Existe uma regra não escrita em chez Gravity que diz que a Lunamarx sempre ganha a primeira partida dos jogos que chegam aqui em casa. Ela já me deu uma surra no Caçadores da Galáxia umas semanas atrás e desta vez tomei uma feia no The Gallerist.
A partida foi um pouco fora do comum aqui em casa. A gente costuma jogar no final de semana, mas ela chegou do trampo na 4a com muita vontade de jogar, e eu nem tinha acabado de ler as regras ainda. Assim que acabei de ler rápido e depois da janta resolvemos por na mesa. (Vale dizer que encontrei vários erros de ortografia assim como de maquetação nas regras, algumas inclusive que me deixaram um tanto confuso para entender algumas partes do jogo)
Vale dizer de primeiras que o jogo é lindo, como já comentei previamente no meu unboxing. O setup, apesar de ser bem intuitivo, é demorado se você não dividiu corretamente os componentes na caixa, pois é cheio de fichinhas que você tem que colocar em lugares específicos.
Após as pertinentes explicações, partimos para as primeiras rodadas. A pesar de que o jogo parece complexo a primeira vista, na verdade você só tem 8 ações possíveis no tabuleiro, e para muitas delas você precisa condições especificas, então as primeiras rodadas se limitam na verdade a apenas 3: comprar contrato, descobrir artista/comprar arte. Isso faz que se você não quer dar jogadas de graça para o amiguinho você já tenha um inicio de jogo meio complicado, no qual a meu ver quem começa o jogo sai com um pouco de vantagem.
Uma vez que a gente pegou as mecânicas porem o jogo fluiu muito tranquilo. Eu foquei em vender obras e rapidamente consegui um pool de grana considerável que me permitia comprar obras de artistas mais caros. Por outro lado, negligenciei bastante o mercado internacional, o que acabou sendo um grave erro no fim do jogo.
A lunamarx teve bastantes problemas gerenciando os recursos durante o jogo, e com frequência se encontrou falta de grana ou de assistentes para fazer as ações que tinha em mente. Só na metade do jogo que começou a vender obras e receber um lucro que permitiu ficar mais solvente.
Como a gente não entrou no detalhe do cálculo de pontuações no fim do jogo e só ficamos com a ideia de que ganhava quem tivesse mais grana, eu não reparei que o mercado internacional rendia uns bons trocados no fim do jogo. Também reconheço que não prestei a atenção devida às fichinhas de reputação que dão condições de pontuação adicional, focando principalmente na carta do curador e do vendedor.
Não foi tão bom resultado quanto eu imaginei. Apesar de que eu cheguei na contagem final com muita mais grana, a lunamarx ganhou o leilão final, ficando com 5 obras na sua galeria e pontuando de um jeito insano pela sua carta de Curador. Somado à grana do mercado internacional, rápido vi as moedas de 50 sair da caixa para o bolso dela e a vitória escapar da minha mão.
Alguns pontos que me surpreenderam:
- No inicio do jogo você vê a pilha de bilhetes e acha que são muito poucos para trazer os visitantes para a galeria, mas realmente o jogo tem tantas ações que te dão visitantes de graça que os bilhetes quase viram uma ferramenta secundária. Normalmente você acostuma a guardar eles para dar aquela ajustada de ultima hora no tabuleiro que permita você fazer algumas das ações que requerem uma quantia especifica de visitantes.
- É complicado você melhorar os seus artistas sem que o seu coleguinha não ganhe grana junto com você também. Imagino que isso fica mais notável ainda com mais jogadores. Por outro lado a progressão de custo das obras de arte faz que se você não fica esperto, as tuas opções de compra de arte fiquem bem limitadas pois as obras sobem de preço mais rápido que o cambio do dolar.
- Ações de expulsão são poderosas mas também caras. Com frequência você vai querer recusar o bônus so para não perder a sua influencia (na nossa partida quase não saiu meeple rosa(VIP)).
Em soma, foi um jogo bem legal. Certamente estratégico a pesar das poucas opções de ação disponíveis no tabuleiro. Ficamos com vontade de mais, porem era ja passada a meia noite. Ouvi dizer que os jogos do Vital eram pesados mas não achei particularmente complexo o The Gallerist, com certeza bem mais simples e acessível que o Caçadores ou o Argent que são os outros worker placement da minha coleção.
O design é muito elegante e realmente dá a sensação de estar gestionando uma galeria de arte, pelo que o tema é bem acertado. Não me deu aquela sensação do Waterdeep de que o tema foi colado em cima de uma mecânica genérica.
Resumindo: Acho que a palavra clave aqui é elegante. É um jogo com regras simples mas que envolvem um conhecimento profundo da situação do jogo para maximizar o desempenho. Não tem centenas de regrinhas que abrem exceções às regras. Tudo funciona de forma bem intuitiva e o tabuleiro tem um design que facilita lembrar até das regras mais obscuras.
Talvez o ponto mais confuso é o controle da fama e dos artistas, as vezes fica confuso gestionar que obras são de qual artista e o cubinho branco na trilha de fama não ajuda muito a ver o valor de fama do cara.
A minha nota é um 8. Um jogo excelente que vale a pena ter para qualquer euro-gamer que goste de jogos com um tema interessante.