Fala Galera! Beleza com vocês?
Já pararam para pensar o quanto o nosso hobby é bom? O quanto ele diverte, é iterativo, desafiador? Mas repararam que ele também tem um grande poder viciante?
Sim, não podemos negar que boardgames são viciantes. Quem entra nesse mundo fica vidrado com a quantidade de jogos existentes. É um mundo totalmente novo. Um mundo a desbravar.
São milhares de jogos. Sim Milhares. Na boardgame Geek, agora no final de março, temos registrados mais de 97 mil jogos!!! É muita coisa.
Tem jogo para tudo que é gosto. Todo tipo mesmo. E com as mais variadas mecânicas e temas, fazendo com que a variedade de jogos seja bastante grande. Hoje, não precisamos jogar aquele Jogo da Vida ou mesmo um Imagem e Ação até que a caixa se esfarele. Se gostamos de algum tipo de mecânica ou tema, podemos ter acesso a novos jogos com essa mecânica ou tema. Alguns semelhantes entre si, outros completamente diferentes.
Nesse mundo tão vasto, com um potencial imenso para crescimento, não é de se espantar que queiramos conhecer mais e mais jogos. Que joguemos apenas uma vez um jogo e ele fique guardado na estante, porque tem um novo jogo para ser jogado que acabou de chegar da Miniature Market.
Mas porque isso acontece? Porque é tão recorrente que tenhamos tantos jogos na estante, guardados e que quase não veem mesa?

(BGG. Cada dia que você entra é um jogo novo cadastrado)
Acredito que seja pelo poder viciante de um boardgame.
Quero esclarecer que isso não é uma verdade absoluta. Existem muitas pessoas que conseguem manter sua coleção (se é que tem uma) apenas com jogos que efetivamente são jogados. E que também existem pessoais que se controlam quando sai um novo lançamento no Brasil ou promoções nos sites gringos (ou no destruidor de bolsos, o famoso Kickstarter). Mas não podemos negar esse fato: Também existem pessoas que colecionam boardgames. E é sobre isso que vou discorrer aqui pelo simples fato de que eu me incluo nesse grupo.
Antes de mais nada, colecionar boardgames não é ruim. Por favor não me entendam mal. Eu mesmo coleciono. Mas admito que muitos deles viram mesa poucas vezes e, mesmo assim, continuo a comprar jogos. A aumentar minha coleção. E é por isso que acho que o boardgame tem um poder viciante, que faz com que você queira ter mais e mais desse mundo em sua casa.
Você pode estar se perguntando: ‘PaladinoMonge, eu também coleciono cara. Compro o jogo, coloco ele na mesa 1 ou 2 vezes, e depois, já tenho outros jogos novos na prateleira. Caramba. Porque isso? ’
Olha, não posso responder por você. Mas conversando com amigos que jogam boardgames e também pela própria experiência, percebi que isso pode ocorrer porque você foi fisgado pela experiência que o jogo te proporcionou na primeira vez que você jogou um jogo de ‘tabuleiro moderno’.
Sim. Você não pode ter percebido, mas isso ocorreu e ocorre com bastante frequência. Você está lá na mesa, conhecendo um jogo novo, com mecânicas que talvez nunca ouviu falar ou mesmo pensando se o jogo é Tipo War, e quando começa a partida, mesmo perdendo de lavada, você simplesmente amou aquele tempo que você teve sentado em uma mesa rodeado de amigos ou, em muitos casos, de completos desconhecidos e se divertiu como nunca havia se divertido há muito tempo, seja pela experiência ou desafio proposto naquele jogo.
Pois é. Essa aí foi minha sensação quando conheci esse mundo novo lá em 2016 (já até contei essa história por aqui na Ludopédia).
Cara, foi sensacional. Eu fui arrebatado e queria conhecer mais e mais sobre esse mundo. E isso foi um caminho sem volta. E agradeço por isso.
Mas a grande questão é que me paro as vezes e vejo minha coleção e percebo que jogos que gosto bastante não veem mesa com frequência porque vira e mexe estou jogando jogos novos. Claro que tem a questão da produção de conteúdo e para isso preciso jogar muitos jogos, mas mesmo assim, como pode ser que jogos tão bem-conceituados, que ao jogar simplesmente fizeram minha mente explodir, continuem na estante? E porque eu continuo a comprar jogos mesmo sabendo que tenho jogos para jogar ainda da última compra?
É meu amigo. Você pode estar na mesma situação que a minha.

('Não vou comprar mais nada de zombicide. Eu ainda nem joguei a campanha inteira do Blacl.... AHHHHH! Green Horde!!! Preciso Ter!!!!!')
Acredito que faço isso porque não quero perder a oportunidade de ter o jogo na minha coleção e apresentar para novos grupos. Novas pessoas. Porque quero ter ele para jogar a qualquer tempo, mesmo que isso se prove o contrário. Talvez, o simples fato de tê-lo na estante, já me deixa feliz, pois sei que, por mais que demora, ele vai ver mesa.
É bem difícil dar uma justificativa para isso. Afinal cada pessoa é uma pessoa. Distinta em seus gostos e modos.
Se você continuou a ler até aqui, que tal fazer um exercício comigo? É bem simples.
Veja quantos jogos você tem na sua coleção e quanto você gastou nela. Depois, tente atualizar o valor que sua coleção vale hoje. Vai lá, eu espero.
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E aí, como foi? Se assustou? Se surpreendeu?
Vários sentimentos podem ter ocorrido em você depois desse exercício. Você pode ter se espantado pelo valor gasto nos boardgames (eita hobby caro); você pode ter se espantado pela desvalorização no mercado (ou, para alguns sortudos, a sua valorização); Você pode ter desistido de fazer o exercício porque tem jogo para car..... Tem muito jogo; Você pode ter percebido que sua esposa ou esposo tem razão em reclamar que toda semana tem jogo novo na estante; você pode até achar que multiplica dinheiro!
Outras inúmeras reações podem ter ocorrido. Eu vou falar da minha.
Eu me assustei. De verdade. Com o quanto que gastei e também com o quanto de dinheiro que eu tenho na estante. Mas a minha principal preocupação foi: ‘Deus, por favor, que minha esposa nunca pesquise esses jogos na internet e faça as contas’.
Meu pensamento foi natural. Isso porque realmente o gasto foi muito grande. Eu poderia ter feito muitas outras coisas com o dinheiro gasto, mas decidi gastar com jogos de tabuleiro.

(Uma Shelfie de respeito. Mas não é minha não viu?)
Então, porque ainda assim eu continuo a comprar jogos mesmo que existam outros, que custaram uma boa grana, que não viram mesa ou, se viram, foi 1 ou 2 vezes?
Só posso achar que é pelo poder viciante do boardgame. É um hobby maravilhoso, que te conquista e faz com que você queira se aprofundar nele. E esse aprofundamento, para algumas pessoas, passa pela compra de vários e vários jogos, ou seja, de colecionar jogos de tabuleiro. E convenhamos, se isso te faz feliz, seja feliz!
Se vou continuar a colecionar jogos de tabuleiro mesmo sabendo do gasto que fiz? Claro. Não vou deixar de fazer isso, mas o farei com mais parcimônia. Agora, darei mais atenção aos pequenos que se encontram lá na estante, esperando para serem jogados... ou será que não...