leandrofvaz::Recebi o meu também, e fiquei satisfeito com o material. A caixa é rígida e o revestimento de papel branco por dentro demostra um cuidado no acabamento, o formato da caixa também é bom e torna fácil de guardar. A arte das cartas está muito bela e até aqui (pois ainda não li as regras e nem o jogamos), junto com a gramatura dos tabuleiros são ponto forte do jogo (apesar das cartas serem de gramatura finas).
Os dados são os mesmos do Masmorra de dados, e sinceramente eu odiei o Masmorra de Dados (em quase tudo), porém, me parece que estão mais bem feitos e o tamanho deles estão bem acertados. Os dados são impressos mas os desenhos estão bons e bem encaixados, nisso, os dados não tiram, para mim, o brilho do acabamento final.
Até agora esse é o único jogo nacional, produzido completamente em terras tupiniquins que eu tenho vontade de manter na coleção, todos os outros, eu abri, vi a qualidade do conteúdo e logo vendi (alguns nem joguei, vide Última Fortaleza).
O Papelão dos tabuleiros estão ótimos, o relevo para encaixar os cubos foi uma excelente sacada, os desenhos parecem simples mas funcional, como o Through the Ages.
Enfim essas impressões visuais e de tato, antes de uma partida estão bem satisfatórias. Parma arriscou muito ao buscar um euro que me parece ser um médio/pesado. A elegância do design, as regras encaixadas, o balanceamento do jogo, entre outros fatores são muito importante nesse estilo de jogo e por isso é muito comum seguimos certos designers (Feld, Vlaada, Rosemberg, Luciani/Tascini, Lacerda etc), pois muitas vezes são garantias de acerto. Se ele realmente conseguiu um jogo que consegue atingir qualidades que esses designes atingem, então poderá realmente despontar como um produtor e criador importante de jogos no Brasil.

sem palavras. Mas como você teve todo o trabalho em escrever, me sinto na obrigação de compartilhar um pouco contigo e com os outros a experiência que foi e está sendo tocar a Ludofy e seus projetos e também passando um pouco da pessoa "Rafael Verri". Me desculpem se for um pouco piegas, mas suas palavras me comoveram bastante...
Para quem não me conhece, eu sou o Rafael Verri ou parma. Jogo tabuleiro desde a infância, mas acabei conhecendo os jogos modernos em 2007, quando comecei a frequentar a Ludus em São Paulo.
Sempre fui apaixonado por jogos e pelo lúdico, tanto que em 2012 comecei a aprender programação para iOS (iPhone/iPad), buscando inicialmente transformar alguns jogos de tabuleiro em jogos digitais. Assim nasceu a Ludofy Creative Mobile. Nesse início implementei alguns jogos abstratos do meu amigo Vince Vader (o dominaedro, o tíz) e outros jogos. Até que em 2013/2014 comecei a pesquisar melhor sobre a produção de jogos de tabuleiro (já havia feito isso em meados de 2009 mas na época não havia um mercado grande como o que temos hoje no país).
Comecei então a esboçar os primeiros traços do que seria o Império Lendário (que na época ganhou o nome de Lendas dos Impérios - achou me o atual é bem melhor né). Tentei criar um jogo que eu gostasse de jogar, com mecânicas fáceis de se explicar, mas com um bom conteúdo tanto de tema quanto estratégico. Fui acertando as arestas nas regras até chegar a uma versão beta que passei a testar. E testar. E testar. E testar...
Enquanto as regras eram acertadas passei a ver a questão da produção física do jogo. Ai surgiram vários outros problemas: arte, ilustrador, tipo de carta, fornecedores, logística, tipos de dados, marcadores. Nada disso foi fácil...
Andei bastante por várias gráficas, com várias indicações, para conseguir achar uma que pudesse me atender. A arte deu um trabalhão, pois imagine só fazer mais de 160 artes distintas. Pior, imagina saber o que pedir para o ilustrador. E os dados? Como lidar com o estigma que eles receberam no Masmorra de Dados. Se for colocar um com outro tipo de material e em baixo relevo o valor do jogo vai lá para as alturas e não vou vender nada.
Nesse meio tempo, comecei o desenvolvimento de outro jogo: o Supernova. Por ser um jogo mais simples, com menos componentes e que praticamente com as regras já na minha cabeça (pois há muito já estava pensando nele), ficou pronto mais rápido. Resolvi inverter a ordem dos lançamentos. Coloquei o Supernova na frente. Se der prejuízo, pelo menos será um prejuízo menor. E acabou não sendo.
Lancei o jogo com a cara e coragem, tentando emplacar ou ao menos pegar um lugarzinho nesse espaço hoje tão cheio de designers brasileiros de qualidade, sem contar com os jogos importados. Não economizei na produção. Gastei bastante para deixar a qualidade do jogo e dos componentes boa, e reduzi ao máximo minha margem de lucro. Afinal, como competir com tanto jogo de designer já conhecido e com tantos jogos estrangeiros sendo nacionalizados? Dei importância ao preço, a qualidade e a originalidade. Para mim, o lançamento do Supernova foi um verdadeiro sucesso o que me incentivou a ir em frente e tentar o lançamento do Império Lendário.
E hoje estamos nessa, com o jogo sendo lançado e quase esgotado. Para mim, outro sucesso e que me comprova que realmente as pessoas estão apoiando a campanha que iniciei com o Supernova do TABULEIRO BRASILEIRO. É possível sim a gente ter jogos de qualidade no Brasil, feito por brasileiros. Vejam os sucessos que foram o Jester do amigo Marcos Macri, ou então o Warzoo do também amigo Fel (sem falar dos outros como o Heróis e Mostros, Caçadores, etc - não citei os amigos Sergio Halaban e André Zatz, pois eles estão a meu ver, algumas categorias acima de mim).
Por isso passei a incentivar a produção nacional e comecei a buscar game designers brasileiros com boas idéias na cabeça, mas que não podiam, não queriam ou até mesmo não tinham a experiência necessária para produzir um jogo. Com isso acabei firmando parcerias para a produção do Blacksmith Brothers, do Grasse e do Overdrive (além de outros que estou fechando contrato também).
Muitas vezes tentamos fazer tudo da melhor maneira possível, tentando entregar um jogo diferente, com bons componentes, algo que EU, mais do que ninguém, queira ter para jogar (afinal, antes de tudo eu sou gamer). Porém, por vezes acabamos esbarrando na inexperiência (que só adquirimos arriscando e gastando o nosso $$), mas estou tentando sempre aprender com os projetos para poder melhorar no próximo.
Estou aprendendo bastante com os erros que cometi na produção do Império Lendário, e certamente, esses erros serão corrigidos nos próximos projetos. Mas o que quero deixar bem claro aqui é que eu faço e produzo os jogos da Ludofy com todo o carinho e amor possível. Nas pré-vendas, faço questão de tentar entregar tudo o quanto antes, pois sei como é o sentimento de ansiedade que temos para receber logo um jogo.
Por enquanto, a Ludofy é uma empresa de um homem só (isso mesmo, trabalho sozinho. Crio as regras, redijo as regras - mesmo com vários erros, mas que iremos corrigir nos próximos lançamentos - faço a diagramação, briefing das artes, faço cotações, pesquisa de mercado, vendas, compras, embalagem, levo nos correios, passo código de rastreio, respondo dúvidas de regras, dúvidas de componentes, faço o social media, divulgação, e tudo o mais que você possa imaginar na logística maluca de se criar um jogo do início ao fim). Mas faço tudo isso com bastante dedicação, felicidade e com um sorriso no rosto, pois sei que estou fazendo o que realmente gosto.
Bom, acabei falando demais e deixei me levar pela empolgação. Desculpe pela extensão do texto.
Para quem comprou tanto o Império Lendário quanto o Supernova, espero de coração que goste do que criei, pois foi feito com bastante amor.
Grande abraço e Game On
Rafael Verri