Arquipélago de Costa Ruana. Lugar habitado por diversas tribos, que conviviam em paz. Apesar das diferenças, a religião politeísta em comum os unia. Cada um tinha seu próprio chefe tribal, mas o Xamã era o mesmo para todos.
Um dos rituais de adoração principais entre as tribos era a coleta de pérolas, abundantes em Costa Ruana, que eram ofertadas para seus deuses, distribuindo-as nas diversas ilhas.
Mas o homem branco, com sua ganância de surrupiar as terras por onde passava, descobriu esse costume e começou a roubar essas pérolas, pouco se importando com o significado místico e cultural delas.
As tribos, em reunião, decidiram por recolher as pérolas. E embora aquilo tivesse sido feito de comum acordo, as tribos sabiam bem o que recolher mais pérolas representava — respeito, afinal, não era trabalho fácil coordenar as tribos e salvar o maior número de pérolas.
O chefe da tribo Pulá — conhecida por suas vestes e adornos vermelhos — esperava a volta dos nativos que mandara; Tinha enviado quatro até as ilhas e esperava que trouxessem boas notícias. Dali a pouco, dois deles surgiram do meio da mata, cada um trazendo uma pérola. O chefe agradeceu aos dois, mas ainda tinha muito trabalho a fazer.
Pensou em que estratégia poderia usar e pediu para um deles seguir até a tribo Puti, para tentar descobrir o que planejavam e fazer igual. Decidiu também mandar mais cinco novos nativos as ilhas.
Essas ordens, porém, só seriam executadas se fossem abençoadas pelos deuses. Antes de tudo, todos se reuniam num ritual. Um xamã — que era um representante de uma das tribos, escolhido de acordo com a vontade dos deuses, presidia o ritual, deixando que a sabedoria e força dos deuses usassem seu corpo para trazer mensagens aos chefes das tribos.
O ritual poderia influir nos planos dos chefes, pois o Xamã escolheria se abençoaria ou não aquelas ações planejadas pelos chefes. Ninguém executaria uma tarefa que fosse contra a vontade dos deuses.
Após o ritual, o chefe Pulá foi obrigado a pedir que três de seus nativos retornassem, como lhe fora pessoalmente pedido. Seu espião na tribo Puti, porém, fora bem sucedido, descobrindo o plano deles de mover as pérolas de uma das ilhas de lugar, para onde ele tivesse vantagem territorial. O espião partiu para as ilhas, pronto para copiar a estratégia em favor dos Pulá.
Além dele, dois nativos Pulás seguiram viagem, cada um com um destino. Um deles chegou sozinho no litoral de uma das ilha. Correu para onde sabia que estavam as pérolas, mas ao chegar lá, descobriu que não era o único. Pelos adornos e vestes, sabia se tratar de um nativo da tribo Dilaw. Este já estava com uma pérola em mãos e tomou um susto ao se virar e vê-lo. Os dois assumiram uma instância de batalha, nenhum dos dois querendo ceder.
A disputa desempatou assim que mais um nativo da tribo Dilaw se aproximou. Em desvantagem, o Pulá não pôde fazer mais do que assistir a um deles levando uma das pérolas de volta para casa.
Aguardou, pois até segunda ordem tinha de ficar ali, o tempo que fosse necessário. Ele e o nativo Dilaw que sobrara se olhavam feio, prontos para brigar se assim se mostrasse necessário.
Outro nativo de sua própria tribo surgiu, mas era apenas um mensageiro; Ele devia sair dali e ir para outra ilha, conforme ordens do chefe.
Correu de volta ao litoral e no mesmo barco em que viera se moveu entre as ilhas, buscando aquela para qual deveria se dirigir.
Chegando lá, encontrou uma aglomeração; Nativos das tribos Asul e Tsokolate brigavam entre si. Silenciosamente, se moveu por entre eles, e enquanto nenhum deles prestava atenção, pegou uma pérola para si e correu rapidamente de volta para a sua tribo.
O dia terminava e os chefes se reuniam para contabilizar as pérolas salvas. Todos se reuniam, trazendo os nativos que ainda estavam na tribo. Os outros, já liberados, ainda estavam nos barcos, fazendo seu caminho de volta.
Um chefe que trazia mais nativos consigo já ganhava no respeito só pela sua aparição; O número sempre dava a impressão de uma tribo mais poderosa. Isso somado as pérolas, era uma exibição de força e inteligência silenciosas, mas muito significativas.
Na contagem do dia, a tribo Pulá se sobressaiu. Foi congratulado pelos demais líderes e seu povo se manifestou em comemoração.
O fim da noite, já com as tribos inteiras reunidas, foi regada a danças e manifestações comemorativas, afinal, mesmo que houvesse uma pequena vitória individual, a vitória era coletiva, com as preciosas pérolas seguras em cada tribo.
Glossário
Os nomes das tribos são nomes de cores em Tagalog, uma das línguas faladas nas Filipinas. Como Costa Ruana, pelas suas ilustrações, me remetem a algo na ásia, achei que faria sentido pegar inspiração num País-Arquipélago da vida real.
Seguem os significados:
Pulá – Vermelho
Puti – Branco
Dilaw – Amarelo
Asul – Azul
Tsokolate – Marrom

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