Lexicos1973::Tenho algumas experiências tristes na história, mas a pior de todas, não foi jogando board game e sim uma partida do RPG Lobisomem: O Apocalipse. Era uma feira estudantil na escola técnica que eu estudava e na época, uns alunos conseguiram uma sala para mestrar umas partidas. Estavam lá umas 12 pessoas.
Dez minutos, e eu e um amigo tínhamos preenchido a ficha dos personagens. Mas daí, nada! Ninguém nem explicou como o jogo funcionava. Ok, que é story teller, mas ninguém nem disse o que poderia ser feito ou não. Nem sequer apresentaram a trama da história.
Uma hora um carinha que estava nos acompanhando, vira para nós dois e pergunta do nada: "vocês estão andando em duas ou quatro patas?". Respondi que em duas. Ele então diz: "então já deixei vocês para trás há muito tempo. Estou na forma de lobo..."
Olhei para a cara do meu amigo e já deu vontade de sair de lá, mas ainda o pior estava para vir. Por motivos que nem me lembro direito, todo mundo foi parar no mesmo galpão e uma figura sinistra apareceu. Chegou dizendo que ia matar todo mundo e blá, blá, blá. Só que qualquer tentativa de atacar o fulano era rechaçada pelo mestre (lembra que eu disse que nem foi explicado como as coisas se davam no jogo?) e ficou nisso uns minutos. Uma garota que parecia já ter jogado declara que então estava pulando no pescoço do sujeito para meter os dentes nele.
O cara que estava mestrando, pede para olhar a ficha da garota e conferir que raça ela era. Depois de ler sei lá o quê, diz que enquanto ela mordia o tal vilão, o vilão também mordeu ela (se acham que isso é ridículo, imagina já minha cara nessa hora).
Daí o carinha que estava mestrando revela que o tal vilão era um vampiro que ao morder a loba, começou a pegar os poderes dela. Ele tira então uma caneta do bolso e começa a anotar os poderes que a garota tinha colocado no personagem lobo dela. E isso, declarando coisas como: "você tem esse poder? hum, que interessante, vou gostar de usar isso...". Nem mestrando naquele momento ele estava.
Tudo o que ele fez foi mestrar uma partida de Lobisomem para então consguir poderes diferentes para o personagem dele de Vampiro: a Máscara, um outro RPG do mesmo universo. Ou seja, o único interesse dele era ter conseguido aquele poder, digamos assim, em uma partida oficial fora do grupinho dele.
Coisa mais ridícula do mundo e nunca mais joguei RPG depois daquela idiotice.
Cara, adoro jogos de RPG, mas de vez em quando surgiam as pérolas que ganhavam a menção honrosa.
Certa vez fui mestrar um jogo de D&D onde dois dos meus amigos trouxeram mais um colega cada para jogar com a gente. Estava super empolgado, pois estávamos em cinco e seria a primeira campanha que faríamos com um grupo grande (entende-se por grande acima de três no nosso caso). Todos disseram saber as regras, que já conheciam o sistema, blablabla. Partimos então para montar as fichas, todos entraram em acordo e assim foi criado uma elfa maga, um guerreiro meio orc, um mercenário humano, um clérigo anão e um ladino humano.
Após quase duas horas montando as fichas, começamos a jogatina, relembrando parte das regras e quais eram regras da casa. Criamos uma pequena história para cada personagem, fizemos um curto prólogo para os jogadores interagirem e conhecerem os personagens, depois introduzi o cenário e a missão do grupo.
Iniciamos como uma missão do Reinado onde o grupo ia a cavalo até uma floresta e para tentar descobrir o porquê os animais silvestres estavam atacando os vilarejos próximos. O grupo logo chegou a uma caverna de onde emanava magia negra. Todos decidiram que iriam entrar para investigar, menos o ladino (um dos colegas que havia sido convidado), que insistiu que ficaria do lado de fora para cuidar dos cavalos. Todos estranharam e tentaram argumentar, afinal, ladino, caverna, furtividade, armadilhas... Aí o jogador me vira e fala: vou usar lábia para tentar convencê-los a irem sem mim. Chamei o jogador num canto e perguntei "como assim?". "É que tenho um plano", ele me respondeu. Movido pela curiosidade, deixei ele fazer o teste, que foi bem sucedido. Após todas as rolagens de dados, acabou que o grupo realmente entrou sem o ladino. Este aguardou um tempo até perceber que todos estavam bem a fundo da caverna, vira e diz para todos "Mestre, estou pegando os cavalos de todo mundo e indo embora".
"Que???" foi a resposta unissima.
"Como assim cara? Você vai abandonar o grupo e fugir com os cavalos porque?"
"Porque sou ladino e vou vender os cavalos para ganhar dinheiro"
"Você é ladino e não ladrão!"
"Não importa, vou fazer isso"
"Vai abandonar o grupo por algumas moedas de ouro?"
"Sou caótico e neutro, qual o problema?"
"Perdemos três horas para você sacanear o jogo?"
"Só to interpretando o meu personagem"
Enfim, o jogo acabou virando um bate boca, com todo mundo querendo matar o personagem e jogador.
Resumindo, acabei matando o personagem com uma pisada de um gigante que por ali passava e não o viu embaixo passando com os cavalos.
E nosso grupo voltou a ser de três pessoas...