Overview:
Originalmente publicado em 2014 pela Quined Games e trazido ao longo de 2015 para os EUA pela Stronghold Games, The Golden Ages é um euro de peso médio, com foco na construção de civilizações, jogado em quatro eras/rodadas e cada uma delas correlacionada a uma idade da história humana. Dentro de cada rodada, os jogadores se revezam tomando ações. Algumas dessas ações exigem que o jogador use um dos seus trabalhadores, outras ações simplesmente exigem recursos, como dinheiro ou ativações de cartas de edifícios e maravilhas. O primeiro jogador a começar uma Idade de Ouro, o equivalente a passar a vez, escolhe um cartão de "Juízo de História" que declara a forma como todos os jogadores irão marcar pontos extras naquela rodada. Há muitas maneiras de pontuar neste jogo: artistas, o julgamento da história, maravilhas, tecnologias, ataques, dinheiro, tecnologias secretas do futuro, etc... bem como muitas maneiras diferentes para se alcançar a vitória.



Uma vez que os jogadores possuem apenas três trabalhadores neste jogo e nunca podem reivindicar mais, isso cria uma estrutura bastante apertada, onde cada movimento é fundamental e nos traz aquele senso de que não podemos desperdiçar nossas ações. Mas ao mesmo tempo, as decisões no jogo nos fazem ponderar bastante, por conta de suas diversas opções. Você precisará maximizar suas ações em The Golden Ages. Este é um daqueles jogos onde você simplesmente não será capaz de fazer tudo o que você quer, e terá que se concentrar em quais linhas da árvore de tecnologia pretende concentrar seus esforços. É importante focar desde o início nos desenvolvimentos desejados, porque é um jogo extremamente rápido, daqueles que não dão muita margem de tentar reiniciar com outro estratégia principal no meio da partida.


É importante reforçar... este é um jogo realmente rápido de se jogar, com cerca de 30 min por jogador. Mesmo na primeira jogada, da primeira partida, nenhum jogador ficou agarrado com AP. Para mim isto foi um grande mérito para um jogo de civilização. Os turnos prosseguiram suavemente, com tempo de inatividade muito pequeno entre eles. Quando você passa a vez na rodada e entra na Idade do Ouro, você ainda recebe $2 cada vez que voltar a sua vez novamente, mesmo inativo. Então você ainda tem algo para olhar à medida que a rodada avança. Eu gostei desta característica, porque mantém você presente na partida e desincentiva que os oponentes estendam demais a era.
A árvore de tecnologia consiste em 16 tecnologias, mais 4 iniciais que você já começa usando. Cada linha da árvore é um ramo diferente e para pesquisar qualquer nova tecnologia, você já precisa ter pesquisado a tecnologia imediatamente anterior em sua própria linha. Isso fornece uma árvore que é simultaneamente simplificada e ao mesmo tempo complexa o suficiente, para proporcionar oportunidade para a singularidade e assimetrias das civilizações.


Cada partida conta com cinco cartas abertas de objetivos desde o início, que determinam quais aspectos das civilizações vão marcar pontos, no final de cada uma das quatro eras. Claro, uma delas não irá pontuar. O primeiro jogador a passar na rodada, determina qual das cartas restantes será o item que pontuará na era atual. Estes pontos são geralmente dados considerando uma quantidade de certos atribuídos que você tem em sua civilização. Assim, por exemplo, uma pontuação pode ser por certos recursos, edifícios, ataques realizados, maravilhas, etc... É um incentivo maior também, para a disputa em ser o primeiro a passar em uma rodada.


No início do jogo você recebe quatro cartas de líder. Você começa o jogo com o líder da Era I e a cada nova Era, você tem a opção de mudar para um líder novo ou manter o líder que você tinha antes. Este mecanismo permite que você "mudar de marcha" com o sua civilização e fornece boas alavancas estratégicas. A quinta carta que você recebe é uma carta de pontuação de jogo final, chamada de tecnologia futura... basicamente se você tiver maior a quantidade entre os jogadores do recurso listado nela, você vai marcar mais 8VPs. Nenhum outro jogador pode marcar pontos com a sua carta de pontuação final, ela é pessoal.
Para mim, o desenvolvimento militar em jogos de civilização é muitas vezes um ponto delicado. Se ele é muito poderoso, as pessoas podem apenas investir militar e levar o jogo quase para um wargame. Se for demasiado negligenciado, ninguém faz a parte militar. Nesta ótica, The Golden Age apresenta uma ótima proposta: a ação militar é uma grande fonte de VPs nas situações certas, só que fica cada vez mais onerosa a medida que se usa ela. Você também é limitado a atacar no jogo: na partida inteira você só pode atacar outros jogadores quatro vezes. Isso significa que você precisa avaliar o quão importante é atacar na hora específica que você deseja. Às vezes pode fazer uma grande diferença se o jogador que você está atacando está em uma posição para criar um combo de jogo significativo. Eu gostei do sistema de combate básico neste jogo. Não há dados para rolar, nenhuma vantagem de batalha para jogar. Se você quiser atacar, você estará pagando por isso, e a única coisa que o defensor sofre é que ele tem que tomar de volta seus meeples e cubos. O sistema de batalha é muito mais fácil de entender, do que qualquer outro jogo baseado na civilização que conheço.


Todas as vezes que coloquei The Golden Ages na mesa, teve algum jogador dizendo que era o melhor jogo civ que jogou até agora. Penso que este é um tesouro escondido. A primeira coisa que eu tenho a dizer sobre a arte, é que se você já tocou Bruxelles 1893, Troyes ou Tournay, vai encontrar esta obra mais do que um pouco de familiaridade, porque é feito pelo mesmo artista. O jogo é completamente independente linguagem... nenhum dos edifícios, cartas de civilização ou maravilhas tenha qualquer tipo de texto sobre elas. Tudo é feito com iconografia. E a primeira coisa que eu tenho a dizer é que a iconografia sobre este jogo é até bem-feita, porém peca em alguns pontos por falta de nitidez, cartas muito pequenas e um grande conjunto de símbolos, muitas vezes nos obrigando a recorrer ao manual. Mas isto é relativamente comum em jogos de civilização.
As regras são curtas e cabem em 4 folhas. Levei cerca de 30 minutos para lê-los completamente e entender o jogo bem o suficiente para ensinar. A caixa fica bem cheia, a ponto de haver dificuldade de encaixar tudo no insert. Eu precisei levantá-lo para guardar os componentes dos jogadores por baixo, o que ocorre as vezes em jogos com muitos componentes da FFG. Em resumo, a jogabilidade é muito fácil de aprender e as regras entender. A arte é muito agradável aos olhos. E a parte mais importante .. o jogo é épico e cheio de diversão. The Golden Ages é um dos melhores jogos de civilização rápidos da minha coleção, junto com Peloponnes, e recomendo fortemente conhecer.
Segunda Opinião por: Roberto Pinheiro.
A priori Golden Ages parece ser um civ-game condensado para proporcionar partidas de menos de uma hora e meia. Admitidamente, eu não sou fã de jogos longos e estava extremamente empolgado com a ideia de conseguir em uma partida curta atravessar diversas eras, construir minha civilização e ter uma história boa para relembrar. Para ambientar você, leitor, meu civ-game predileto é Clash of Cultures e não gostei do Through the Ages, tanto pela duração exagerada quanto pela falta de imersão.
Então, joguei a primeira partida de Golden Ages. As regras são curtas e abstratas, ao ponto de não as consegui entender direito. Especialmente a dinâmica de exploração. Em suma, a primeira partida foi meio complicada. Enfrentamos vários entraves. Sendo que passada a primeira partida, eu fiquei curioso, pois percebi que Golden Ages era meio que um civ puxando para Euro Game. Eu adoro Euros, precisava dar mais uma chance ao jogo.
Insisti uma segunda partida, agora com todas as regras bem estudadas e preparado. A partida fluiu bem melhor. Investimos nas tecnologias, um dos jogadores conseguiu a tecnologia de míssil e começou a dizimar oponentes pelo mapa. Exploramos o mapa e expandimos nossos domínios. O problema é que, apesar da mecânica estar lá e fazer um pouco de sentido, o jogo não tinha força o suficiente para fazer o tema transparecer. Então, conseguimos perceber que Golden Ages era de fato um civ euro game, e isso não é legal. Não é legal, pois um civ é uma jornada sendo desenrolada de várias civilizações lutando por poder e pelo seu lugar na história.
Infelizmente, Golden Ages não cumpriu seu papel de civ-game. O tema está no jogo apenas para confundir as regras, pois a temática não faz sentido em inúmeros casos. Apesar de todas as reclamações, o jogo não é totalmente desprovido de qualidades. A mecânica que toda rodada existe uma carta de pontuação é muito interessante, pois quem escolhe ela é o jogador que passou primeiro. Muitas vezes isso gerava uma tensão para ver quem passaria primeiro.
Adicionalmente, Golden Ages não parece ter uma boa variedade entre as partidas. Talvez você possa investir em diferentes tecnologias e as cartas de pontuação sejam diferentes, mas a rejogabilidade me pareceu sofrível.
Para completar, o jogo peca nos componentes. Quase todas as cartas têm o mesmo verso, só mudando a cor. Ficou difícil diferenciar a qual carta era qual. O design definitivamente não me agradou e nem a arte. Apesar de ser o mesmo artista de Troyes, que eu gosto bastante da arte e do jogo, aqui em Golden Ages estava tudo muito esquisito. Algumas cartas tinham informações tão pequenas que não era possível ver, como qual o líder que se beneficia da maravilha especifica.
Bom, apesar dos meus esforços, eu não gostei do jogo. Acho que a roupagem de civ-game mais prejudicou do que ajudou, pois trata-se de um Eurogame de otimização. Vendi poucas semanas depois da segunda partida.
Indicação de outros jogos com pegada de civilização resenhados pelo Canal TTZO:
Peloponnes
Imperial Settlers
Through the Ages: A New Story of Civilization
Mare Nostrum
Empires: Age of Discovery
Mega Civilization