Em San Juan você visualiza o custo da carta, faz suas continhas de padaria/planejamento e paga por elas (descartando x cartas como dito acima), depois desce-a pra mesa e estamos conversados. Nele estamos falando apenas de construções de produção ou "comuns" (tudo que não for de produção). No Race tem cartas que também são pagas da mesma forma, mas aqui teremos "mundos" (equivalentes as de produção) e "desenvolvimentos" (tecnologias e coisas equivalentes às construções). Uma diferença que dentro das decisões, adiciona mais camadas do que parece, é que temos mundos exploráveis, que já vem com recurso, mas será consumido/esgotado, bem como mundos produtores que são de fato como em San Juan com o mesmo princípio de colocar carta abaixo e depois vender. Há uma variável adicional que é o militarismo, com números vermelhos para destacar. Vários mundos podem ser "dominados" enquanto outros são colonizados. Dependendo de como você buildar, sua partida pode olhar consideravelmente, ou mesmo investir maciçamente nesse lado militar do jogo, bem como ignorá-lo focando em outras "maquininhas", outros estilos de partida.
No San juan o setup inicial te dá um início genérico com a fábrica do recurso mais barato(índigo) sendo igual para todos, o Race tem começo assimétrico através de 11 planetas iniciais e que dá uma primeira norteada no que fazer das primeiras jogadas em diante. Aqui Cabe dizer que há um câmbio variável pra cada partida entre o índigo, açúcar, tabaco, café e prata, as cotações podem variar, mas há uma escala de "poder" do primeiro pro último, variando na obtenção de 1, 2 ou 3 cartas quando as mercadorias são vendidas. No Race entram artigos de luxo valendo 2 cartas, elementos raros rendem 3 cartas, Genes 4 cartas e material "alienígena" vale 5. O Câmbio do Race é fixo e maior, em termos de obtenção de cartas devido a diversas cartas serem mais caras, e o gerenciamento é mais robusto (muito mais coisa acontecendo). Isso também se reflete na mão de cartas terem um limite de 7 para o San Juan e 10 para o Race. Em ambos o jogo termina quando são feitas 12 cartas, no Race tem um endgame alternativo que é se esgotar os tokens de pontuação extra.(Nessa altura do texto, é bem inusitado dizer que ele tem fatores adicionais em relação ao San Juan... só que não
)
Semelhanças e diferenças de experiência de partida
O feeling logo depois do gerenciamento de mão é de leitura de mesa onipresente. Os dois trazem a pegada de olhar para o campo do oponente tanto quanto para o seu (dependendo você olhará até mais do que para o seu). O Jogador que pensa em fazer mais seu jogo, do que dar o famoso block pode ficar muuuito pra trás em ambos os jogos. Todo mundo quer produzir quando algum dos oponentes (se possível todos) está meio cheio, sem poder produzir, ou com as piores opções de produção. Todo mundo almeja vender os recursos quando algum dos oponentes (se possível todos) não tem o que vender por não ter produzido em tempo, ou só tem para vender as coisas menos expressivas. Todo mundo se puder vai construir quando os demais não estão com muita munição para gastar em construções, e assim vai. As ações que são checadas e realizadas por todos mantêm a mesa atenta o tempo inteiro, em ambos os jogos... Para este kina que vos fala isso é extremamente positivo.
Falando mais de SAN JUAN a sensação na partida é de responder certas perguntas: "Vou combar com produção e cartas que bonificam através dela? Vou pleitear fazer os monumentos estátua/obelisco/herói? Irei focar nas construções que alteram a jogabalidade com upgrade das ações? Invisto na múltipla ativação de algumas cartas que fazem estoque de cartas anexas abaixo e dão pontos adicionais no final...? Ou simplesmente farei um misto, pois o jogo ainda tem um tantinho de sorte nas compras e pode vir de tudo um pouco pra mim?
Já no RACE FOR THE GALAXY o pensamento será "mas peraí, esse ícone indica o quê mesmo?"
tem builds e mais builds!
Você começa um pouco conduzido/orientado pelo seu planeta inicial, e no caminho vai se deparar com as famosas cartas de custo 6. E baseado no que jogamos, elas podem ser ignoradas (grupos mais experientes jogam diferente) se você quiser correr o clock, ou se alguém correu esse clock de encerramento e você tem que acompanhar, mas no geral se verá combando valendo com as perversidades que elas proporcionam. Nessa categoria de cartas de custo 6, as mais fracas ainda são médias ou de médio pra forte, é tudo que dá pra dizer sem entrar mais nas regras. O ataque de oportunidade bem dado acontece também como no seu irmão, mas aqui pesa muito mais, você pode ficar verdadeiramente pra trás se "pifar" muita coisa na sua cara. (oponentes usufruindo da ação e você não). Com o perdão do trocadilho (ou não
): O Race tem todo um universo dentro do jogo, e vale dizer que essa análise tá pautando apenas o jogo base O_o
Uma possível reflexão final
Talvez não seja pra tanto, mas não chega a ser um absurdo ver o San juan como um damas e o Race como xadrez. Não seria justo pôr um abismo na comparação de complexidade entre os dois jogos. Não um abismo, mas tem uma distância acentuada sim! Enquanto eventualmente você estará consultando o manual no primeiro, no segundo, deixe o manual e o player aid próximos, beeeem próximos, inclusive devido a iconografia. "Ah lá" mais um cara falando dos ícones do Race... Gente é inevitável òó. Podemos ver a questão de complexidade entre ambos como uma corrida de 100 metros rasos, que é performance pra um atleta só VS uma de revezamento que pede uma equipe (nesse caso ter mais atletas envolvidos seriam as camadas adicionais do Race). Por um lado Race é um jogo que na opinião desse kina que vos fala, vale a pena lidar com a curva de aprendizado. Por outro, pode sim ser visto como cansativo ou complicado e tá tudo bem. Os defensores (você quis dizer fãs árduos) do jogo insistem em dizer que é "só aprender" e jogar com frequência, e é isso mesmo, mas você não pode (ou ao menos não deve) deixar de olhar a opinião geral por causa do seu lance de curtir e de ser um tanto quanto "tryhard" com o jogo.
Tem como buscar um meio termo, e ser um jogador moderado de race (tanto em habilidade quanto em frequência de partidas, já que pra ele ambas andam juntos), mas é um cardgame que quase não permite gente "a passeio", quem conhece o jogo à paisana, ou se converte pra um dos que o apreciam, ou se sente cansado, e fazendo esforço pra jogar (já vi de perto). E isso não é um postulado que deve ser aceito, mas falo por conhecimento empírico mesmo. Pra esse público cai um San Juan muito bem, obrigado. Eu fico com os dois, mas quanto menos você joga Race, mais você consultará o manual, para San Juan você relembra o feeling geral, e dá aquela percorrida com os olhos em algumas partes, podendo voltar lá por dúvida no texto de alguma carta que ao rodar resolve um pouco menos simples na partida, e é só. Ambos são muito bons, às vezes você quer um bolo simples, por vezes um com cobertura e recheio diferenciado. A premissa highlander não precisa se fazer valer aqui, não precisa só haver um! 
Se for pra dizer (quem é o homem e o monstro quem é? )qual dos dois merece um lugar ao sol, a resposta é simples mas não precisa ser unilateral. Curte sentar e jogar de forma simples (mas não rasa) um jogo de gerenciamento de mão e recursos, com múltiplos caminhos pra vitória, mas que deixa o leque aberto sem chegar a escancarar essas possibilidades? San Juan é pra você. Quer elevar a outro nível a exploração de ações simultâneas e privilégios, com uma quase miríade de possibilidades? (mesmo só com o base). Tem jogadores que vão querer seguir por pelo menos umas 3,4,5 partidas? (na mesma jogatina ou não) Vá de Race!
Por curiosidade inclusive o mais complexo está mais barato, pois San Juan está virando raridade, talvez fiquem por 2021 mesmo as últimas cópias. O mais divertido é ver os diversos caminhos que por vezes geram pontuações cavalares, ou algo pequeno/médio que vai crescendo em combos que fazem a pontuação final ser surpreendente, algo como "ganhar de virada". Inclusive, por vezes você fará ambos, em termos do calibre das cartas baixadas, essa é uma das maiores diversões das partidas!
Então por enquanto é isso, até o próximo reino a explorar, batendo forte, e também batendo de “kina”! 