Muito bom o cast, com tem sido, rapazes!

Minhas ideias de jogos pesados variam um pouquinho. Em geral no cast foi falado alguma coisa aqui e ali, mas resolvi listar. 

Primeiro, tem a questão da memória necessária para a partida. 
Jogos que têm centenas de regras e todas elas são importantes para o desenvolvimento da partida. Isso frita o cérebro muito mesmo. Daí pode até acontecer de dar bobeira no meio do jogo, porque já cansado, não se lembrou de alguma ação. Dentro do quesito regras, um jogo que mesmo tendo lido as regras e assistido a reviews explicativos, você não tem ideia de como explicar isso. 
Menção honrosa para esses jogos que tem muitas regras e então, cada tile, jogada ou carta puxada, faz com que essa ação 'quebre' uma regra inicial. 

Segundo, a jogabilidade.
Mesmo sabendo as regras, tendo sido bem explicadas, no começo, meio e até no final do jogo você não tem muita certeza do que está fazendo ou se o que está fazendo vai produzir a vitória no final. Ou então, mesmo sabendo como o jogo funciona, você não sabe exatamente para onde ir ou investir sua ação, se isso vai ou não produzir resultados. 

Terceiro, a questão da competição.
Jogos que têm tantos caminhos e possibilidades, que você tem dificuldade de se posicionar, durante a partida, em relação a(os) outro(s) jogador(es). Jogos em que é bem difícil dizer quem está na frente do placar.  

Quarto, os detalhes administrativos. 
São jogos que para mim, apesar até de terem regras simples, exigem do jogador uma administração febril do que está passando durante o jogo. Seja controlar centenas de detalhes no seu próprio jogo (recursos, cartas, movimentos, possibilidades...), quanto precisar também ficar de olho no que os outros jogadores estão fazendo ou deduzir o que eles pretendem fazer. 

Ótimo podcast, vida longa ao novo Canal!

Sobre jogador que sabota a partida, tive o mesmo problema no mesmo jogo (Dead of Winter, mas o Noites sem fim)
O tal jogador investiu nos objetivos individuais e ferrou o grupo todo (inclusive a si mesmo, já que necessitava concluir o objetivo em comum também). Apostou contra a crise uma vez e não impediu outra por opção. Chegamos a exilar ele e deixar o traidor na partida, pois estava atrapalhando muito mais!
Ainda assim, foi um massacre e terminamos a partida. Depois teve outro, mas contra ele, de um dos jogadores indignados em perder a partida de 2 horas por conta de suas ações.

Desde então criamos um verbo: "murilar" (o amigo chama Murillo). Jogando The Resistance, quando um espião usava alguma estratégia duvidosa, estava "murilando"... hehe

Agora fazendo mea culpa, acredito que o colega jogou errado também por não entender bem a ideia do jogo. Focou no individual pois queria ser o único vencedor, quando não é bem essa a proposta do jogo, que necessita de esforço mútuo. Faltou quem pôs o jogo na mesa (eu) explicar melhor o funcionamento dele. Precisamos jogar outra partida com a mesma turma e confirmar se era isso...

Gosto muito disso nos jogos de mesa, nos divertimos antes, durante e depois das partidas. Tem partidas de RPG que recontamos alguns acontecimentos há anos. Jogadas no "Nosferatu" que não só o vampiro convenceu a todos ser caçador, como convenceu que um deles era o vampiro, fazendo com que matassem a pessoa errada... e por aí vai, murilando ou não.

Abraços

Primeiramente, agradeço pelas respostas do episódio de filosofia. Até percebi nas respostas que o círculo mágico é mais fluido do que o estabelecido no postcast. E até foi interessante ver como o jogador trolador de Dead of Winter é um bom exemplo de como as barreiras do círculo não são intransponíveis ou herméticas. Mas não vou querer alogar para não fugir ao tema.

Para contrastar vou colar o item sobre peso do site do BGG. Risquei as alternativas que não concordo.

BGG Wiki:For different people weight means different things, usually a combination of things like:
  How complex/thick is the rulebook?
  How long does it take to play?
  What proportion of time is spent thinking and planning instead of resolving actions?
  How hard and long do you have to think to improve your chance of winning?
  How little luck is in the game?
  How much technical skill (math, reading ahead moves, etc) is necessary?
  How long does it take to learn the rules?
  How many times do you need to play before you feel like you "get" the game?

Fonte: https://boardgamegeek.com/wiki/page/Weight

Como vocês colocaram, ter muitas regras ou ser muito longo não dá realmente um peso ao jogo. Há jogos simples que duram horas para acabar e há manuais curtíssimos de jogos com decisões muito densas. Lembrando também que há prêmios que celebram jogos mais pesados:

Prêmio Expert pela Ludopedia::A categoria Expert é voltada para jogos com complexidade média e alta, com regras médias e complexas que são explicadas em mais de 10 minutos, com duração superior a 1 hora. Esta é a categoria dos jogos pesados, de estratégia e temáticos, geralmente com preço de mercado mais elevado. Estes jogos são destinados a um público mais experiente, para os jogadores que procuram desafios maiores.

Fonte: https://www.ludopedia.com.br/premiodetalhes?v=expert

Kennerspiel des Jahres pelo BGG::The German Kennerspiel des Jahres, first awarded in 2011, expands the prestigious Spiel des Jahres to recognize the "connoisseur/expert game of the year". ("Kenner" can be translated as both "connoisseur" and "expert", among other terms.) These are games which are meant for a more experienced audience, and where the Spiel des Jahres typically recognizes the best games for the entire family, the Kennerspiel des Jahres is more for gamers looking for games which present more of a challenge. According to the committee's description, "The award is intended to give guidance to those people who have already been playing games for a longer time and are experienced in learning new rules."

Fonte: https://boardgamegeek.com/wiki/page/Kennerspiel_des_Jahres

Acredito que o "ludopeso" que vocês exploraram não reside nas regras de manutenção da rodada e consequente downtime dentro do jogo, mas da necessidade de refletir sobre a tomada de decisão, sobre os impactos que a sua ação causará no desenrolar do jogo. Mas isso não acaba sendo um critério subjetivo? Enquanto você acha justo um lance de 50 no leilão sobre uma fonte de energia eólica que ilumina 5 casas no Power Grid, outro conta que tem 80 moedas consigo e pode continuar no leião, um terceiro já está fazendo as contas de quanto combustível ele pode economizar nas próximas 8 rodadas e dá um lance de 60 - não são formas completamente diferentes de sopesar as variáveis do jogo? Ou quando você olha a tartaruga do Mottainai na mesa e decide transformá-la em material só para bloquear o adversário, enquanto outro desce a Máscara na galeria só porque já tem duas obras ali, não são modos de analisar muito pessoais?

Acredito que mesmo o critério de recompensa não seja um bom critério. Tenho um filho com uma sorte absurda e só gosta de jogar Quartz. Ele se sente altamente recompensado quando joga e eu raramente não sou o último no placar desse jogo. Já minha filha mais nova tem como jogo preferido o Le Havre. E a mais velha não quer ouvir regras por mais de 20 minutos e curte muito Star Wars: X-Wing Miniatures Game e Takenoko.

Talvez seja mais útil avaliar de modo mais objetivo o "ludopeso". Do rol de ações que posso fazer, quantas delas são as melhores ações naquele momento? As consequências das ações são vistas imediatamente ou a longo prazo? Consigo perceber que fiz uma jogada errada imediatamente? Quantas ações são necessárias para contornar uma ação errada? Qual a idade mínima para que uma pessoa consiga jogar?

Pensando um pouco além (por favor, viagem comigo), para um jogador de futebol, o jogo pode ser leve. Para o técnico, ao escolher os jogadores e orientar o time, o jogo pode ser médio. Para um apostador do bolão da copa, é um jogo pesado. A partida de futebol (para cada um desses três grupos) seria três jogos diferentes ou um único jogo?

Já estou inscrito: https://ludopedia.com.br/canal/tabulices