Resenha do Jogo Zodiacus
Escrito por Rodrigo Pereira do Nascimento
No dia 25 de Abril deste ano de 2015, nós do grupo TTZO em Campo Grande, Rio de Janeiro, fomos contemplados com a oportunidade de conhecermos um jogo ainda em sua fase final de desenvolvimento: Zodiacus (Facebook). Ou, como outros diriam, nos prestamos ao papel de Cobaias...
Desenvolvido por Marcos Barreto, em parceria com demais amigos, Zodiacus traz uma jogabilidade que lembra muito um MOBA (Multiplayer Online Battle Arena), tipo de jogo popularizado nos PC's pelos já famosos DoTA e League of Legends; transportado para um ambiente de tabuleiro, em uma abordagem mais lúdica e prática.
Síntese do Jogo:
Zodiacus apresenta 12 personagens, divididos em classes de guerreiros, com ataques corpo a corpo, maiores danos em níveis iniciais, maiores pontos de vida, pouca evolução do dano; magos com seus ataques místicos, menor resistência a ataques físicos, menores danos em níveis iniciais mas que se tornam muito preocupantes conforme seu nível vai aumentando; e guerreiros místicos, um meio termo entre essas classes, mesclando suas vantagens e desvantagens, criando uma classe de personagem mais balanceada. Cada um destes também é representante de um signo do zodíaco (sim, tal qual os 12 cavaleiros de ouro daquele anime safado que você talvez tenha ouvido falar...), e por conta disso, apresenta afinidades com alguns signos e inimizades com outros tantos, o que vêm a desencadear efeitos benéficos ou malefícios no decorrer do jogo.
Além disso, cada personagem possui seu domínio, representado aqui por um tabuleiro quadriculado para movimentação (e obstáculos que complicam seu deslocamento, porque, sejamos honestos, a vida não é esse seu toddynho gelado, garoto), onde constam seu castelo (objetivo final do jogador adversário), duas torres - que devem ser destruídas antes de podermos atacar o castelo rival - e também 2 guardiões que protegem Runas místicas; Runas essas que fornecem bônus importantes ao jogador que conseguir adquiri-las.
Cada um dos personagens principais conta com o auxílio de dois aliados, também personagens representando habilidades e afinidades/inimizades únicas, o que torna o jogo bastante estratégico em um primeiro momento.
Devidamente posicionados então todos os elementos (personagens, aliados, castelos, torres, guardiões...) nos seus respectivos tabuleiros, começa-se a partida, que antes de mais nada, vale dizer, começa com a COMPRA DE CARTAS!
Sim! Cartas!!!
Se você achava que os elementos do jogo poderiam acabar por aí, ainda há mais esse fator. Há um baralho de onde você irá comprar, no decorrer do jogo, habilidades especiais, itens para aprimoramentos de personagens e mais algumas vantagens que podem fazer uma bela diferença no resultado da partida.
Feito isso, começa-se a partida, com os personagens nos seus respectivos lados, e os mesmos devem, cada um na sua vez e respeitando as características de deslocamento descritas em sua carta de personagem; deslocar-se pelo tabuleiro, até que possam atacar as torres do adversário, com seus ataques e habilidades, ganhando então experiência e desenvolvendo ainda mais seus personagens, dando-lhes maiores poderes. Como isso tudo é a representação de uma batalha, as dificuldades vêm do encontro com os personagens adversários, prometendo combates constantes durante todo o decorrer do jogo. E é aqui no combate que reside mais uma característica muito particular de Zodiacus.
No jogo, o embate se dá de acordo com a seleção da forma de ataque (físico ou místico, corpo a corpo ou à distância, dependendo das características do seu personagem, ou até mesmo dos itens que ele esteja usando), e cada ataque de personagem possui um número e uma cor. Isso significa o seguinte: o número de vezes que o dado daquela cor deve ser rolado, e somando-se tudo ao final, comparado com os resultados de seu adversário, a fim de determinar o ganhador do combate. Feito isso, roda-se outro conjunto de dados para determinar o dano causado pelo ataque, de outro conjunto de dados diferente. Essa dinâmica de diferenciação de resultados serve para marcar a disparidade dos embates entre classes diferentes de personagens: quem joga RPG sabe que um guerreiro pode causar um bom dano em um combate corpo a corpo contra um mago, ao mesmo passo que esse mesmo guerreiro pode se ver em maus lençóis se vier a ser vítima de uma magia do nosso amigo arcano. É possível ver, por esse aspecto, a preocupação da equipe de criação do jogo com o fator de balanceamento de combate.
Dito isso, durante nosso playtest, duas partidas foram jogadas, durando uma média de 4 horas cada uma. Durante essas partidas, os desempenhos nos dados pareceram ser determinantes, o que na verdade mostra o quão parelhos são os embates; e há uma grande preocupação em fazer com que a estratégia seja um fator a se considerar seriamente antes de mais nada
Avaliação:
Zodiacus se apresenta com a temática dos Signos, onde os campeões representantes dos mesmos possuem uma série de habilidades e aliados relacionados; e têm por objetivo vencer seu adversário em uma guerra travada entre eles (por motivos que aparentemente só cabem a seres superiores saber...) através da destruição do castelo de seu inimigo. Porém, o caminho que leva até o objetivo está populado por dificuldades, sejam elas obstáculos físicos, ou mesmo torres (Sim Sr! Tem até Tower Defense no meio disso tudo) que irão dificultar sua meta.
Aliando uma jogabilidade de um card game (compras, habilidades, itens e ações especiais são definidas pelas cartas) a um tabuleiro com obstáculos e posicionamentos para restringir a movimentação dos personagens, adicionando assim um componente maior de estratégia; e “power -ups” obtidos através de desafios secundários, que só auxiliam em compor o clima de RPG eletrônico transposto para o papel, Zodiacus se esforça em manter a seriedade da temática do jogo, oferecendo bastante diversão, em uma partida parelha o tempo todo.
O comprometimento do criador do Jogo, Marcos, é visível no esmero com o qual este protótipo nos foi apresentado: desde seus componentes, mostrando a visível intenção de manter uma qualidade gráfica e de componentes do jogo primorosa; até a jogabilidade, preocupada em manter os jogadores entretidos com a estratégia e adaptação ao decorrer do jogo. Obviamente nem tudo são flores, e acredito que alguns pontos possam ser aprimorados a fim de melhorar jogabilidade e acessibilidade do jogo; como o fato de dividir o dado para 4 dados independentes de cores diferentes, o que facilitaria a rolagem e a visualização da pontuação; ou mesmo uma diminuição na divisão do tabuleiro, ou uma redução dos obstáculos físicos, o que pode aumentar o dinamismo da partida, favorecendo mais combates através de uma movimentação mais fluida pelos tabuleiros do jogo. Ambos os pontos aqui apresentados foram expostos também diretamente ao criador do jogo, que foi super solícito e prestou atenção a todas as observações feitas; chegando a concordar com algumas delas, e prometendo até mesmo revisar esses aspectos.
