thiagostocco, o Cry Havoc veio caro mesmo, mas as pessoas ainda hesitaram. Eu concordo com o pessoal no sentido de que o tapestry foi o jogo que simbolizou a virada para o fenômeno do "foda-se o preço, eu quero esse jogo, e quero de qualquer jeito".
Sobre o podcast, ficou muito bom, parabéns!
Essa discussão frequentemente tem assumidos tons ingênuos e descambado para o senso comum, às vezes tentando generalizar a partir de gostos e experiências pessoais, mas o assunto sem dúvida precisa ser discutido e vocês levantaram pontos muito interessantes.
Penso que tem jogo que pode encontrar equivalentes, mas outros infelizmente não. Tem jogo que custa mais porque realmente é melhor - será que há um "genérico" para Russian Railroads, Great Western Trail, Teotihuacan entre outros? Provavelmente não. E... Tem jogos que custam mais devido a uma série de fatores paralelos que não necessariamente tem a ver com a qualidade de desenvolvimento do jogo, especialmente marketing, e acho que é aí que começa nossa jornada!
Tenho a impressão que em algum momento passou a importar menos o jogo ser bom e mais ele ser bonito, bem produzido e exclusivo, e antes de pensar se isso é culpa de jogo x ou y, penso que o fenômeno Kickstarter tem grande responsabilidade, porque desde que a plataforma começou a dominar o mercado é que tenho visto as pessoas pagarem muito por jogos que nem têm como saber se são bons por causa desses fatores secundários. Começaram a pipocar um milhão de jogos que bem poderiam se chamar, sem exceção, Miniaturas Bonitas com Moedas de Metal, e mesmo que este modelo não esteja ainda tão forte no Brasil, tudo indica que o espírito que ele ajudou a criar conseguiu chegar por aqui!
Falo que a discussão ainda assume rumos um pouco ingênuos porque o que está em jogo, em essência, é o desejo, e esse é um fenômeno incompreensível, irrefreável, e menos individual do que parece, e por isso muitas vezes nos revolta, porque o desejo do outro me afeta. Se a galera entra no frenesi, eu que sou cauteloso vou acabar pagando mais do que deveria naquele jogo que quero que sabe-se lá porque não encontra substitutos no meu desejo. Até quando falo que os elementos de marketing são fatores secundários estou sendo contraditório, porque são secundários pra mim! Para o meu colega podem não ser, ele pode querer ter um KS fodão todo exclusivo ou o lançamento do picaretameyer com pecinhas de feirinha de artesanato ou o jogo out of print, mesmo que sejam uma bosta ou que ele nunca vá jogá-los! Ele simplesmente "acha" que é aquilo que vai fazer ele gozar (no sentido psicanalítico, não literal)!
No final das contas, por mais que esteja se tornando premente um consumo mais consciente no hobby, jogo é fetiche e tanto as editoras quanto muitos hobbystas já sacaram isso há muito tempo. A luta é contra nós mesmos, e não é fácil!