Desde que conheci essa série de jogos, através da campanha no Kickstarter do terceiro deles, o Explorers of the North Sea, fiquei apaixonado. Tudo nela me agrada: a arte é linda, temática fenomenal, os jogos em si tem, separadamente, características e mecânicas próprias e, pra fechar, a possibilidade de se jogar os três jogos como uma verdadeira saga nórdica pelo desenvolvimento e expansão dos Vikings.

Pra quem está boiando, vou falar um pouco mais dos jogos em si. Em 2014 o designer Shem Phillips, da Nova Zelândia, lançou o primeiro da série, Shipwrights of the North Sea, um jogo de administração de cartas em que o jogador controla uma cidade viking e deve construir sua frota de navios e se tornar o dono da maior frota. Há um pouco de negociação, um pouco de alocação de trabalhadores e um pouco de economia. A primeira expansão, The Townsfolk Expansion, lançada ainda em 2015 gratuitamente, adiciona pouca coisa mais ao jogo original.


Em 2015, Shem volta com o segundo jogo da série, Raiders of the North Sea. A missão agora é impressionar o chefe viking coletando itens e saqueando, como todo bom viking sabe fazer. A mecânica agora mistura ainda mais administração de cartas e alocação de trabalhadores, e ainda tem um que civilização. O jogo se assemelha muito ao Lords of Waterdeep, em sua essência.



Esse ano, bem recentemente, a campanha no Kickstarter do Explorers of the North Sea arrecadou quase 7 vezes mais do que o necessário para fundar a campanha. O novo jogo muda a mecânica para colocação de tiles, além da básica alocação de trabalhadores, e acrescenta um pegar e entregar, controle/influência de área, entre outros. O objetivo agora é navegar por novos e desconhecidos mares, criar postos avançados e trazer para casa animais para ganhar pontos. Essa campanha também trouxe a expansão The North Sea Runesaga que junta os três jogos em um só, criando um vínculo entre cada jogo que terminará, ao final das três partidas, decidindo o grande vencedor da saga.



Uma das coisas que mais me chama a atenção na série dos homens do mar do norte é que, diferente de outros jogos com tema viking, North Sea não usa a mitologia nórdica. Isso é bem pouco comum no universo dos board games. A imensa maioria de jogos com essa temática, como Blood Rage, Champions of Midgard e outros, tem como pano de fundo algo da mitologia praticamente inseparável do tema do jogo. Mesmo jogos de outros povos antigos, como Cyclades, Kemet, ou Tzolk'in, trazem um tema bem cultural de um determinado povo do passado, mas não consegue fugir da sua mitologia. North Sea coloca na mesa jogos menos imersivos, é verdade, bem mais leves em sua temáticas, o que talvez não agrade os jogadores mais hardcore. Porém, essa leveza deixa os jogos com um viés muito mais família e muito mais fácil de agradar outros tipos de jogadores.

O senso de unidade criado pelos jogos, principalmente pela arte do Mihajlo Dimitrievski, é enorme. Os componentes conversam dinamicamente, todas as cartas parecerem pertencer ao mesmo jogo, se não fossem suas características próprias dentro da mecânica de cada jogo. A arte é muito bem finalizada, tanto das ilustrações, quanto do componentes. Tudo é de muita qualidade.

Apesar disso, não são jogos caros. Durante a campanha, era possível comprar os jogos e suas expansões e todos os stretch goals disponíveis no Kickstarter por menos de 600 reais, incluindo todos os stretch goals dos jogos anteriores (sem o frete, claro). 600 reais por 3 bons jogos e mais duas expansões e seus add-ons é algo muito, muito viável (na verdade, você ainda pode fazer isso aqui).

O próprio Rahdo, num review sobre o Explorers (veja aqui), elogia os jogos individualmente, o tema, a arte e a possibilidade de jogá-los como um só. É uma pena que ouvimos falar tão pouco dos jogos aqui e não há nenhuma movimentação no sentido de vermos esses jogos comercializados/distribuídos no Brasil.

Por tudo isso, fico realmente sem entender porque quase não ouvimos falar do projeto, ou dos jogos individualmente aqui no Brasil, ou mesmo aqui na Ludopedia. Ou mesmo que nenhuma empresa tenha, até agora, mostrado interesse nos jogos.

Eu gostaria de ver a saga dos homens dos mares do norte aportando em solo tupiniquim. O que vocês me dizem?

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