Estou concorrendo ao prêmio LUDOPEDIA nas categorias Mídia Social e Mídia Escrita, se você gosta do meu trabalho considere votar em mim!
Por
Priscila de Sousa Barbosa Castelo Branco
Praticamente um mês de volta às aulas e os resultados da
pandemia estão evidentes no desenvolvimento e aprendizagem infantil.
As novas formas de condução do processo e da vida escolar se transformaram em
distanciamento, relações líquidas em que cabem apenas um sorriso com os olhos.
O recreio também tem lugar marcado e separado pela “tia” com uma fita e cartaz de distanciamento.
O totem de álcool em gel tem uma mascote da escola que a diretora mandou fazer para tornar o “processo mais humanizado”.
A professora comentou que agora o Mateus não come mais o lanche do Gabriel e a Marina não pode conversar na hora da aula de matemática com a Gabriela sobre a nova Barbie que ganhou da avó e como ela queria mesmo era o
Dobble Harry Potter.
Na hora do recreio não pode mais jogar
Story Cubes que a professora de teatro do ano passado sugeriu (deixa então para mais tarde, jogamos e fazemos live no
Twitch). Até que a professora de história aproveitou o
Timeline, mas não deu muito certo, porque o João já sabe todas as respostas.
A professora de português levou um
Scrabble online, a turma presencial “não curtiu”, mas coitada… tem que dar conta da metade da turma que está online e no rodízio. Ela não dormiu na última noite tentando montar um
Kahoot!.
O professor de ciências levou o
Pandemic e o
Viral e já o de geografia trouxe para a sala o
Planet.
A coordenadora vibrou, mas a mãe da Maria Clara que está só remotamente disse que esses jogos não são para crianças. É “tios” o recurso tem que ser adequado a Kahoot idade, mas a ideia valeu demais!
O toque, as trocas, os abraços estarão agora distantes e o uso de jogos e sua função de cooperação que antes era tão evidente na troca dos turnos e no manipular dos dados é interrompida pelo borrifar do álcool em gel, ou pela falta de compreensão dos termos com o uso das máscaras.
Como agora dar as mãos, passar o pino e manipular os itens dos jogos sem nenhum contato? Vocês já tentaram jogar pockets como “
Taco Gato Cabra Queijo Pizza” de máscara?
Essa nova composição do normal traz um novo significado para a infância e para as relações que devem ser construídas.
As experiências deveriam nascer das sensações e trocas com o mundo, mas agora os abraços são distantes, o crescimento do feijãozinho é acompanhado virtualmente e o toque já não deve existir.
Como então propor experiências cooperativas? Como as crianças da atual geração aprenderão as trocas com o mundo?
Como vencerão a inibição de falar na rodinha e defender seus personagens e a jornada de seus heróis ou sentar-se no chão e se sujar, com aquele canudo do achocolatado que acabou melando as cartas do
Pokémon do Fabinho e ainda, quando o Felipe espalhou os farelos dos salgadinhos nos meeples do Lucas?
Os petelecos do
IceCool estão agora comprometidos e serão dados com luvinhas descartáveis da Isabella?
E aquele dedo no nariz com meleca do Paulo, que depois ficava grudada nas cartinhas do
Rhino Hero não estarão nunca mais presentes?
Como vamos higienizar a cada turno todas as cartas de
Imagine? Será se agora precisamos de caixas individuais para cada criança? E o
Jenga? Bom vamos ter que usar aquela versão de plástico!
O ano amigos, está só começando… Vou ali terminar de higienizar e colocar os sleeves de
Dixit e plastificar as cartinhas daqueles jogos maravilhosos que as editoras grandes ainda não descobriram, mas que fazem sucesso na intervenção psicopedagógica.
Até a próxima!
Priscila Sousa (Instagram
Constructo Aprendizagem)
Pedagoga
Doutoranda e Mestre em Ciências da Educação
Especialista em Psicopedagogia, Educação Inclusiva, Neuroeducação, Gestão Educacional e Atendimento Educacional Especializado
Vice coordenadora da Associação Brasileira de Psicopedagogia Núcleo Maranhão. Psicopedagoga Clínica. Professora Universitária