Eu já havia jogado 6 jogos da linha Exit (as 2 primeiras temporadas lançadas no Brasil) e 4 de Unlock, então era natural me interessar por esse aqui. Agora após finalmente jogar O Despertar, decidi retornar nessa análise, que já havia lido antes, para dar minhas impressões.
Eu ainda prefiro Exit, pois ao contrário do Rodrigo, oq eu mais gosto nele são justamente os desafios mais "fora da caixa" que ele proporciona, aquela sensação de algo surpreendente, não trivial, de "explosão de cabeça". Mas se vc não se preocupa tanto com isso e, pelo contrário, tem certo receio de desafios onde tem q se pensar muito "fora da caixinha", acho q Escape Tales funciona melhor pra vc.
Concordo em praticamente tudo que o Rodrigo disse sobre o Escape Tales (que vou passar a chamar de ET pra facilitar), é divertido, gostoso de se jogar e a tradução é praticamente impecável. Mas gostaria de citar alguns pontos que o ele não comentou e julgo serem importantes:
- Um ponto a meu ver muito positivo do ET em relação aos outros é a facilidade para se aprender a jogá-lo. No Exit é preciso entender como funciona aquela "roda". No Unlock existem cartas com iconografia que define com quais outras cartas elas se conectam. No ET não precisa de nada disso, tudo que vc precisa saber e fazer está claramente escrito nas cartas e/ou no texto dos parágrafos. Só é necessário saber que existe um app online para os enigmas e pronto, já pode sair jogando sem precisar de manual. E ainda tem uma espécie de "tutorial" no início do jogo que é uma ótima ideia e facilita mais ainda.
-Dos 3, foi o que achei melhor para se jogar em grupo. No Exit o fato de ter um único livro para todos atrapalhava muito para dividir os enigmas, ainda mais pq muitas vezes um mesmo enigma dependia de várias páginas diferentes. No Unlock o fato de ter só cartas era um pouco melhor, mas a informação nas cartas eram pequenas, dificultando a visão de todos. No ET, além das cartas de locais serem maiores, ainda por cima cada local é dividido em 2, facilitando muito a leitura sem que cada um tenha que pegar a carta na mão. Aliás, para quem perguntou, eu achei que o jogo funcionou bem para 4 e até 5 pessoas (nosso grupo tinha 4 integrantes, mas uma pessoa extra que estava mexendo no PC no mesmo recinto, mas vinha "bisbilhotar" sempre que achava que havia um enigma interessante, ainda assim todos conseguiram participar de forma fácil).
-Outra coisa que achei muito interessante no ET foi a dificuldade crescente dos desafios. Tanto no Exit quanto no Unlock os puzzles eram muito inconstantes, com dificuldade indo do fácil ao difícil e voltando ao fácil muito rápido, dificultando um pouco o ritmo do jogo. No ET ficou claro para todo meu grupo a preocupação do jogo em criar enigmas em dificuldade crescente ao longo do andamento do jogo. Obviamente com um ou outro desafio um pouco mais fácil ou mais difícil, mas no geral uma ascendente. Isso facilita até mesmo o acolhimento e instigar o interesse de pessoas que não jogaram antes.
De pontos negativos:
-Quando ouvi falar do jogo, fiquei com a impressão que seria quase como uma livro-jogo em termos de escolhas, necessitando de pelo menos uma dezena de partidas para trilhar a maioria dos caminhos existentes. Porém ao final da 1a. partida restava cerca de 1/3 das cartas de desafios (o que é até razoável) porém apenas 3 cartas de locais ainda para se explorar, o que demonstra que percorremos praticamente todos os caminhos existentes. Achei isso um tanto frustrante, pois não imagino que tenha muito mais a se ver em uma futura partida, o que acaba, na prática, tornando o jogo quase linear de uma campanha única e não rejogável, como o Unlock.
-E um outro pequeno detalhe, achei q os textos das cartas de desgraça ficavam meio "à parte", não combinavam com o quê estava acontecendo no local do jogo, ficando meio deslocado. Além disso, alguns textos poderiam ser menores.
Bom, é isso, espero ter ajudado mais um pouco a avaliarem se vale a pena jogar Escape Tales. Pra mim valeu muito, adoro todos esses "escape rooms", alguns mais, outros menos, mas todos eles em algum momento me deram a sensação de ter uma experiência única na mesa, e essa é uma das coisas que mais me fazem gostar de jogos de tabuleiro.