A cidade fervilha no calor sufocante dessa tarde de verão. Enquanto percorro as vielas atrás de contatos nada confiáveis, os navios estão me esperando, prontos para zarpar a qualquer momento, com ou sem minhas mercadorias. Quem chega primeiro leva a melhor fatia do bolo e eu amo comer. Faço negócios com tudo, desde laranjas até rum e charuto, só não me envolvo com nada ilegal, ou, pelo menos, mais ilegal do que já normalmente já sou, mas drogas, nem pensar. Opa, escutou. Essa é minha deixa, mais um apito e o navio some no horizonte. Corra, pois Santiago de Cuba Tá na Mesa!
Santiago de Cuba é um jogo lançado em 2011 por Michael Rieneck. De dois a quatro jogadores, com duração média de 60 minutos, em Santiago os jogadores são atravessadores tentando levar mercadorias para o porto.
- Um jogo comunista! Vá para Cuba, Mortadela!
Calma, Coxinha. Não seja tão reaça… Santiago de Cuba é um jogo que envolve comércio e especulação, nada relacionado ao que você está pensando (Nota do Sr. Slovic: Se quer um jogo Comunista, conheça Kolejka). Suas regras são bem simples e o jogo é dinâmico.
O Tabuleiro representa a cidade, principalmente a região do Porto. Há um meeple em formato de carro, que é usado por todos os jogadores para se movimentar pela cidade. Existe uma única trilha a ser seguida, que começa e termina no Porto. A mecânica de movimento lembra um pouco Tokaido: só pode andar para frente, quantos espaços você quiser, fazendo a ação de onde parou, porém tem que pagar para andar mais de um espaço (nota da Sra. Slovic: Uma moeda por espaço).
O objetivo do jogo é levar as mercadorias (Açúcar, Tabaco, Laranja, Rum e Charuto) até o porto para serem vendidas. Há uma quantidade máxima de mercadorias que podem ser comercializadas. Em cada ponto do tabuleiro há um personagem que pode lhe dar mercadorias, dinheiro, Pontos de Vitória (PVs) ou uma vantagem. Além disso, habilita o jogador a usar alguns prédios. A disposição dos prédios e personagens é modular, alterando a cada início de partida, dando uma rejogabilidade interessante.
Os prédios estão divididos em quatro setores (Azul, Branco, Amarelo e Vermelho). Cada personagem tem uma rosa de uma dessas cores, indicando qual edifício o jogador pode usar. Fazer a ação do local é opcional, mas colocar seu meeple nele, não. Não é possível ter mais de um jogador por prédio.
No início da partida, o primeiro jogador lança cinco dados, que vão indicar a demanda de cada produto no porto, variando de zero a quatro, mas somente quatro dados são escolhidos. Sempre que o carro chegar no porto, inicia-se a fase de vendas. Começando pelo jogador que chegou ao porto, todos podem vender um tipo de mercadoria por vez. Os produtos embarcados viram PVs. Essa fase continua até toda a demanda ser atendida ou os jogadores não tiverem os produtos necessários para vender. No primeiro caso, o navio parte e o jogador que fez a última entrega joga dos dados de demanda. No segundo, o próximo jogador avança com o carro e a rodada segue. O jogo termina quando sair o sétimo navio. Sempre que o carro passa pelo porto (Nota do Sr. Slovic: O espaço do porto não é uma parada obrigatória) e o navio não parte, a quantidade de PVs que se consegue com as mercadorias aumenta em um, começando em dois, podendo chegar a quatro. Se já estiver no máximo e por algum motivo a taxa aumentar, o navio parte imediatamente, independente se estiver cheio ou não.

- Cara, que jogo simples. Parece besta.
Ledo engano, Cucaracha! Como falamos o jogo é bem simples, muito bom para apresentar novas pessoas ao universo dos Boardgames (Nota da Sra. Slovic: Assim como Stone Age), mas nada simplório. Assim que o sétimo navio zarpar, o jogo termina imediatamente. Soma-se os PVs e tem tiver mais, ganha a partida.

No Geral, Santiago de Cuba é um jogo bom. Não espere algo fenomenal como Dominant Species ou Kanban, mas ele diverte. É quase um Puerto Rico com regras bem enxutas (Nota da Sra. Slovic: Não que Puerto Rico tenha regras complexas, mas em comparação ao Santiago…). A arte é bonita e simpática. As mercadorias, dinheiro e PVs dos jogadores ficam atrás de minúsculos Escudos, que são simpáticos, mas que não servem para esconder muita coisa (Nota do Sr. Slovic: São bem pequenos mesmos). Mesmo sendo um jogo simples, ele tem mecânicas que servem para ferrar o amiguinho, então tenha certeza que não tenha ninguém na mesa que fique magoado com isso (Nota da Sra. Slovic: Infelizmente isso existe. Conhecemos alguns, né?). E, se isso acontecer, faça igual aos cubanos e convide o ofendido a tomar uma dose de Cuba Livre! Y viva la Revolución!