Seria necessário ampliar a imagem várias vezes até que fosse possível ver aquela guerra microscópica que era travada. Diferentes “armadas” disputavam o controle, numa batalha que quem sofria mais não eram os pequenos “soldados”, mas o próprio meio onde lutavam – o corpo humano. Vírus de formatos e cores distintos se amontoavam nos rins, pulmões, coração; Os órgãos eram suas zonas de batalha, a corrente sanguínea a aliada na locomoção. Os vírus disputavam espaço se reproduzindo e se atacando – e com isso sofrendo mutações, se tornando mais fortes e podendo até mesmo absorver as hordas inimigas, Enquanto a luta se desenrolava dentro do corpo, fora também havia outra frente de guerra. Os pesquisadores desenvolviam novos remédios e vacinas capazes de eliminar alguns tipos desses vírus. Quanto mais agressivos os vírus, conquistando maior espaço no corpo, a tendência era que fossem neles que as pesquisas se focassem mais. Um corpo tomado se via livre dos intrusos em um piscar de olhos. Isso, claro, se os vírus já não tivessem evoluído e ficado resistentes o suficiente para continuar no corpo e retornar o seu ciclo. O próprio corpo também tinha suas defesas; Quando um órgão se sobrecarregava, o corpo em crise arranjava um jeito de expulsar os invasores, mesmo que temporariamente. Febres, vômitos, inflamações, o que fosse necessário para expurgar o mal. Mas o corpo também poderia ser um aliado aos vírus. Mesmo na vida microscópica, o meio fazia com que suas estratégias mudassem, e uma fraqueza num órgão era um prato cheio para que os invasores aproveitassem.
O laudo final era o que determinava um vencedor, qual vírus tinha feito mais estrago. Nem adiantava que ele tivesse sido eliminado do corpo, os efeitos eram irreversíveis. E enquanto terminava a batalha em um corpo, começava outra em outro lugar, seguindo o ciclo viral.