• Jogar uma carta de sua mão:
Aqui temos duas possibilidades.
Cartas de Ameaça apresentam um ícone e uma ilustração de fundo, e são jogadas no centro da mesa. Se a qualquer momento existirem 3 símbolos ou fundos iguais no centro da mesa, a missão falha.



Já as cartas de adversidade apresentam efeitos que dificultam a partida, e são anexas ao seu personagem.
No início do jogo, elas representam ameaças que são contadas na linha central. Porém, como são anexas ao seu personagem, se seu personagem sair da rodada, estas cartas também saem, e se você voltar, elas voltam.



• Usar um amuleto da sorte:
Cada personagem possui um trevo ligado à uma das ameaças do jogo. Então como ação, você pode virar seu trevo para descartar uma carta da linha central que corresponda ao símbolo dele.



• Motivar:
Esta ação só é possível se você ganhou um marcador de motivação.
Descarte o marcador e diga o nome de uma das ameaças do jogo. Todos os outros jogadores poderão descartar cartas de suas mãos que possuam aquela ameaça.



• Se retirar da missão:
Escolha um de seus marcadores de suporte (que logo comento), e posicione sobre a carta de seu personagem.
A partir desse momento você não faz mais parte da missão, e não poderá realizar qualquer ação. Para compensar, as cartas anexas ao seu personagem também não fazem, o que pode facilitar o jogo para seus companheiros.



E a rodada segue, com cada jogador realizando uma ação, até que todos os jogadores se retirem da missão.

Então entramos numa fase de manutenção.
De forma resumida, todos revelam suas fichas de suporte escolhidas ao se retirar da missão, e passam para o jogador na direção indicada na ficha.



O jogador que recebeu mais fichas na rodada terá a chance de recuperar seu trevo ou descartar cartas anexas em seu personagem.

Agora, se a carta de paz está à vista e os jogadores não possuem cartas na mão, vocês venceram o jogo. 



Caso contrário, somem o número de cartas na mão de todos os jogadores, e movam a mesma quantidade de cartas da pilha de moral para a pilha de adversidade, sobre a carta de paz. Se a carta de Monumento aparecer, vocês perdem o jogo.

Se vocês ainda não perderam, vocês iniciam uma nova missão, com o novo primeiro jogador escolhendo quantas cartas cada jogador compra da pilha de adversidades.

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Vejo muitas dúvidas em relação à este jogo, então resolvi fazer algo mais detalhado na análise.
Apesar de continuar sendo bem pessoal.

Grizzled se comporta como um abstrato.
Ele é simples, e seu objetivo é evitar padrões enquanto elimina cartas de sua mão. 
Porém, ele consegue apresentar muito conteúdo temático, mesmo sem grandes detalhes da jornada, você acaba vivendo os momentos do jogo junto com seu personagem. 
Então gosto de dizer que esse é um ótimo "Abstrato Temático" (???).

Ele se diferencia de outros jogos por conta de sua aura.
O assunto tratado aqui é pesado. Você tem as vidas de um grupo de amigos que foi enviado para a primeira guerra, sofrem e se recuperam de vários traumas no percurso, e vencem voltando para casa bem. 
É basicamente um jogo sobre guerras, em que não existem batalhas. Toda a mecânica é baseado no lado psicológico das personagens.

E o resultado é o que considero um jogo arte.
Gosto destes jogos que trazem um sentimento para a mesa, então Grizzled acabou me cativando.
Tudo foi pensado nos mínimos detalhes, para entregar uma experiência.



Já teci elogios, e nem falei sobre o jogo direito.
E falando a verdade, esse é um jogo de cartas simples.
Como comentei, você tem um número de cartas na mão, e quer se livrar delas evitando determinadas sequências de símbolos na mesa. Ponto! 

Mas aí temos a questão da cooperação.
Cada jogador possui suas próprias adversidades, representadas em suas cartas, e está achando um jeito de lidar com elas. Mas a comunicação aqui é limitada, ninguém conhece as cartas e vontades dos outros jogadores. 
Então se você realmente quer ganhar, deve jogar na empatia. A melhor jogada para você pode não ser a melhor para o grupo, só que ninguém poderá te dizer isso, você terá que descobrir e tomar as decisões sozinho durante a partida.

Esse sentimento me lembrou "Hanabi", em que as suas ações vão abrindo espaço para as jogadas de seus aliados.
No caso do Grizzled, vocês ganham o jogo lançando cartas na mesa, mas perceba que das 4 ações, 2 tem impacto direto nos outros jogadores.
Ao Motivar, são os outros jogadores que poderão descartar cartas da mão. E ao se Retirar da missão, você não conseguirá mais se livrar de suas próprias cartas, mas irá tirar da mesa cartas anexas ao seu personagem, o que abrirá espaço para jogadas de seus companheiros.



Agora, para continuar, preciso falar sobre a caixa Armistício.
Grizzled foi originalmente publicado como um jogo de cartas comum, em que você abre a caixa e encontra o baralho de jogo. No melhor "embaralhe e jogue". As partidas eram absurdas de difíceis, e a coisa piorava com a expansão.
Mas, o jogo já era booommm, cativante, e fez uma legião de fãs.

Então a editora teve a grande ideia de lançar uma nova edição, que trazia todo o material já lançado, mais extras.
Assim nasceu "Grizzled: Armistício". 
Aqui você encontra todas as mecânicas originais, recortadas em forma de campanha, com melhorias, e miniaturas. Uma versão Premium de Grizzled. 
O que é bom já que os componentes são excelentes, o jogo está completo e lapidado. E ruim porque $$$$$.

Mas por partes.
Começando pela campanha (Sem Spoilers).
Aqui temos o baralho do Grizzled original, mais expansão, mais melhorias, recortados em partes que são apresentadas aos poucos em forma de capítulos. 
E uma consequência de fazer a campanha desta forma é que, ao terminar, você terá o baralho do Grizzled em mãos, e poderá jogar direto com ele.

Este não é um jogo legacy. Você poderá fazer e refazer a campanha quantas vezes desejar. Poderá escolher um capítulo e partir direto para ele. poderá escolher regras como módulos para deixar a partida do jeito que quiser. Pode até ignorar a campanha e jogar com o baralho normal, assim como o Grizzled foi feito para ser originalmente.

Mas se você não conhece nada sobre o original, saiba que tudo que expliquei neste texto, e no vídeo, faz parte do tutorial do jogo. Não cheguei a explicar as regras do primeiro capítulo da campanha, e acredito que seja legal você ler elas aos poucos, conforme for avançando. 
PARE de ler sempre que o jogo indicar para parar. Isso vale para o livro de regras, que já trás todas as regras da campanha expostas, mas com marcadores indicando quando você poderá ler.

A própria ideia de que todas as regras já estão expostas no livro de regras já mostra que o objetivo aqui não é exatamente a surpresa.
As mecânicas refletem sim a história contada pelo jogo, mas o jogo tem autonomia suficiente para contar suas próprias histórias. Vamos dizer que a campanha serve como um plano de fundo, contextualizando o jogo. 

Isso acaba tendo um impacto lindo na rejogabilidade. Pense em um jogo de campanha, que não é preso à campanha. Ele contará histórias diferentes sempre que você jogar.
Realmente acredito que a rejogabilidade deste jogo aumente conforme você joga, e que ele mude dependendo das pessoas que estão na mesa. 

E lembra quando comentei que o jogo original era um absurdo de difícil?
Esta forma de construir campanhas acabou ajudando neste ponto. Como as regras são adicionadas aos poucos, você tem um nível de dificuldade controlado, que vai aumentando capítulo à capítulo.

Considero a caixa Armistício muito mais acessível a novos jogadores do que a original. Mas realmente, depois de passar pela campanha uma vez, dificilmente você vai querer repetir ela se não for para apresentar a novos jogadores.
Vocês já saberão do que gostaram, e vão montar o baralho de acordo com os desafios que acharem melhor, o que geralmente termina no baralho completo.



Agora, pontos negativos.
Considerando a mecânica do jogo, as miniaturas são inúteis!
Como toda caixa premium, Armistício vem com material voltado para fãs. E nada mais lindo e chamativo que miniaturas.
Posso dizer que no máximo elas vão ajudar os jogadores a entrar no clima do jogo, já que todas carregam o ar de nostalgia e melancolia em que o jogo se apoia.



Mas, para quem realmente só quer o jogo, ou nem conhece o jogo o suficiente para ser fã, elas não ajudam muito.

Então sim, no contexto nacional, elas servem para encarecer a caixa.
Nunca recebemos a caixa base no Brasil, então acredito que não temos um público formado para uma caixa premium.

Outro ponto vai para o manual.
Não lembro de pessoas que tenham aprendido Grizzled apenas lendo as regras. O estranho é que não acho as regras mal escritas, todas as informações estão lá, e em ordem.
Acredito que o próprio jogo seja abstrato o suficiente para ser difícil de visualizar, então ele realmente precisar ver mesa para ser entendido em sua totalidade.



E só um ponto que pode causar discórdias.
Grizzled é um jogo de cartas, que foi criado com muito carinho e possui mecânicas muito bem lapidadas, mas que continua com a profundidade de um jogo de cartas. 
Digo isso porque, ao ver a caixa grande e cara em uma loja, será muito fácil para jogadores criarem uma grande expectativa sobre o jogo. Afinal, Armistício possui um visual de jogo médio/pesado. Sem contar as muitas análises positivas que encontramos na inter.
Lembre que este é um jogo leve, apesar de sua temática, mas com roupa de jogo médio/pesado.
Não considero a expectativa um ponto negativo do jogo, já que é criada pelos jogadores.

No fim, vou repetir o que falei no vídeo.
Este jogo é único. Ele é lindo, temático, divertido, rápido, mas veio para o brasil como um item de colecionador, não como um jogo de cartas. As miniaturas, insert e campanha, na verdade se comportam como extras. O que deveria ser um chamativo acabou encarecendo o produto, e com certeza vai afastar muitos jogadores que poderiam se apaixonar por este jogo.


o/


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Apêndice:
Quando comento sobre Grizzled é comum outras pessoas lembrarem de "This War of Mine", um jogo de Pc que foi adaptado para Boards (de uma forma maravilhosa por sinal). A temática dos dois pode ser parecida sim, sobre pessoas normais na guerra, mas eles são totalmente diferentes.
Grizzled é um jogo de cartas leve, para passar o tempo em grupo.
This War of Mine (BG) é um jogo que considero pesado, com um impacto emocional que chega a ser exagerado, e que para mim, funciona melhor em modo solo (Ninguém gosta de chorar em público né ).