Guy de Lombard ::Thomas Jefferson escreveu isso quando era dono de uma plantation com cerca de 400 escravos, pessoas que manteve nessa condição até o final da vida, mesmo após os apelos de seu amigo Lafayette para que os libertasse e usasse de seu poder para acabar com essa ignomínia. A história nunca é bonita quando vista de perto.
Sim, realmente é difícil né. Eu também adoro estudar essa história!
E eu curti o seu nome - é o dono do castelo francês do Monty Python, né? (eu sei de cor esse filme: "Your mother was a hamster and your father smelled of elderberries! Go and boil your bottoms, you English kinnnnn-niggts!" "Holy Grail? We already have one, and it is very beautiful!")
Acho que uma das frases do Jefferson era "há tanto a se fazer, com tão pouco tempo."
Ele tentou abolir a escravidão quando era vereador, deputado, secretário de estado, e delegado à convenção dos 13 estados (a sua declaração original de independência basicamente abolia a escravidão como parte do processo de independência, mas essa linha foi vetada por outros colegas de outros estados, que se recusaram a assinar a declaração assim). Numa das tentativas que fracassou por um voto, que lidava com condições para novos estados aderirem aos EUA pós-independência, quando era secretário de estado do Washington, ele disse:
“The fate of millions yet unborn,” lamented Jefferson, “hanging on the tongue of one man, and Heaven was silent in that awful moment.”
No livro Notes on the State of Virginia, escrito para os franceses enquanto era governador (acho), Jefferson tinha inclusive planos para uma emancipação gradual e reinserção organizada dos escravos na sociedade humana após a abolição da escravatura, que previa que o estado deveria fornecer meios (navios, etc) para que os escravos que ainda eram africanos voltassem para suas nações na África, para que pudessem mater a sua cultura e tradições. Os escravos dele que já estavam inseridos na vida americana, ele instruía em outras profissões, alguns poucos tendo estudado na França, para que pudessem ter profissões dignas quando da emancipação. Esses escravos que tinham condições de encontrar empregos na sociedade americana ele emancipou no fim da sua vida, esperando que a América (Virgínia em particular) de então pudesse recebê-los em condições razoáveis. Foi o que ele explicou para o Lafayette também. Seus escravos eram notoriamente bem tratados (para a época), e ele tinha preocupação genuína de que sofressem de fome, doenças e desemprego ao serem simplesmente emancipados por ele como pessoa civil. Ademais, Jefferson saiu da presidência mais pobre e devedor do que entrou nela, - pois pagava diversos custos do seu bolso - e mal conseguia pagar suas próprias contas, muito menos empregar com salário escravos livres. O seu tempo, que ainda tinha, ele dedicou à criação da Universidade de Virgínia, para o futuro.
Vc sabia que Lafayette e outros revolucionários se encontraram na casa do Thomas Jefferson em Paris para acertar diferenças e fazer planos para a revolução francesa? Acho que por ele ser americano, tipo status de "embaixada americana", era mais seguro para eles. Ou então porque ele era o idealizador da declaração de independência, sentiam que podiam confiar nele com o sigilo necessário. Jefferson disse que nunca instruiu eles em nada, mas é claro que a mera presença dele era uma inspiração enorme.
Muito interessante, né! Se quiser sugestões de leitura, tenho várias! Semana passada, assisti de novo o filme "Lincoln" do Steven Spielberg, focado principalmente na abolição da escravatura. Filmaço!