Recentemente tive a grata oportunidade de jogar uma partida do “Zona Mágica” da Arcano Games.  O jogo está em financiamento coletivo até o final deste mês, já atingiu a meta inicial e está recebendo bastante atenção dos canais de divulgação de jogos de tabuleiro.  Isso tem despertado a curiosidade de muita gente em saber se o jogo é realmente bom.

Não tenho a intenção de explicar detalhadamente as regras, e sim de apresentar as principais características do jogo baseado apenas na ÚNICA partida que joguei e nos comentários que acontecem após a partida.  Sendo assim minha experiência com o jogo é mínima e com mais partidas minha percepção pode mudar.

Zona Mágica é um jogo para 3 a 5 jogadores.  Nele seremos magos competindo num torneio de magias, com direito a torcida, juízes e muita interação num clima que lembra um pouco Harry Potter.  Cada mago tem uma habilidade específica relacionada ao seu elemento com o qual ele interage melhor (água, terra, fogo, ar, arcano). O objetivo do jogo é fazer mais pontos que os demais adversários.  Estes pontos são obtidos através da realização de diversos tipos de magias, representadas por um deck especifico de cartas, e pelo domínio das trilhas de cristais de dragão e fada.  As magias são a principal forma de obter pontos e são realizadas utilizando as cartas de manas disponíveis em um dos círculos de dragão ou fada presentes no tabuleiro.

O jogo é bastante simples no que diz respeito às regras, já que em sua vez o jogador tem basicamente que realizar uma ação dentre 3 possíveis:  fazer uma magia, inflamar a torcida para ganhar cristais ou reservar uma carta de mana.  Para realizar uma ação o jogador sempre utiliza uma das cartas de mana disponíveis na parte inferior do tabuleiro.  Quando estas cartas terminam, termina também a rodada.  Ao final de um número específico de rodadas, que depende do número de jogadores, o jogo termina e a pontuação final e apurada.  Entre as rodadas pode haver também um leilão de implementos que dão um “boost” nas magias e são muito úteis. 

Zona Mágica é um jogo bastante dinâmico.  As rodadas são rápidas, normalmente com pouco espaço para AP. O que pode tomar mais tempo do jogador iniciante é a leitura dos textos das cartas de magia e dos implementos visando a obter a melhor combinação possível.  Durante o jogo não será difícil memorizar os efeitos de algumas das magias e assim facilitar a tomada de decisões.  Obviamente que ao se familiarizar com as cartas, partidas subsequentes tendem a ter menos leitura e se tornarem mais rápidas ainda.

Se você gosta de jogos com bastante interação, temos aqui um “prato cheio”.  Grande parte das magias tem como foco atingir o adversário e prejudica-lo de alguma forma, normalmente fazendo com que ele perca pontos, cartas ou cristais.   Isso pode tornar o jogo bastante caótico no que diz respeito a planejamento.   Essa característica tem, em minha opinião, o seu lado bom e seu lado ruim.  O lado bom é que o jogo oferece opções de alcançar adversários que tenham disparado na liderança e assim equilibrar melhor a pontuação.  Acredito que isso faz também com que as partidas sejam decididas sempre próximas do final trazendo uma sensação de que se pode virar o jogo a qualquer momento.

O lado ruim está ligado à questão do planejamento.    Suas ações dependerão muito do que os outros jogadores podem e irão fazer.  Mudança nas manas disponíveis nos círculos de magia, manipulação do deck do adversário (mesmo que aleatoriamente), escassez de uma determinada mana no início da rodada, etc.  Tudo isso pode fazer com que em sua vez o cenário esteja tão modificado que planejar suas ações futuras de forma “segura” se torna um desafio.   Para minimizar esta característica, os jogadores podem tentar antecipar mudanças nos círculos e também reservar manas para facilitar a execução de suas próximas magias.  Neste aspecto uma partida com 3 jogadores tende a ter bem mais controle do que uma partida com 4 ou 5 jogadores.  Além disso existe uma boa gama de magias “defensivas” para jogadores que gostam de ter mais segurança ao planejar ações futuras.

 

 

A arte do jogo está mais voltada para o estilo “cartoon” com bastante variação de cores e utilização de diversas referências à cultura pop que muita gente vai gostar de identificar.  No que diz respeito à arte do tabuleiro (falando aqui do protótipo), pode parecer meio confusa a trilha de pontuação onde se misturam números com torcedores dentre outros desenhos que se “perdem” devido ao excesso de informações e cores presentes no mapa.  Parece que isto foi citado por outros jogadores e uma nova versão desta trilha de pontuação foi preparada para o produto final.  As demais ilustrações estão bonitas e adequadas, e apesar de não serem espetaculares criam o clima de magia necessário para o tema do jogo.

Por fim a iconografia é simples e fácil de entender e está bem implementada nas cartas e no tabuleiro, aparecendo somente quando realmente é necessária.

A qualidade dos componentes está excepcional, principalmente se tratando de um protótipo.  A caixa está com alto padrão de qualidade parecendo já um produto finalizado com acabamento profissional.   As cartas, tabuleiro e marcadores também estão no mesmo nível de qualidade com destaque para as miniaturas de magos que foram feitas no Brasil e estão excelentes.

Considero diversão como um conceito bastante relativo.  Como exemplo posso citar que não sou fã de jogos considerados “caóticos” como pode ser em alguns momentos o Zona Mágica.  Porém, mesmo com essa característica eu me diverti bastante com o jogo.  Acredito que jogadores que gostam de jogos onde é possível “prejudicar o adversário” poderão aproveitar e se divertir mais do que jogadores que preferem mais controle (estes últimos podem até não gostar do jogo).  No entanto é importante ressaltar que o jogo fornece opções para todos os estilos: defensivo, agressivo, arriscado, etc.   Dentre as magias disponíveis existem aquelas que te protegem das ditas magias “agressivas”, fazendo com que o jogador consiga, em determinadas circunstâncias, planejar melhor sem o receio de ter suas cartas levadas por um tornado ou seus pontos perdidos ao ser atingido por um relâmpago, etc.   À parte de tudo isso, vale citar que lançar uma magia, marcar os pontos e aplicar seus efeitos é bastante divertido.

É fácil notar que existe uma boa dose de “caos” no Zona Mágica ao mesmo tempo em que ele também oferece opções para jogar de forma mais “segura”.  Os componentes são bonitos e de ótima qualidade.  Diversas referências à cultura pop estão presentes para quem curte encontra-las.  As partidas são rápidas e as rodadas bem dinâmicas.  O jogo tem bastante interação entre os jogadores e diverte sem ser cansativo.  A arte está adequada e algumas mudanças no tabuleiro se fizeram necessárias para o produto final.  Pode não agradar a todos, principalmente jogadores que gostam de mais controle no planejamento e de jogadas seguras, mas com certeza terá um público alvo que ficará bastante empolgado em lançar seguidas magias nos adversários.

 

Pude perceber todo o cuidado e atenção que o pessoal da “Arcano Games” tem com o Zona Mágica.  Eles tiveram a preocupação com a qualidade, com os detalhes, referências, testes, feedbacks e implementação de diferentes estilos de jogo.   Por si só isso já é uma conquista e tenho a forte impressão de que o jogo fará sucesso no cenário nacional.