Cada jogo um reino diferente! Mas dessa vez estaremos olhando para vários:
Vamos comparar os exércitos de vários reinos, cada um com suas propriedades, mas que guerreiam muitas vezes no mesmo campo de batalha! (ou seja, figuram na mesma coleção) Por vezes arqueiros são mais eficazes, por vezes cavalaria... mas metáforas medievais à parte vamos falar de alguns jogos com deckbuilding.
A mecânica, de forma mega sucinta, envolve adquirir cartas para adicioná-las a um deck padrão, melhorando suas jogadas quase sempre a curto ou médio prazo, pois ao reembaralhar o descarte você estará incluindo as novas cartas, que quando adquiridas são quase sempre mandadas para lá.
Vamos falar sobre DOMINION, STAR REALMS, ASCENSION E CLANK!
Cabe dizer que todos seguem o padrão de começar com 10 cartas fracas/básicas que te fornecem timidamente algum recurso pra escalonar a aquisição das cartas melhores (naturalmente, o recurso varia de acordo com o jogo). Outra coisa comum a todos, seriam uma mão inicial de 5 cartas, que já garante duas “viagens” antes de “dar a volta” o deck básico de 10 cartas, bem como jogar para criar minicombos e sinergias os mais otimizados possíveis a cada turno. Junte isso ao momento certo de perceber que não precisa mais acrescentar tanta coisa ao deck, ou seja, a hora em que é bom parar de “desejar ter mais desejos” e taí boa parte da receita dos jogos dessa mecânica.
Dominion (Segunda Edição) é o “pai” do gênero, o marco inicial da mecânica de uns anos pra cá, onde você juntará apenas um recurso (moedas), para conseguir obter as cartas verdes que pontuam... no caso, as propriedades, os domínios que dão o nome ao jogo. Uma dinâmica muito boa, que é vista também nos demais, mas que aparece muito nele, é saber quando parar de investir nas possibilidades do deck e olhar mais para as cartas verdes no “clock” certo, pois essas cartas também entrarão no seu deck e ao vir na mão, salvo exceções, são “slot morto”, não fazem ou resolvem nada. Ou seja, você precisa dessas cartas, enquanto win condition, mas não quer excesso delas, pelo menos não no início do jogo. Depois de um tempo você pega o “Dominion” sobre o jogo
Star Realms é o jogo do conflito direto, e embora adquirindo mais de uma caixa, contemple formatos multijogador, o foco é no duelo. Há um sistema de combos por jogar cartas do mesmo reino, opa! Da mesma facção, existindo 4 no jogo. Dependendo da pool e das builds que os jogadores conseguirem fazer, pode ter partidas muito rápidas, incitando jogar uma melhor de 3, ou melhor de 5, de 7, se for o único jogo da sessão por exemplo. Fora as cartas que resolvem e “limpam”, saindo no final do turno, existem as bases que são cartas que devem perdurar através do turno, se não forem destruídas pelo oponente. É uma abordagem da mecânica com muito conflito direto, pois pra vencer você deve esgotar o oponente, simples assim. A palavra de ordem nele, fora levantar recursos para obter novidades é causar ou curar dano. Se você curtir esse aqui, ao invés de estar jogando outros, você vai Star Realms (ok, essa foi dolorosa).
Ascension: Deckbuilding Game é o jogo dos combos, pois todos os deck building rodam com sinergias, mas isso é muito acentuado nele. Em todos é normal jogar cartas adicionais além das 5 do turno, mas nele essa ideia “explode”, o jogador pode chegar a jogar 9-10+ cartas por causa das cascatas de ativações. Temos os heróis e os construtos (esse segundo tipo é a carta que ao invés de resolver e sair, fica através dos turnos), a disputa é por honra (tipo renome mesmo) e a moeda do jogo são as runas, mas há um recurso chamado poder, que serve para derrotar monstros que ao serem vencidos fazem efeitos de obtenção de runas, cartas adicionais e principalmente honra para pontuar mais.
Clank!: Um Deck Building de Aventura atua aliando boa parte das ideias já comentadas ao fator tabuleiro. Seguindo os mesmos princípios de aquisição e melhoramento de deck, muitas cartas estarão olhando para a movimentação no tabuleiro (passos) e o clank! que dá nome ao jogo, que são marcadores de barulho que te aproximam mais da chance de morrer pros ataques do dragão. Vale colocar em destaque que pode haver eliminação de jogador nesse jogo. O fator push your luck se apresenta aqui na forma de andar/explorar mais longe da saída onde se pontua melhor, mas se tem mais chance de morrer. Então também há uma preocupação em se curar como visto no star realms por exemplo. Há um inventário com variados itens basicamente para auxiliar o jogador a pontuar, movimentar e curar-se mais. Esse jogo pode ser visto como um híbrido, até porque comparada aos demais, sua jogabilidade não transcorre apenas nas cartas.
No que eles “batem forte”?
DOMINION tem uma rejogabilidade muito boa, enquanto os demais têm esteira de cartas, nele existem vários cenários com as cartas em grid, pois são disponibilizadas várias cópias de 10 cartas diferentes por partida, e você pode usar os setups sugeridos no manual, bem como randomizar tudo, criando seu próprio cenário.
STAR REALMS figura bem pra quem gosta de “take that” e interação direta entre os jogadores realmente acentuada. Você nem tem a opção de não tentar ferrar em certo grau com o oponente, isso está atrelado à condição de vitória do jogo.
ASCENSION faz os olhos dos amantes de combos e maximização de jogadas brilharem. Tem sinergia e cascatas muito acima dos demais aqui citados. Ele tem uma pool externa de pontos, mas soma-se aos pontos das cartas do deck no final do jogo, num efeito “que rufem os tambores” bem legal, pra saber quem vai ganhar no final.
CLANK! acaba sendo um jogo 2 em 1, e é muito bacana ver você preocupado com movimentação ponto a ponto, evitar o barulho que dá nome ao jogo e o gerenciamento de inventário de itens em paralelo a formação e otimização do seu deck.
Se não tem amor no seu coração por nenhum deles volte 3 casas, ou melhor, talvez deckbuilding não seja pra você, tem quem ache chato o excesso de embaralhada, bem como o fator sorte mais enccontrado na hora de vir rápido VS demorar pra vir as novidades que você botou no deck, bem como no fato de você poder ser mais ou menos desafortunado nas opções da esteira de cartas disponíveis (exceto dominion que não joga com esteira). O que ocorre é que você pode sempre que comprar, fornecer melhores opções para os oponentes, e por azar a recíproca não ser verdadeira, teus oponentes comprarem e deixarem coisas menos legais pro teu turno, mesmo com a reposição. Mas eu particularmente curto e acho que se virar com o que tem faz parte dessa mecânica, e da aleatoriedade que ela aborda.
No que eles batem de kina? + Qual adquirir?
Nada é perfeito, o que faz você pular de um pé só em cada um deles, caso algum fator pese para você ou seu grupo, seria o seguinte:
DOMINION é o que tem o maior aspecto de solitaire multiplayer, no modo aleatório se acontecer do conjunto de cartas selecionado favorecer, ou se você procurar um cenário/setup mais inclinado a isso, pode haver cartas que aumentam a interação entre jogadores, mas no geral é cada um fazendo o seu jogo mesmo.
STAR REALMS por vezes gera os maiores desequilíbrios, há espaço para todas as facções, mas caso um jogador pegue muito da facção verde que foca em dano e o outro não responda à altura com o mesmo nível de agressividade ou com a facção azul que cura, pode haver fins de partida um tanto quanto súbitos. A aleatoriedade pode gerar certo grau de desigualdade nos demais, mas nesse aqui isso ocorre muito mais vezes.
ASCENSION tem curva de aprendizado e isso pode ser apreciado ou não. O fator de ter maiores combos também pode fazer um jogador esperar bastante para voltar para o turno dele, jogando com 4 jogadores isso fica notável, e com expansão pode jogar com 5 ou 6, mas este kina que vos fala não recomenda muito.
CLANK! tende a cansar fácil, não de forma gritante, mas dos listados talvez seja o de menor rejogabilidade, mesmo com 2 lados do tabuleiro. Vai ver mesa tranquilamente, mas tende a ser relato comum enjoar em 4-5 partidas. Sei que não ajudo fazendo esse comentário sem aprofundar motivos, mas parece que pelo foco ser 50% ou + no tabuleiro, a sensação de que está fazendo a mesma coisa, apenas um pouco diferente bate muito mais do que nos outros 3 jogos.
Para finalizar se formos definir tudo num brandir de espada, num único arco de lâmina, pra optar entre esses jogos, seria uma questão de priorização, a meu ver todos são bons jogos, tenho os 4 na coleção por sinal, mas para pensar num desempate de forma bem direta: quer rejogabilidade acentuada vá de DOMINION, interação entre jogadores alta = STAR REALMS, combos absurdos pra comer com farinha pode pegar o ASCENSION, e um algo a mais apresentado no fator tabuleiro seria o CLANK!
Dessa vez olhamos para 4 jogos, com esse entrelace da mecânica principal, espero que tenha gostado dessa abordagem um pouco diferente!
Então por enquanto é isso, até o próximo reino a explorar, batendo forte, e também batendo de “kina”! Inscrevam-se, acompanhem!!! 