Você sempre quis fazer parte de uma banda, mas sempre teve voz de taquara rachada, um ouvido péssimo para notas musicais e sua coordenação motora igual de um ornitorrinco paralítico sempre te impediu de aprender qualquer instrumento, mesmo a flauta de êmbolo. A vida seguiu seu curso e logo depois de se formar na faculdade você teve seu grande plot twist. Agora você é membro oficial de uma das maiores bandas (da região) como agente responsável pela logística das viagens. Quem disse que seu diploma de Engenheiro de Produção não teria serventia no mundo artístico? On Tour Tá na Mesa!
On Tour é um jogo de 2019 criado por Shad DeSon. De dois a quatro jogadores, com duração média de 30 minutos, em On Tour os jogadores devem criar a melhor rota de viagem para sua banda colocar o pé na estrada.
- Então é um joguinho de trilha? Só falta dizer que tem que rolar dados.
Exatamente isso, biduzão. Mas ao contrário de que sua parca mente está imaginando, On Tour não tem nada a ver com Ludo ou Monopoly, não há uma única rota a ser seguida (Nota da Sra. Slovic: Na verdade, não há nenhuma rota definida. O objetivo do jogo é exatamente criar uma). Cada jogador terá um tabuleiro individual com o mapa dos EUA, dividido em regiões e com várias cidades.
Em cada turno três cartas serão reveladas, indicando uma cidade e uma região, e dois dados de dez lados (Nota do Sr. Slovic: Quem já está familiarizado com RPG conhece o D10) são lançados e seus números formam duas dezenas (Nota da Sra. Slovic: Quem já está familiarizado com RPG sabe que 2D10 formam 1D100). Os jogadores devem escolher duas cartas e marcar em seu tabuleiro as dezenas em uma cidade da região escolhida. Se assinalar a cidade indicada na carta, além do número, deve-se fazer um círculo em volta dela.
- Vou ter que escrever no meu tabuleiro e depois jogar o jogo fora? Não vou perder dinheiro com isso, não.
Não seja precoce em tudo na vida, rapaz, e pare de tirar conclusões precipitadas. On Tour não é um jogo do tipo Legacy (Nota do Sr. Slovic: Legacy são jogos que modificam os componentes conforme as partidas são jogadas, deixando-os completamente diferente para a próxima jogatina) mas sim do tipo Roll and Write (Nota da Sra. Slovic: Onde dados são lançados indicando algo a ser escrito ou marcado em uma folha ou no tabuleiro) onde é possível apagar o tabuleiro após a partida. Não há nenhum desperdício. Os turnos vão se seguindo até todas as cidades do mapa terem alguma marcação, seja Números, Estrelas ou X. As Estrelas ocorrem quando os dois números dos dados são idênticos ou todas as cartas reveladas são da mesma região, então os jogadores devem escolher uma cidade não marcada e colocar uma estrela lá. Já o X é colocado em uma cidade não marcada quando não é possível usar as dezenas sorteadas.
Depois que todas as cidades estiverem sinalizadas, os jogadores devem criar uma rota passando pelo maior número de lugares possíveis, mas seguindo algumas regras importantes: a rota deve seguir uma sequência crescente de números (Nota da Sra. Slovic: Ou seja, se passou pela cidade 13 não pode ir para a 07), não pode passar pelo mesmo caminha mais de uma vez e não pode passar por cidades marcadas com X. Quem passou por mais cidades, vence a partida, sendo que cidades circuladas valem dois pontos.
No geral On Tour é um bom jogo. O fator sorte pode desanimar alguns, principalmente quando o fim da partida se aproxima, mas isso não torna o jogo ruim. Dá para explicar as regras e jogar em menos de 30 minutos (Nota do Sr. Slovic: Claro que o tempo pode se alongar caso o grupo tenha um ou mais jogadores que pensam muito antes de fazer qualquer ação. Neste caso sugiro, gritar: Vai Will!). On Tour pode parecer um jogo bobo, só de marcar números, mas conforme a partida avança, ele se torna desafiador. Há uma versão KS que comporta até seis jogadores e uma expansão com o mapa da Europa. E com certeza novos mapas vão aparecer, deixando o jogo com níveis de desafio diferentes. Dá para usá-lo para ensinar ordem numérica e até logística. Isso sim que Rock'n Roll! E quando for se apresentar, não deixe de falar: “Eu não toco Raul!”
