Elder Sign – Aposte contra os Anciões
Título: Elder Sign (2011)
Designer: Richard Launius, Kevin Wilson
Arte: Dallas Mehlhoff
Editora nacional: Galápagos
Nº de jogadores: 1 a 8
Em Elder Sign, os jogadores irão cooperar assumindo o papel de investigadores que irão adentrar em um museu onde estranhos acontecimento têm ocorrido, combatendo o eminente despertar de um poderoso Ancião maligno.
Na prática, os jogadores irão revezar em turnos, coletando itens e apostando sua sorte através da rolagem de dados. Diferente de seus ‘irmãos maiores’ (Eldritch Horror, Mansion of Madness e Arkham Horror), Elder Sign foca quase integralmente na aposta da rolagem de dados, sendo um jogo com duração mais curta e com menos mecânicas agregadas, o tornando um jogo mais simples, se comparado com todos outros jogos com tema de Lovecraft. Vale salientar que existem inúmeras expansões no exterior, mas neste texto irei abordar apenas a caixa-base (por ser a que tem no Brasil).
Critérios
Ø Arte
A arte das cartas, tanto as grandes (de localidade, personagens e anciões) como as menores (de itens diversos), contam com belíssimas ilustrações, como é de costume nos jogos que envolvem a temática de H.P. Lovecraft, que retratam com tons sérios e de forma realista pessoas, criaturas e objetos. Contudo, uma vez que as cartas fazem a função de tabuleiro, recebendo dados sobre ela, a ilustração fica apenas na parte superior da carta, sem muito destaque, mas de uma forma geral, todos elementos artísticos são incríveis, retratando muito bem o universo com o estilo da década de 1930. Algumas ilustrações são dignas de serem emolduradas como quadros mesmo!
Ø Qualidade dos Componentes
Não existe um tabuleiro em Elder Sign, pois as cartas maiores fazem essa função, porém o jogo conta com outros elementos importantes para o desenvolver do jogo, como um contador de rodadas em formato de relógio antigo, fichas de monstro, uma carta maior que serve como localização ‘Entrada do Museu’, cartas de Anciões e de personagens, muitos marcadores diversos, cartas em formato mini e claro, os dados personalizados. Todos os componentes são de excelente qualidade: Cartas com ótima gramatura e uma textura de linho (conhecido como ‘linen finish’, ou seja, as cartas não são lisas, mas sim tem uma texturinha tátil), fichas pequenas, mas com boa gramatura e dados com ícones em baixo relevo.
Algo que considero realmente ruim em relação aos componentes são os marcadores de cada personagem, pois eles são realmente (repeti de propósito o ‘realmente’) pequenos. Ok, eu entendo que elas são deste tamanho para ficar em cima de uma carta, com o dado em cima de vez em quando, porém eles bem que poderiam ser um pouco maiores, pois do tamanhiquinho que são, é muito fácil eles ‘sumirem/se perderem’ em cima das cartas (indico imprimir em 3D um suporte para esses marcadores, pois fica muito funcional e bonito na mesa (vou deixar uma foto abaixo para verem do que se trata)).

O manual é de excelente qualidade, mas com muito texto, são 12 páginas recheadas de texto e algumas ilustrações, mas é bem eficiente, pois apesar de ser um jogo simples, ele é cheio de detalhes e elementos. A caixa também é de boa qualidade, possuindo um formato médio, mas que comporta todos elementos dentro sem problemas (experiência pessoal: Possuo o jogo com a expansão Unseen Forces, uma mini expansão e quatro suportes em 3D para os personagens e cabem tudo dentro da caixa, no limite, mas cabem).
Elder Sign é um jogo dependente de idioma, seja para ler informações importantes em relação a efeitos de cartas ou mesmo para ler as frases temáticas das mesmas. Aqui vai mais uma reclamação (e forte), pois neste texto temático foi usado uma fonte em caixa alta manuscrita que ficou pequena e fina, sendo bem difícil sua leitura, principalmente pois a carta fica aberta na mesa e não em nossas mãos. Já a iconografia foi bem feita, pois é simples e direta, não deixando nenhuma dúvida sobre o que se tratam, mesmo em uma primeira partida.
Ø Curva de Aprendizagem
O jogo não é difícil de aprender (sinto que falo muito isso ao longo dos meus textos, eu sei!), tendo regras claras e simples, contudo o excesso de informação pode deixar os jogadores nas primeiras partidas um tanto inseguros, pois é fácil esquecer alguma coisa (mover o relógio; aplicar um efeito de terror; aplicar o efeito do ancião; colocar um monstro novo em jogo; etc).
Uma coisa que sempre gosto de ressaltar sobre Elder Sign é que ele se trata essencialmente de um jogo de apostas, pois temos que sempre analisar nossas probabilidades e escolher bem em que momento e em qual carta iremos tentar cumprir os requerimentos rolando os dados, dependendo do que temos a nossa disposição para mitigar nossa sorte. Muitos jogadores ficam frustrados e acabam não gostando de Elder Sign por esperar do jogo uma proposta diferente, que envolva mais investigação e mais escolhas estratégicas.
Portanto, é importante ter em mente que para se jogar bem, é preciso aprender a analisar cada momento da partida e o que pode ter maior ou menor probabilidade de acontecer – e aqui que entra o cooperativismo entre os jogadores: Na análise e decisão do que é melhor se fazer em cada rodada.
Ø Presença de Tema
Vou começar relembrando: Os textos temáticos das cartas têm uma leitura horrível. Esse é o maior ponto fraco temático do jogo. Fora isso, o tema se faz presente em todo o momento, desde o título (que significa ‘Sinal/Símbolo Ancião’) que remete ao que buscamos ao longo de toda partida (pelos símbolos que irão selar a vinda do Ancião – o vilão), até nas mecânicas de conseguirmos itens, por via de cartas, que mitiguem nossa sorte e na rolagem de dados (que representam o desenrolar de um encontro com alguma criatura ou acontecimento místico). Elder Sign, assim como os jogos do estilo e com a temática lovecraftiana, se jogados com uma trilha sonora de suspense e terror, luz reduzida e com pessoas que entrem no clima, o jogo se torna uma experiência na mesa que transborda tema e imersão (eu sei, imersão depende mais da mesa do que do jogo, mas isso é papo para outro texto!).
Ø Rejogabilidade
Mediana. Se comparado com outros jogos do tema, existem muitas cartas de sala, muitos monstros, muitos personagens e uma boa quantidade de Anciões, dando assim uma bela variada nas possibilidades dentro das mecânicas. Temos ainda as cartinhas de Mythos, que de tempos em tempos (quase literalmente, pois é quando o marcador em formato de relógio bate meia-noite) aparecem e podem modificar alguma coisa, dando um bônus ou penalidade durante a rodada. Contudo, o jogo pode parecer sempre o mesmo, mudando apenas alguma habilidade de personagem ou alguma variação de regra devido ao Ancião que esteja em jogo. Logo, esse fator rejogabilidade vai depender MUITO do perfil dos jogadores. Se buscam sempre novos caminhos a se explorar e novas surpresas de uma partida para outra, não vão achar muito. Porém se gostam da emoção de um rolar de dados, daquela tensão de conseguir o resultado que precisa ou não, este jogo irá ter uma vida longa.
Existem MUITAS expansões em inglês (Pô, Galápagos!) que trazem novos conteúdos, novos cenários e adicionam pequenas mecânicas. Se gostou da forma que o jogo base funciona, não tem problema com idioma e quer mais material, recomendo pegar alguma. Na dúvida de por onde começar recomendo a Unseen Forces, que traz praticamente outra caixa base em termos de quantidade de componentes, dois novos dados e não modifica as regras em quase nada. (Bônus: É difícil de achar, mas a Grave Consequences é uma mini expansão composta apenas por 50 cartinhas, mas agrega duas mecânicas bem legais: Fobias (que são ativadas quando o jogador perde toda sua sanidade) e Epitáfio (que são ativadas quando o jogador perde toda sua vida), além de trazer cartas de Batalha Épica – para o caso de você ter achado o jogo muito fácil (Ps: Prepare-se para ser devorado!)).
Ø Interação
Por se tratar de um cooperativo, a interação depende total e exclusivamente dos jogadores. É possível terminar a partida sem falarem uma palavra, cada um fazendo o que bem entender, ou mesmo ter a (péssima) experiência de ter um jogador que quer mandar e opinar em tudo e acha que somente a opinião dele é a certa (o famigerado ‘alpha player’). De fato, a única interação mecânica é a possibilidade de um jogador armazenar no marcador de personagem de outro jogador um dado já rolado para uso futuro (mas se der ruim, quem sofre é quem ajudou!). Dessa forma, partidas com muitos jogadores (lembrando que o jogo comporta até 8), podem se tornar um tanto longas, tendo um downtime (tempo de espera entre turnos) muito grande. Sinceramente, recomendo jogar Elder Sign com no máximo 3 ou 4 pessoas – principalmente se são pessoas que tem intimidade, pois deverão conversar bastante e entrar no clima de suspense.
Ø Fator Sorte
Elder Sign é um jogo de dados, logo a sorte é muito presente. Claro, usar itens, fazer re-rolagens e escolher as cartas com maiores probabilidades de sucesso impactam diretamente em como a sorte impacta o jogador, mas ainda assim é normal ter tudo a seu favor e cair exatamente aqueles dados que não poderiam. Como citei no critério Curva de Aprendizagem, terá uma parcela de jogadores que irão se frustrar e isso vai matar a diversão, então tenha em mente que a sorte é muito relevante antes de encarar uma partida.
Ø Fator Estratégia
Já sabemos que o impacto da sorte no decorrer do jogo é alto, mas as escolhas táticas (a curto prazo) são importantes para a vitória, pois não adianta contar apenas com a sorte. Juntar itens que dão novos dados, habilidades, re-rolagens e acima de tudo, saber calcular os riscos na escolha das cartas que tentará vencer os desafios é essencial para o sucesso dos investigadores.
Algo que sempre vem à tona quando falamos de Elder Sign é a dificuldade. Realmente, se você é uma pessoa que calcula bem os riscos e tem sorte nos dados, a partida pode parecer fácil, mas digo por experiência própria: “Já vi muita gente falando que o jogo era fácil e jogou com alguma regra errada que facilitou a parada!”. Mesmo assim, se você jogou tudo certo e ainda achou fácil e quer aumentar a dificuldade, pode adquirir novas expansões (eles fazem isso) ou mesmo modificar (de forma caseira) algum elemento, como começar com menos vida/sanidade, aumentar a exigência de fichas de Símbolo Ancião ou fazer cada turno mover mais tempo do relógio do que o convencional (existem diversas modificações de fã pela internet).
Opinião Pessoal!
“Elder Sign foi minha porta de entrada no hobby, foi a primeira caixa que ilustrou minha prateleira, logo tenho um certo apego emocional ao jogo. Dito isso, assumo: O jogo é bom, mas tem cooperativo melhor no mercado. Ele aborda bem o tema e é divertido se você gosta de jogos de apostas e rolagem de dados. Se você quer um jogo no universo de Lovecraft que seja rápido (que não leve horas e horas como os outros) e adora a emoção de rolar dados, Elder Sign é o jogo ideal. Se quer uma experiência mais profunda em estratégia, com tristeza digo: Não visite este museu, pois será devorado.” (Raphael Gurian, jogando de amarelo (se tivesse cor nesse jogo!).
----x----
“Elder Sign é um ótimo jogo pra quem curte o tema de suspense e mistério "à la H.P. Lovecraft", sendo uma corrida contra o tempo para se poder selar o portal para outra dimensão, que permitirá a passagem de uma espécie de monstro-chefe, que será responsável pelo fim da humanidade na Terra. Apesar de possuir uma mecânica simples, este jogo pode ser de uma dificuldade incrível para jogadores iniciais, pois depende bastante do fator "sorte", e até que se conheça bem os recursos e habilidades dos personagens, pode ser quase impossível sair vitorioso nas partidas, se as regras forem seguidas a finco, já que os personagens são meros mortais. O interessante é que se pode jogar sozinho ou em mais jogadores, o que poderá tornar a partida frustrante, caso os jogadores não possuam uma boa dinâmica entre si. Ainda assim é um jogo que nos prende a atenção do início ao fim e indico a todos que são fãs desta temática.”
(Heloisa C. Fernandes - Lola_Fernandes, que estaria de vermelho!)
Um texto de Raphael Gurian
Sociedade dos Boards
A ideia deste formato de análise não é explicar um jogo, para isso existem muitos outros textos, vídeos e etc. A finalidade do texto é fazer uma análise crítica acerca de critérios que acho importante e que muitas vezes acabam não sendo explorados em reviews de uma forma mais detalhada.
Impressões em 3D – XP3D:
https://www.instagram.com/xptresd/
Confira também redes:
Instagram: https://www.instagram.com/sociedade_dos_boards/
Facebook: https://www.facebook.com/groups/1219416214780289/
Blog: https://sociedadedosboardsbr.home.blog/