Star Wars é um fenômeno mundial. E muito disso se deve ao fato de que, após os lançamento dos 3 primeiros filmes, o universo continuou no imaginário dos fãs através de outras mídias como livros, quadrinhos e, principalmente, através dos jogos. Há todo um outro universo a ser considerado somente entre lançamentos de versões da saga em jogos digitais e analógicos. Antes da aquisição dos direitos da série — e da Lucasfilm — pela Walt Disney em 2012, esse universo era conhecido como Universo Expandido e contava mais sobre o que acontecia nesta galáxia distante, há muito tempo atrás.
O enorme tabuleiro tomado por miniaturas coloca frente a frente os generais e heróis de Império e Rebelião.
Mas já havia tempo que a saga principal, os três primeiros filmes na ordem cronológica de lançamentos, ou mais especificamente os filmes conhecidos hoje como Episódios IV, V e VI, não ganhavam uma ambientação tão interessante no mundo dos jogos de mesa. A
Fantasy Flight Games, dona dos direitos de
Star Wars para o mundos dos tabuleiros e RPGs, tem uma linha bastante robusta de jogos da saga, assim como dos universos de
O Senhor dos Anéis e de
A Guerra dos Tronos — uma baita coleção de alguns dos universos mais consagrados da atualidade. Mas entre os jogos de
Star Wars, seus principais produtos eram os jogos de miniaturas como
X-Wing e
Armada, e o colecionável
Star Wars: The Card Game, além do
dungeon crawler Imperial Assault, bastante cultuado. Todos eles excelentes produtos, com grande aceitação do público e da crítica. Mas faltava algo em um outro patamar, talvez para atingir outro tipo de público.
Aí entra ninguém menos que
Corey Konieczka. Designer de outros grandes jogos como
Eldritch Horror,
Descent: Journeys in the Dark,
Battlestar Galactica,
Mansions of Madness, além dos próprios
X-Wing e
Imperial Assault, Corey já tinha seu nome escrito no coração de todo fã da
FFG e de
Star Wars, assim como no hall de maiores designers de jogos de todos os tempo, mas minha sensação é de que sua obra prima ainda estava por vir. E então, em 2015, é anunciado
Star Wars: Rebellion.
Um singelo tabuleiro duplo te aguarda nessa caixa gigante e maravilhosa.
Diferente dos outros jogos da saga,
Rebellion é um jogo tático, quase um
Xadrez, jogado por 2 ou 4 jogadores, divididos em times: um controlando o
Império e o outro a
Rebelião. O jogo é profundamente temático, com suas raízes no confronto que envolve a
Estrela da Morte e as consequências de sua criação e queda, que é o que vemos nos três filmes originais.
Porém o jogo abre o leque do cânone e permite aos jogadores mudarem a história e acontecimentos da saga. Jogando como
Império, o jogador pode destruir a base rebelde e aniquilar as esperanças de uma galáxia vivendo livre do lado negro da
Força. Já atuando com a
Rebelião, os jogadores podem derrotar o
Império de uma vez por todas, invadir
Coruscant e restaurar o equilíbrio da
Força. Todo o clima, naves e personagens estão lá, além das batalhas épicas que permeiam nosso imaginário.
Estrela da Morte ainda em construção e outras armas do Império.
REBELIÃO VS IMPÉRIO
Se você não é fã de
Star Wars e não conhece muito bem sua mitologia, deixa eu situar você. Na história, que por aqui chegou e foi conhecida por décadas como
Guerra nas Estrelas, após um golpe de estado muito bem orquestrado, o Senador Palpatine toma o poder da República, transformando-a num Império, do qual ele é o imperador. A capital da República,
Coruscant, se torna agora a capital do Império e é cercada por enormes naves de guerra, as
Star Destroyers, além de uma infinidade de soldados, primeiro os clones e, então, os famosos s
tormtroopers. Mas a principal arma de Palpatine é Anakin Skywalker, um ex-piloto da República que domina poderes místicos, conhecidos como a
Força. Anakin é levado a acreditar que deve usar seus poderes para ajudar Palpatine, agora auto-intitulado Darth Sidious, a controlar toda a galáxia, tomando à força os diversos planetas e os subjugando a seus domínios. Anakin assume o nome de Darth Vader, pelo qual é conhecido como um dos maiores vilões do cinema de todos os tempos.
Vader comanda as forças do Império frente às tentativas dos rebeldes.
Porém, enquanto o
Império se fortalecia, um grupo de dissidentes, antes membros importantes da República, juntam forças para formar a
Rebelião. Os rebeldes contam com a Princesa Leia como uma de suas principais lideranças, até que recrutam o jovem Luke Skywalker, um excelente piloto e também, como é descoberto mais tarde, irmão de Leia. Luke também é um grande possuidor da
Força e é treinado pelo mestre
jedi Yoda, um dos últimos sobreviventes dos antigos cavaleiros
jedi que lutaram pela República. Os demais haviam sido perseguidos por Vader e assassinados. Luke é a esperança de um equilíbrio na disputa que é largamente vencida pelo Império.
Os irmãos Leia Organa e Luke Skywalker: dois dos maiores ícones do universo nerd de todos os tempos.
É nesse cenário que se passa
Star Wars: Rebellion. A
Rebelião tenta avançar contra os domínios do
Império pela galáxia exercendo sua influência em planetas chave, enquanto os imperiais buscam encontrar e destruir a base rebelde. O jogo é uma dança tática, com avanço de naves de guerra poderosas e heróis lendários da saga sobre um enorme e imponente tabuleiro.
Apesar de muito temático e com excelentes referências ao universo de
Star Wars, você não precisa ter visto qualquer filme ou lido qualquer outro material sobre a história para jogar
Rebellion. Muito pelo contrário, o jogo quebra ou simplesmente ignora a sequência conhecida dos fatos, o cânone, e permite aos jogadores reescreverem
Star Wars à sua maneira. E esse é um dos principais méritos do jogo.
As incríveis miniaturas do Império incluem a Estrela da Morte e algumas Star Destroyers, além de TIE Fighters e AT-ATs.
MAIS QUE UM JOGO, UMA EXPERIÊNCIA
O jogo se desenvolve ao longo de diversas rodadas e a cada minuto que passa o
Império fica mais distante da vitória, uma vez que seu objetivo é localizar a base rebelde antes que os marcadores de rodada e pontos do jogador da
Rebelião se encontrem.
Por outro lado, os rebeldes precisam executar diversos planos de ataque para frustrar os planos do imperador, marcando pontos ao cumprir esses objetivos. A cada rodada em que evita ser encontrado, a
Rebelião está mais próxima da vitória.
Controle as X-Wings e Y-Wings, além de outras unidades da Rebelião.
Cabe ao jogador rebelde esconder a base a todo custo, forçando seus personagens ao limite, enviando-os como emissários da
Rebelião à planetas longínquos e tentando enganar o
Império — inclusive com uma base falsa. Já o jogador do
Império deve não só dobrar os planetas a seus pés através da invasão e controle, mas permanecer no encalço dos rebeldes e não dar trégua. O que não é muito difícil, na verdade, devido à impressionante superioridade numérica do
Império em poderio bélico no tabuleiro. Vader e companhia tem muito mais condições de crescer do que o lado de Leia e Luke.
Sem querer me aprofundar nas mecânicas do jogo, o que você precisa saber é que
Rebellion é uma experiência para dois jogadores: um xadrez intergalático que coloca os jogadores num confronto direto, uma dança de gato e rato com direito a sabres de luz, naves gigantescas e planetas explodindo.
Luke, Leia, Chewie e Solo: o quarteto mágico da saga original.
Mas, apesar disso, é um jogo simples, focado nos movimentos programados através do uso de cartas e emprego dos personagens da saga. As resoluções das ações se dão muitas vezes através de um simples movimento, porém, podem acabar gerando um combate bastante demorado. As rolagens de dados para resolver os combates se desdobram por diversas fases, com vários elementos influenciando as vitórias e derrotas de ambos os lados, mas de maneira relativamente simples.
Para quem não curte jogos com fator sorte tão elevado, e esse é um jogo em que isso é um fato,
Rebellion te dá a chance de reverter muitas dessas rolagens desfavoráveis através de cartas de combate que podem ser ativadas dependendo da situação e do local de combate — se no solo ou no espaço. Todo o teatro das batalhas ainda levam em conta os personagens envolvidos e seus poderes. Nada mais épico do que resolver uma disputa entre Darth Vader e Luke na órbita de
Endor.
A casa do Ewoks e cenário do Episódio VI.
O jogo é cheio de reviravoltas, batalhas emocionantes, momentos épicos e decisões interessantíssimas. Não é atoa que o
Rebellion chegou fazendo tanto sucesso e conquistou tão facilmente o coração dos jogadores. Por mais que leve algumas horas para ser jogado (em torno de 4 delas) e tenha um manual não muito amigável — acompanhado de um livro de referências ainda mais assustador — o jogo agrada na mesa e deixa uma gostosa marca nas nossas lembranças, com aquele gostinho de querer jogar de volta.
Como um amigo disse,
Rebellion é um
Twilight Imperium pra dois jogadores. Um jogo de danças táticas e batalhas espaciais épicas, com personagens queridos e uma atmosfera que remete à clássica saga dos rebeldes contra o
Império. Um jogo muito denso, mas bastante interativo, com aleatoriedade na rolagem dos dados, mas com muitas maneiras de mitigar o fator sorte. Recomendadíssimo (e praticamente obrigatório) para todos os fãs de
Star Wars.
Todos os personagens do jogo base: Império e Rebelião estão bem representados.
O jogo é caro, a caixa é enorme e pesada e está repleta de todos os tipos de componentes: de cartas a dados, tabuleiros a miniaturas,
stands de papelão e
tokens. Um verdadeiro banquete para o
board gamer mais
hard core.
Vale lembrar que, depois de
Star Wars: Rebellion, a
Fantasy Flight Games lançou ainda outro popular jogo baseado na saga chamado
Star Wars: Destiny, esse já lançado no Brasil e com boa aceitação do mercado, que também perfaz o caminho de toda a saga, mas com bastante ênfase nos filmes recentes, aproveitando o sucesso de bilheteria dos mesmos. Em seguida, foi anunciado
Star Wars: Legion, este ainda por ser lançado, um jogo de miniaturas. A
Galápagos Jogos, quem geralmente lança os jogos da
FFG no solo brasileiro, já anunciou que tem planos para trazer tanto
Star Wars: Rebellion quanto sua expansão,
Rise of the Empire, provavelmente ainda em 2018.
Mais imagens dessa obra prima: