Escrita por: Rodrigo Neves.

Sinopse do Jogo:
Tinco é um party game de ação simultânea e negociação, onde os jogadores devem formar quinas de um mesmo tipo de animal ou cores, dependendo da variante escolhida. É um jogo criado por Gustavo Barreto (Don Capollo) e Alessandro Oliveira (Aero). Lançado recentemente, através de uma parceria entre Devir e Funbox, ele está disponível nas lojas mais comuns do ramo. Sendo um jogo de 3 à 6 jogadores, Tinco dura de 20 à 30 minutos, e é recomendado para jogatinas casuais e para todos os públicos.
Objetivo:
Em Tinco os jogadores devem trocar de cartas entre si, buscando fazer um conjunto de 5 cartas do mesmo animal (ou da mesma cor, dependendo da variante). Além disso, em cada rodada, cada jogador também deve pegar um pedaço do medalhão, no centro do tabuleiro, assim que desejar encerrar suas trocas. Porém não há pedaços do medalhão suficientes para todos os jogadores. Com isto, o último que ficar sem o medalhão perde ponto. Existe ainda a carta da discórdia (medalhão partido) e o jogador que chegar ao final da rodada com ela em sua mão, também perde um ponto. Todos os jogadores que tiverem um conjunto de 5 cartas do mesmo tipo e um pedaço do medalhão marcam um ponto. Quem atingir 5 pontos primeiro chega no alto da torre, sendo o vencedor do jogo.
Mecânicas:
- Ação Simultânea;
- Negociação;
- Coleção de Componentes.
Componentes:
O jogo vem em uma pequena caixa, do formato clássico para pequenos card games, mas ligeiramente menor que um Love Letter ou Hanabi, por exemplo. Ele conta com 42 cartas, 6 marcadores imitando clips, 5 tokens de medalhão e um manual de instruções.
Entre as cartas disponíveis, temos 6 cartas de “Torre da Perfeita Harmonia”, que junto com os marcadores de clipes, formando os marcadores individuais de pontuação para cada jogador. A pontuação varia de -5 a 5, graduado de 1 em 1. O primeiro ponto negativo a destacar são os “clipes” de papel... além de serem muito frágeis, dificultam a leitura da pontuação e se deslocam muito facilmente. Infelizmente como o próprio autor justificou, os componentes originais metálicos foram barrados pelo IMETRO, e a Devir teve pouco tempo apresentar uma solução. Tipo o caso dos copos de couro do Stone Age.
No jogo temos 7 conjuntos de animais, com 5 cartas cada. A arte e cores usadas para ilustrar o jogo foram fruto de um trabalho excepcional. Neste quesito o jogo merece muitos elogios. Ficou belíssimo!
Temos Águias Altaneiras, Dragões Celestiais, Grous Airosos, Tigres Caçadores, Louva-Deus Guerreiros, Serpentes Sorrateiras e Macacos Trapaceiros. Todos os animais seguram uma peça de medalhão de uma cor, usada para a variante um pouco mais avançada.
Pessoalmente achei o material das cartas simples, mas não de má qualidade. A gramatura das cartas poderia ser um pouco mais alta, porém como este não é um jogo de embaralhar repetidamente, não chega a ser um sério problema. Porém fique atento... como as cartas são trocadas rapidamente de mãos, o uso de sleeves é altamente recomendado para manutenção do jogo.
Existem 5 cacos de “Medalhão da Concórdia” e um manual bem ilustrado, de linguagem simples e com exemplos. Atende muito bem a seu propósito.
Síntese do Jogo:
Para o setup, devemos separar uma certa quantidade de conjuntos de animais e cacos de medalhão para a partida, de acordo com o total de jogadores. Em geral, para n jogadores, separamos n+1 conjuntos de animais e n-1 cacos de medalhão. Os valores podem ser consultados em uma tabela do manual.
Em seguida, entregamos para cada jogador uma carta de torre e um marcador, que devem ser posicionados no andar zero. Os cacos do medalhão devem ser colocados no centro da mesa, ao alcance de todos, preferencialmente o mais equidistante possível entre si.
Escolhe-se os conjuntos de animais desejados e embaralha-se com a carta de “Trinco” (medalhão partido). A escolha dos animais é independente, já que não um jogo assimétrico, eles não possuem habilidades especiais... vai mais do gosto pessoal mesmo.
O dono jogo distribui as cartas viradas para baixo, uma por jogador, até elas se esgotarem.
Os jogadores conferem suas mãos iniciais e inicia-se uma rodada do jogo. Em Tinco não existem turnos... todos jogam simultaneamente. Talvez esta seja uma das partes mais diferentes e bacanas do jogo. A interação é contínua, como uma corrida em busca de novas cartas.
Cada jogador deve gritar o número de cartas que deseja trocar no momento: “- Duas!” ou “- Três!”. Como se fosse um mercado em praça pública. Quando dois jogadores anunciam o mesmo valor, eles podem trocar o número anunciado de cartas fechadas, e seguir anunciando outras trocas. Você pode escambiar qualquer quantidade de cartas, de uma à todas em sua mão.
Quando um jogador completa um “tinco”, ou seja, um conjunto de 5 cartas do mesmo animal, ele deve pegar um caco de medalhão disponível da mesa e encerrar suas negociações. Mas não é obrigado a anunciar a ação... os outros é que devem prestar atenção.
Quando todos os pedaços de medalhão são recolhidos, a rodada termina e as cartas na mão de cada jogador reveladas para a pontuação.
A pontuação segue as regras: Fez o tinco, pegou o caco de medalhão: + 1 ponto. Não fez o tinco, mas pegou o caco do medalhão: nada. Quem não pegou o caco de medalhão: -1 ponto.
A situação fica péssima para quem terminar o jogo com a carta da discórdia na mão, a que possui a imagem do medalhão quebrado: Fez o tinco, pegou o caco de medalhão: Nada. Não fez o tinco, mas pegou o caco do medalhão: -1 ponto. Quem não pegou o caco de medalhão: -2 pontos.
No final da rodada, as cartas são embaralhadas e redistribuídas para a rodada seguinte, e segue assim até o final do jogo. O jogo termina quanto o primeiro jogador atinge o andar de número 5 (ele é o vencedor) ou quando alguém atinge o andar -5 (onde o jogador mais alto na torre vence).
Avaliação:
Tinco é um ótimo filler, com todas as características necessárias para um jogo desta categoria ter sucesso. É rápido, divertido, portátil, muito interativo e possui um custo atrativo.
Percebermos que os autores se esforçaram para trabalhar bem a temática, através da arte e ambientação do manual. No jogo somos aprendizes de Kung Fu lutando contra 5 diferentes Mestres Animais, para provarmos nosso valor e conquistar o reconhecimento deles. Entretanto um jogo festivo de tão curta duração não consegue ser imersivo, pois a prioridade acaba sendo da mecânica. Mas isto não tira o brilho do jogo, que é mecanicamente redondo e divertido do início ao fim.
Um ponto extremamente positivo é o trabalho de arte deste jogo. As cartas e o manual são muito belos e encantadores. Um esmero que deve ser reconhecido e elogiado. Apesar dos componentes se limitarem exclusivamente às cartas e poucos tokens/marcadores, o jogo é bem amarrado e funciona muito bem com eles. Fica apenas uma consideração referente aos marcadores que imitam “clipes”, e são feitos de papel. Mas de acordo com o Gustavo Barreto, eles serão repensados para a edição internacional. Para os mais exigentes fica a sugestão de comprar a parte os clipes metálicos, que custam poucos centavos nas papelarias.
É um jogo totalmente independente de idioma, com manual em português, mas que poderia facilmente ser lançado mundialmente. Acessível a todos os públicos, de rejogabilidade ilimitada e barato, é um jogo que deverá atingir um grande público e ser um filler com lugar em quase todas as coleções de boardgamers. Recomento fortemente conhecer o jogo. Outros jogos na categoria que me agradam muito são Love Letter e Coup.
Fica registrado o elogio aos autores deste ótimo jogo, e as editoras que investiram neste projeto que parece ter tudo para ser um sucesso.