Vamos falar sobre interação entre jogadores?
Quando o assunto é jogo de tabuleiro invariavelmente um dos aspectos que é quase sempre lembrado (e questionado) por muitos é justamente a quantidade e tipo de interação entre os jogadores que o jogo proporciona.
E quando falamos a respeito desse assunto percebe-se claramente que existem dois grupos bem definidos nessa discussão: Quem não gosta de quase nenhuma interação e quem não joga se não puder interferir no jogo do amigo.
Mas a grande verdade é que os jogos podem promover diversos tipos de interação entre os jogadores e é justamente sobre esses tipos de interação que eu gostaria de falar um pouco a respeito, afinal quando mais entendemos um assunto melhor podemos definir nossos gostos e saber de fato porque gostamos do que gostamos!
Vários jogadores, pouca interação
Nesse tipo de jogo cada jogador joga mais ou menos o seu jogo sem muita interação com os outros. Jogos assim limitam a interação à quantidade de certos itens (o que muitas vezes nem é um problema).
Em jogos assim você pode muitas vezes determinar seu caminho e seguir por ele no decorrer da partida e você trabalha para maximiza-lo, não sendo quase incomodado pelas escolhas dos outros jogadores.
Nesse tipo de jogo suas jogadas quase não vão interferir no jogo do seus oponente e vice-versa e você ao final da partida terá em suas mãos muito daquilo que você mesmo construiu durante o jogo, levando você a vitória ou não.
Vários jogadores, nenhuma interação
Já nesse tipo de jogo você realmente não tem nenhuma interferência dos seus oponentes no seu jogo.
Interessante que mesmo sendo jogos sem nenhuma interferência dos seus oponentes eles muitas vezes não são interessantes para serem jogados sozinhos, pela falta do elemento da competição que a presença dos outros jogadores traz.
Ataque ao líder
Em jogos assim toda a interação concentra-se na maior parte do tempo em tentar reduzir sua diferença para quem está vencendo.
Quando o jogo não permite isso acontece uma disparada de quem começou bem, que nunca mais é alcançado pelos demais. Já em contrapartida se o jogo permite esse alcance pode tornar certas partes do jogo irrelevante já que todo o seu esforço para liderar poderá ser mitigado facilmente pelos seus oponentes.
Portanto jogos que permitem o ataque ao líder precisam de equilíbrio para que essa interação entre os jogadores aconteça de maneira balanceada recompensando quem começa bem mas permitindo certas reviravoltas.
Ataque o perdedor
Aqui a interação que o jogo oferece a você a possibilidade de avançar no jogo às custas de alguém que já está atrás de você na pontuação, o que pode tornar o jogo bem desagradável, afinal todos nós temos jogos onde não vamos bem as vezes, e fica complicado se o jogo possibilita você ser ainda mais atrapalhado e ficar cada vez mais para trás.
Distribuição de pontos
Para que a interação entre jogadores geralmente aconteça o que pode acontecer em muitos caso é a distribuição de pontos de vitória.
Muitos jogos oferecem uma condição de “tudo ou nada” ou seja, ou você chega em primeiro lugar ou perde, já outros oferecem uma quantidade de pontos que é obtida pelos jogadores, vencendo quem tiver mais.
Em certos jogos essa disponibilidade de pontos é limitada, e para você obter um deve toma-lo de outro jogador, o que traz a jogos assim muita interação, pois você não pode simplesmente jogar seu próprio jogo, mas precisa buscar os pontos nos adversários.
Para avançar você precisa atacar alguém, então jogos assim vão simplesmente estimular ao máximo a interação entre jogadores.
Vencer ou atacar
Um dos temas mais controversos em jogos com interação é “Por que você está me atacando se ele é quem está vencendo?”.
E isso geralmente ocorre porque se a pessoa não pode vencer ela vai buscar termnar o jogo na posição mais alta possível, o que realmente causa um certo dilema que incomoda alguns.
Ajudar ou atrapalhar
Agora falo justamente de algo meio contrário ao tópico anterior, pois aqui um jogador vai deliberadamente ajudar outro, como uma tática legítima.
E você talvez faça isso para melhorar sua condição, por exemplo, em jogos onde você pode fazer trocas, talvez a troca que você propõe seja boa para um adversário, mas o ponto aqui é que ela também é boa para você.
Os outros podem enxergar isso como uma tática ruim, porém você está fazendo o que pode para melhorar sua condição.
Em jogos como Carcassonne eventualmente você pode encontrar esse dilema, onde ao colocar uma peça no ponto A lhe renderá 5 pontos porém se colocar no ponto B você receberá 7 pontos juntamente com outra pessoa.
E você pode ser a pessoa a ajudar ou ser ajudada por outros, o que traz à jogos com esse tipo de possibilidade uma idéia interessante de interação.
Acordos
Outro campo fértil para interação em jogos são os acordos. São jogos onde você é praticamente obrigado a se juntar com outros para ir bem.
A possibilidade de fazer acordos e não cumpri-los faz com quem alguns odeiem esse tipo de jogo enquanto outros adoram justamente por essa possibilidade de apunhalar o amigo.
Cooperação
Jogos cooperativos possuem bastante interação entre os jogadores que precisam trabalhar juntos para vencer. O grande problema surge quando jogo permite o surgimento do “Alpha Player” que é justamente aquele jogador que literalmente quer jogar por todos.
Embora isso possa ser tratado com uma boa conversa entre os jogadores alguns jogos cooperativos de certa maneira previnem isso, não permitindo que todas as informações sobre o jogo estejam disponíveis para todos os jogadores (cada um tem suas cartas), ou ao adicionar ações que devem ser realizadas durante um certo tempo (ou seja, não dá tempo para o Alpha Player cuidar da vida de todo mundo).
E você? Curte mais jogos com interação ou prefere jogar na sua?
André Souza:Sempre jogou, mas redescobriu esse mundo por volta de 2014 e desde então não parou mais. Mantém o
Jogando Mais onde publica resenhas e artigos sempre focado em trazer bom conteúdo para quem já joga e também para quem quer descobrir o maravilhoso mundo dos jogos de tabuleiro!