Fala meus amigos! Hoje estou aqui pra falar de Xingu, um jogo nacional do grande Marcos Macri que está entrando em financiamento coletivo – para a sua segunda edição – amanhã, dia 8 de março!
O Xingu é um jogo de complexidade média pra pesada, requer uma visão e planejamento de jogo bem forte, até agora pra mim é um dos melhores do Macri.
As principais mecânicas do Xingu são a de seleção de cartas/personagens como uma forma de alocar trabalhadores. Todos os jogadores começam o jogo com cinco cartas que vão o acompanhar até o final da partida, cada carta representa um personagem – Mulher Indígena, Guerreiro, Caçador, Pajé e Cacique – e cada personagem possui um numero de ações que pode realizar sozinho, em conjunto com outra carta de personagem ou de um membro (meeple de trabalhador) da tribo.
A gestão de recursos também é de uma peculiaridade bastante interessante, é feita através de cartas que estão dispostas no tabuleiro e elas podem ser recolhidas de acordo com o local de caça de cada tribo (dos jogadores), toda tribo tem um território que está em contato ao mesmo tempo com um campo e com uma floresta, estes estão marcados com letras de A até D. Portanto se uma tribo está em contato com a Floresta B e o Campo C, e essas cartas estão disponíveis para compra, o caçador do jogador pode coletar essas cartas. E a gestão de recursos não para por aí, é preciso expandir o território da sua tribo, possibilitando contato com outras regiões do mapa e também construir ocas para que possa armazenar diferentes tipos de recursos.
Quando a sua tribo coleta uma carta de recurso ela pode atrair a atenção do homem branco de diversas formas, fazendo surgir fazendeiros, missionários, exploradores e até mesmo facilitando a construção de linhas telegráficas, e é aí que entra a parte histórica do jogo!
No final do século XIX, o Marechal Cândido Rondon recebeu do governo brasileiro a missão de construir linhas de telégrafo que ligassem Mato Grosso a Goiás, na região do baixo Xingu. E foi durante essa missão que ele descobriu diversos povos indígenas até então desconhecidos habitando a floresta amazônica.
Rondon tentou estabelecer um contato amistoso e sem confrontos, mas essas tribos já haviam sido hostilizadas por fazendeiros interessados em mão de obra escravizada. Essa ação do homem branco além de levar a escravização dos indígenas, também levou doenças a eles.
Essas ações do homem branco são representadas nas fichas que colocamos no tabuleiro para “atrapalhar” outros jogadores, pois a presença de exploradores e fazendeiros impede a coleta de recursos e as linhas telegráficas dão pontos negativos para as tribos que estão próximas a elas no final do jogo.
Um cuidado que eu achei muito interessante no jogo é a ação do Pajé em realizar rituais nas tribos, e esses rituais não podem ser realizados se houverem missionários nos arredores do território. Porém conforme a tribo vai avançando na trilha de pacificação, torna-se possível levar um missionário para dentro da tribo, se beneficiando de uma pontuação específica por cada tipo de missionário. Conforme os indígenas foram aprendendo o português e os missionários aprendendo o idioma indígena, a comunicação foi se tornando melhor.
E quem foi Marechal Rondon?
Bem, Marechal Cândido Rondon foi um sertanista que atuou na integração entre o oeste e o norte do Brasil e na defesa dos povos indígenas. Um sertanista é um explorador do interior do Brasil. No jogo a expansão do telégrafo vai de Mato Grosso a Goiás, mas Rondon foi responsável por ligar, telegraficamente, essa região também com a capital do Brasil na época, o Rio de Janeiro.
Rondon foi o primeiro diretor do Serviço de Proteção ao Indígena – SPI – e foi um dos maiores incentivadores da criação de uma reserva indígena no Mato Grosso, que veio a se tornar o Parque Nacional Indígena do Xingu. Pela sua contribuição na integração das regiões ele foi homenageado no nome do Estado de Rondônia.
Xingu é um jogo muito bom, com um nível de complexidade bem legal, não chega a ser simples demais e também não é extremamente complexo. Temos que ficar atento a muitas coisas, como a capacidade de nossa tribo em estocar recursos, na presença do homem branco e a iminência de uma doença ou da captura, e o espaço para os membros da tribo (meeples) dentro do território... Além de também dar aquela “garfada” na tribo do amigo, jogando exploradores e fazendeiros pra lá!
O Xingu entra em financiamento coletivo no próximo dia 8 de março de 2022, e vale muito a pena entrar e garantir uma cópia!
