De volta de excelentes férias na terra do Maradona, um quilo mais leve (comi muito, bebi muito, mas caminhei mais ainda), seco por um joguinho.
Hoje a expectativa era de 8 marmanjos, o que renderia duas mesas com 4 jogadores. Coloquei na sacola jogos pra essa contagem: Innovation, que eu tinha a esperança de jogar no modo de duplas; Inca Empire, que eu estava doido pra jogar de novo desde que estreamos o jogo com as regras erradas no Joga Brasília; e a expansão Pied Piper do Rattus, pois o Maykel levaria o jogo base.
Maykel não foi, nem o amigo do Maykel, o que reduziu o grupo para 6 pessoas e tirou Pied Piper da jogada. Fuén.
Resolvemos, antes de montarmos duas mesas com 3 jogadores, jogar um party game com o grupo todo. O escolhido foi Shadows: Amsterdam. O jogo é um pique-bandeira em tempo real, numa mistura de Mysterium e Codenames, com bichinhos desenhados no estilo Zootopia. Rendeu risadas imaturas, mas o jogo é totalmente caótico. A arte é pesada, com muitos detalhes, e as pistas acabam nunca fazendo muito sentido. Minha equipe venceu -- ou melhor, a outra equipe perdeu, tomando 3 hits da polícia nas duas vezes, e fiquei com uma sensação de anticlímax, imaginando que, se minha equipe não tivesse feito absolutamente nada, ainda assim teríamos vencido a partida. Estranho.

Grupos separados: Thiago, Lucas e Daniel foram jogar Prêt-à-Porter, e eu, Filipe e Grahal fomos jogar Inca Empire, finalmente com as regras certas. Começamos a desbravar o futuro território peruano, "pacificando" as tribos vizinhas a Cuzco e nos espalhando pelo tabuleiro. Filipe (azul) foi avançando pro noroeste; Grahal (verde) desceu pro sul, e eu (laranja) fiquei ali pelo leste. Não há muito o que fazer no início do jogo além de construir estradas e conquistar os povos vizinhos. A mecânica das cartas de sol é incrível e determina o que é vantajoso ou desvantajoso para cada jogador a cada rodada. Tentar manipular a ordem do turno é tão importante quanto em Power Grid. O jogo veio se desenvolvendo de forma sólida, mas logo detectei um problema com a contagem de 3 jogadores: alguém ia acabar ficando solto. Como eu e Filipe começamos a ocupar a mesma área, Grahal desceu sozinho pro sul. Se eu fosse atrás dele, Filipe ficaria solto; se o Filipe fosse, eu ficaria solto. Na nossa partida anterior, com 4 jogadores, isso não ocorreu, mesmo com as regras erradas. A marcação foi mais eficiente.

Filipe aproveitou algumas oportunidades para construir templos em cidades construídas pelos outros jogadores e ganhou vários pontos que o mantiveram na frente do placar por um bom tempo (o que não foi necessariamente uma boa). Eu buscava construir estradas que me levassem às cidades e guarnições já construídas, além de investir em terraços, que me rendiam trabalhadores na fase inca e pontos na fases de pontuação.
Grahal fez bom uso do seu latifúndio no sul, além de conseguir parasitar boa parte das construções que eu Filipe levantamos no resto do mapa. Usamos a variante da invasão, que poderia antecipar o fim da partida, e Pizarro acabou com nossa festa ao final da segunda fase do povo do último período. Na pontuação final, Grahal levou a melhor, com 149 pontos. Eu fui o melhor dos piores, com 138, e Filipe segurou a lanterna com 125.

O jogo é incrível. É daqueles jogos únicos, como Reef Encounter, Myrmes ou Giants, que você não consegue comparar com mais nada. Mas acredito que seja um jogo para 4 jogadores, apesar das adaptações incluídas pelo designer pras partidas com 3 pessoas.
Fechamos a noite com Valente - O amor em jogo, baseado nas tirinhas do personagem homônimo (que eu desconhecia). Em teoria, é um jogo de "construção de narrativa", mas confesso envergonhado que não li uma linha sequer da historinha. É essencialmente um jogo de gestão de mão, em que você passa boa parte do tempo revirando o deck e o descarte à procura das cartas que te interessam. Não me disse muito, mas entendo que o fã das tirinhas tenha simpatia pelo jogo; qualquer coisa que tenha o Corto Maltese na capa, por exemplo, me separa imediatamente do meu dinheiro, preste ou não preste. Vitória do Filipe, com Valente se apaixonando pela Dama (a outra pretendente é um panda mesmo, ou só uma cachorrinha parecida com um panda?).

Sábado tem mais. Fui!