Nas nossas últimas análises, falamos sobre Kingdomino e Queendomino. Hoje, vamos analisar Kingdomino Duel, o mais novo jogo independente da série ‘Kingdomino’, lançado em 2019 e que marca a entrada da série na mecânica roll and draw. A PaperGames já anunciou que o jogo vai ser lançado no Brasil ainda no ano de 2020.
Kingdomino Duel continua com a assinatura de Bruno Cathala (7 Wonders Duel, Five Tribes), porém, repetindo a parceria vista em Cyclades com Ludovic Maublanc (Mr. Jack, Conan). O jogo é competitivo, exclusivo para 2 jogadores, com idade a partir de 08 anos e o tempo estimado de partida é de 20 minutos, o que é bem justo. Duel repete também a parceria com Cyril Bouquet, responsável pela arte da série, mantendo o mesmo padrão.
Assim como nos antecessores, os componentes e a arte continuam excelentes, com méritos para a caixa, bem resistente e que se fecha através de uma aba com ímã, favorecendo a sua mobilidade. Como todo bom roll and draw, a lista de componentes é pequena: temos apenas um bloco de folhas, 4 dados e 2 lápis, bem acomodados num insert de plástico transparente que destaca a ilustração do fundo da caixa.
Recém-chegado no mercado e a ser ainda lançado no Brasil, Duel é o menos conhecido da série. Ainda assim, o jogo apresenta algumas novidades que fazem valer a pena conhecê-lo. A sua maior inovação é a de conseguir colocar o espírito do que vimos em Kingdomino num roll and draw leve, rápido e ainda mais compacto que o original. Além disso, os poderes dos magos (wizards’ powers) são uma boa novidade.
O tema de Kingdomino Duel é o mesmo dos antecessores, ou seja, aposta numa mistura de fantasia medieval com o jogo de dominó, cujas ‘peças’ agora são desenhadas no seu reino (representado numa folha destacável do bloco). Nele, os jogadores representam monarcas que competem entre si para expandir o seu reino através da incorporação de seis diferentes domínios, representados por brasões (diversamente dos territórios de outrora).
Antes de falar da estrutura do jogo, é bom destacar que em Kingdomino Duel (na nossa versão gringa) temos um manual multilíngue (inglês, francês e espanhol), mas que não conta com regras em português, o que deve ser resolvido com o lançamento da versão nacional. Ainda assim, o jogo é independente de idioma e de fácil ensino e aprendizagem, principalmente, se você já conhece algum dos jogos anteriores da série.
A mecânica principal é a roll and write, que consiste, basicamente, em rolagem de dados e anotação na folha do bloco com um lápis, conforme o resultado. Essa mecânica, apesar de antiga (por exemplo, é a base dos livros-jogos e RPG´s), retornou com força nos últimos anos, com diversos lançamentos no Brasil, tais como: Cartógrafos, Avenue, Railroad Ink, dentre outros. Além dessa, temos também a seleção de dados, colocação das peças de dominó e ordem de fases variável.
Em Kingdomino Duel, um dos jogadores (a iniciar pelo mais velho), alternadamente a cada turno, rola quatro dados e escolhe um deles, o outro jogador escolhe dois e o último fica com o primeiro jogador. Os dois dados escolhidos são juntados para criar uma peça de dominó. Com seu dominó formado, você deve preencher seu mapa (copiar os brasões sorteados na folha de papel com o lápis) com o objetivo de criar um dos seis domínios possíveis (áreas com brasões iguais, conectados ortogonalmente).
Desse modo, a mecânica de ordem de turno dinâmica dos jogos anteriores foi mantida, porém, simplificada, com a alternância entre primeiro e segundo jogador nos turnos, ainda assim, manteve-se alguma tensão entre a escolha dos melhores dados para a formação dos seus dominós ou bloqueio daqueles que poderiam favorecer demais o adversário.
Além de seis tipos de brasão, temos também um ponto de interrogação nos dados que funciona como um curinga, ou seja, permite escolher qualquer brasão de armas. Assim, a principal mudança em relação à Kingdomino e Queendomino é que, em vez de adicionar um dominó ao seu reino, você deve escolher o par de dados da melhor forma possível, formando o seu dominó, que será desenhado no seu reino.
Semelhante aos demais jogos da série, o objetivo de Duel é o de alcançar a maior pontuação, o que consiste, resumidamente, em multiplicar o número de altos dignitários (brasões marcados com uma ou duas cruzes – que aqui substituem as coroas dos jogos anteriores) presentes em cada domínio pelo número de brasões daquele domínio, somando, ao final, a pontuação de cada um dos seus domínios (sendo que a regra de desempate é a de quem tiver o maior domínio) – parece confuso, mas é bem simples.
Além disso, agora temos os poderes dos magos, conquistados em um livro de feitiços representado no verso das folhas do bloco e que deve ser colocado no centro da mesa. Cada vez que adicionar um brasão sem cruz no seu reino, você deve preencher um quadrado no livro de feitiços correspondente ao brasão, sendo que cada jogador tem sua própria linha, nos lados opostos.
Assim, o primeiro jogador que completar a linha poderá usar o poder correspondente, apenas uma vez no jogo, facilitando a sua vida com alguma ação extra, por exemplo: jogar o dominó sem seguir as regras de conexão; separar os dados para preencher seu mapa; escolher imediatamente seus 2 dados, mesmo sendo o primeiro jogador; girar um dos dados em seu dominó para que ele mostre qualquer face de sua escolha; dentre outros.
Ocorre que, mesmo com o acréscimo do livro de feitiços, o fator sorte se faz bastante presente e influente no decorrer da partida, ainda mais que nos seus antecessores, principalmente, em virtude da rolagem de dados, o que pode ser contornado apenas em parte por sua estratégia com os domínios, poderes dos magos e tentativas de bloquear a melhor escolha de formação de dominó para o outro jogador.
Enfim, Kingdomino Duel, a exemplo dos seus antecessores, é um jogo familiar e leve, que mantém a necessidade de planejamento para a construção do seu reino, porém, é o menos euro da série, pois provoca, na medida do possível, um pouco mais de interação entre os jogadores com as disputas em torno no livro de feitiços, além de depender um tanto mais da sorte, por conta dos dados.
O jogo é bastante simples, rápido, com boa rejogabilidade e custo benefício (o que deve ser mantido na versão nacional), compacto e fácil de levar em passeios e viagens, além de ser uma boa opção para se jogar com crianças. Então, se você ainda não conhece a série, talvez seja melhor começar por Kingdomino, porém, se você já é fã ou procura um bom roll and draw, conforme as características que descrevemos, pode comprar sem medo.
Por: Linauro. Apaixonado por literatura, música e jogos, desde sempre. Descobriu nos jogos de tabuleiro uma desculpa perfeita para passar mais tempo com amigos e pessoas amadas.
Imagens: acervo pessoal.