A experiência de jogar board game se assemelha mais a uma partida de algum esporte tradicional ou a uma mesa de bar? A competição é mais importante que a reunião? O jogo é o objetivo final ou a experiência vale mais?
Essa última pergunta me surgiu quando vi meus amigos comentando sobre os novos jogos que iam sair e lembrei que da última vez que estive com eles, esses mesmos comentários estavam lá, porém com nomes de jogos diferentes. A cada primeira partida de novo jogo, sempre existia a sombra do novo lançamento hypado do designer que prometeu um jogo totalmente revolucionário com a mecânica de viagem no tempo que deixou todos curiosos, mas no fim era um empréstimo gourmetizado. Ou a vez que surgiria um jogo novo de um designer italiano, atualmente cancelado, que redefiniria a alocação de trabalhador, que se mostrou uma corrida sanguinária e enlouquecedora atrás de milho. (Será que pra falar de Tzolkin tem que pagar milho?)
A questão é que sempre somos alimentados e influenciados com as novas possibilidades no mercado. Mas, para mim, no fim o jogo é totalmente indiferente se na mesa eu estiver com meus amigos. A experiência nunca foi ruim se eu estivesse com eles, mas já joguei um dos melhores jogos, que já tinha conhecido, com pessoas desconhecidas e foi a pior experiência no board game para mim. Mas vale o jogo do palitinho rodeado com meu grupo e amigos, do que uma partida do melhor jogo já inventado na história (Brass e se você não acha, fique à vontade para continuar errado) cercado de pessoas desconhecidas que tem como objetivo final apenas o jogo.
E temos a questão de que sempre que um jogo novo aparece, ele passa na fila e deixa encalhado jogos que todos amam jogar. Por mais que a experiência é mais valiosa, no meu ponto de vista, a pergunta do porquê estamos jogando Anacrony enquanto o Gaia está com aquela poeirinha sobre a caixa me assola como a pergunta do ovo e da galinha. Mas essa é uma questão para outro post.
Apesar de ter tido esse pensamento só na ultima jogatina, me lembrei que a experiencia foi muito mais importante desde a primeira partida. Foi em um sábado (sou ruim com datas, só lembro o dia da semana), fui convidado para jogar uma partida de um jogo de tabuleiro moderno, algo que eu só tinha lido e visto vídeo, estava todo animado. Foi me apresentado Viticulture com toda sua elegância e simplicidade. Que jogo chato, mas a experiência de estar com pessoas novas, rindo e conversando sobre a vida, o universo e tudo mais, foi algo que me deixou totalmente viciado naquilo. No fim do dia, as pessoas que estavam naquela mesa com suas histórias representaram muito mais do que ficar colocando trabalhadores nas quatro estações do ano.
A discussão dos jogos é válida, sei da importância deles para tudo, sei que tem pessoas que gostam da experiencia da compra daquele lançamento, de colocar ele na mesa na primeira vez, de ter uma coleção massa e completa. Não falo que estão erradas, só que para mim esse pensamento não serve mais. Eu sou apaixonado por board games, mas não por causa dos jogos, mais pelas pessoas que me foram apresentadas através deles, pessoas que nunca teria conhecido ou se quer conversado.
Acredito que para o primeiro post de um canal de amigos essa temática seja adequada. Vocês meus queridos são muito mais importantes para mim do que os pedaços de papelões que fazem a gente se reunir em uma quinta à noite ou um sábado à tarde. Obrigado.